04 MAI 2024 | ATUALIZADO 10:43
POLÍCIA
Josemário Alves
19/09/2016 13:16
Atualizado
13/12/2018 11:50

Julgamento de acusado de matar travesti traz à tona discussão sobre homofobia

Assassinato de Antônio Silvestre, conhecido como "Patrícia", aconteceu no ano de 2014 em Mossoró. O acusado será levado a júri popular na próxima quinta-feira, 22
Valéria Persali
Após quase dois anos do crime que chamou a atenção pela brutalidade em Mossoró, o Tribunal do Júri Popular julgará na próxima quinta-feira (22) o principal acusado pelo assassinato do travesti Antônio Silvestre de Freitas Silva, popularmente conhecido por Patrícia, e também por tentar matar Francisco Neuto de Sousa Demétrio, conhecido por Natália.
 
O crime aconteceu em novembro de 2014, às margens da BR – 304. Patrícia foi morta com várias facadas durante a madrugada, por motivo fútil, segundo a denúncia do Ministério Público. Para a defesa do acusado, o crime foi praticado em legítima defesa, uma vez que as vítimas tentaram lhe agredir com um pedaço de pau.
 
Patrícia, de 35 anos, foi um dos 7 homossexuais assassinados no Rio Grande do Norte no ano de 2014, e um dos 331 em todo o Brasil. Neste ano, já são 4 mortes em decorrência da homofobia no RN, segundo o Observatório da Violência do Estado (OBVIO). Os números assustam, mas mostram uma realidade que poucos conhecem: o preconceito que mata.
 
Segundo a universitária Ana Vitória, coordenadora da Diversidade Sexual da Ufersa (Universidade Federal Rural do Semiárido), o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBT no mundo.
 
“Somos também o 1º lugar no planeta em mortes de mulheres transexuais”, afirma a universitária, que é transexual.
 
Estudo da Grupo Gay da Bahia, a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil, apontou que o país concentra quase metade dos assassinatos homofóbicos de todo o planeta.
 
De 2012 a 2015, foram 1.302 mortes, o que significa dizer que um LGBT é assassinato no Brasil a cada 27 horas.
 
Ana Vitória destaca que o grupo LGBT é historicamente desfavorecido, mas a falta de políticas públicas específicas contribui muito para a manutenção deste tipo de assassinato, entre elas a criminalização da homofobia.
 
“É preciso reconhecer que este tipo de crime não é um simples assassinato motivado pelo preconceito. Também temos que ensinar, desde a base, que a diversidade não é algo negativo, como se prega”, concluiu a universitária.
 

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