30 ABR 2024 | ATUALIZADO 18:23
POLÍCIA
Da redação
13/09/2016 07:59
Atualizado
13/12/2018 08:22

Sociedade condena assassino do cinegrafista José Lacerda a 20 anos de prisão

Em julgamento realizado no Salão do Tribunal do Júri Popular no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins, o Conselho de Sentença acatou o pedido do promotor Armando Lúcio Ribeiro
Cezar Alves
O assassino do cinegrafista José Lacerda, da TCM, Silas Domingos de Oliveira, de 27 anos, pegou 20 anos de prisão, em julgamento realizado durante a manhã desta terça-feira, 13, no Salão do Tribunal do Júri Popular do Fórum Desembargador Silveira Martins, em Mossoró.

Veja sentença na íntegra AQUI.

Os trabalhos foram abertos por volta das 8h, com o juiz presidente do TJP Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros fazendo o sorteio entre os jurados dos sente membros do Conselho de Sentença, que terminou composto por 3 mulheres e 4 homens.

Em seguida, o juiz interrogou o réu. Na ocasião, Silas Domingos, que aparentava mancar em função dos ferimentos que sofreu tentando fugir da prisão nesta segunda-feira, 12, confessou o crime, explicando que matou Lacerda porque este reclamou da forma como dirigia.


Em depoimento ao juiz presidente do Tribunal do Júri, Silas Domingos confirmou que matou o amigo Lacerda depois que este reclamou que ele estava praticando direção perigosa.

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Assassino de José Lacerda tenta fugir da prisão um dia antes do julgamento

O promotor Armando Lúcio Ribeiro explicou que acompanha o caso desde o primeiro momento. Inclusive ele ressaltou que ouviu testemunhas e tem plena convicção de que Silas Domingos matou Lacerda de tal forma que não teve chance de defesa e por motivo fútil.

O cinegrafista José Lacerda foi baleado na Avenida Alberto Maranhão, perto do Supermercado Queiroz, no início da noite do dia 16 de fevereiro de 2014. Ainda foi socorrido para o Hospital Regional Tarcísio Maia, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

No relato do promotor de Justiça Armando Lúcio, no dia do crime Silas Domingos, José Lacerda, Silames Rodrigues da Silva e outras duas pessoas, saíram de carro para dar uma volta na cidade. Primeiro passaram num aniversário no Abolição III e depois foram beber no Junior's Bar, no bairro Bom Jesus.

Já no início da noite, Silas Domingos, dirigindo o Gol do pai, se deslocava para suas residências trafegando pela Avenida Alberto Maranhão, fazendo zig zag em alta velocidade.


Lacerda foi morto porque reclamou que Silas estava dirigindo de forma perigosa

José Lacerda, conforme o promotor, praticamente implorou para Silas Domingos dirigir direito o carro, pois ele tinha dois filhos pequenos para criar. Quando chegou perto do Supermercado Queiroz, numa lombada, Silames puxou o revólver e atirou em Lacerda.

Depois desceu do carro, o agrediu com socos e tapas e efetuou mais outros disparos. Seu irmão Silames Rodrigues só assistiu. Poderia ter pedido socorro ou socorrido à vítima, que era amigo deles, e não o fez. Optou por fugir do local do crime.

"O que mais me chocou foi quando Silas chegou em casa e a mulher de Lacerda perguntou pelo marido e ele avisou a ela que estava chegando. Pouco tempo depois a senhora de José Lacerda recebe a notícia que o pai de seus dois filhos estava morto no HRTM", diz Armando Lúcio ao MOSSORÓ HOJE.

Ele repetiu a fala aos jurados.


O promotor Armando Lúcio entendeu que no caso de Silames deveria ser processado por omissão de socorro e pediu o desmembramento do processo para ele ser julgado por outro juiz. Quanto a Silas Domingos restou o Tribunal do Júri decidir pela sentença.

A defensora Pública Fernanda Greyce de Sousa Fernandes defendeu a tese de que Silas Domingos só matou Lacerda porque este o agrediu. Ela também defendeu a tese de que Lacerda teve sim chances de defesa, ou seja, defendia que Silas Domingos fosse condenado por homicídio privilegiado.


Fernanda Greyce argumenta para que o réu Silas Domingos não seja condenado por homicidio duplamente qualificado e, sim, por homicidio privilegiado

Antes de concluir os debates, o promotor Armando Lúcio Ribeiro lembrou que no outro crime de homicídio em que Silas Domingos já é condenado, com processo que transitou em julgado com sentença de 12 anos de prisão, a vítima também era amigo dele.

Veja sentença na íntegra AQUI.

Concluído os debates, que foi assistido por vários amigos de José Lacerda e pai, irmão e mãe de Silas Domingos, o juiz convidou o Conselho de Sentença à Sala Secreta. Os jurados condenaram o réu por homicídio duplamente qualificado.

Conforme os quesitos votados, o juiz Vagnos Kelly aplicou 20 anos de prisão. O réu pode recorrer da sentença, porém preso, pois já está na prisão cumprindo 12 anos de prisão pelo crime de homicídio que cometeu no bairro Aeroporto II, em Mossoró.

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Silas tentou fugir da Penitenciária Agrícola Mário Negócio, em Mossoró, juntamente com outros dois presos, na manhã desta segunda-feira (12), um dia antes do seu julgamento. 

Apesar da tentativa, o trio não conseguiu ir longe e foi alcançado por agentes penitenciários e policiais militares. 

A história de Mahatma Gandhi na África

O promotor Armando Lúcio Ribeiro, durante o julgamento de Silas Domingos, denunciado pela morte do cinegrafista José Lacerda, em 2014, contou a história do Mahatma Gandhi e o filho na África, para deixar claro aos sete membros do Conselho de Sentença que o pai de Silas Domingos, o policial militar Manoel Domingos de Oliveira, não poderia ser penalizado pelos atos do filho. Segue o fala do professor Armando Lúcio Ribeiro em video.

Notas

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