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SAÚDE
Valéria Lima e Cezar Alves
25/06/2015 12:20
Atualizado
12/12/2018 21:58

Estamos vendo organizações se consolidando nos presídios do RN

Declaração é do promotor de Justiça Silvio Brito, que comandou Operação "Pedra sobre pedra", nesta quinta (25) em Apodi, Caraúbas e Natal, dando sequência a Operação Alcatraz, de 2014.
Cedida/Márcio Morais

O promotor de justiça que atua na Comarca de Apodi, Silvio Brito, que comandou a "Operação Pedra Sobre Pedra" para combater o tráfico de drogas na região Oeste do RN a partir dos presídios, declarou: "Estamos vendo organizações criminosas se consolidando dentro dos presídios no Rio Grande do Norte, fazendo uso de celulares".

A declaração do promotor faz referência ao Sindicato do RN e ao Primeiro Comando da Capital, que há poucos meses (em março deste ano) ordenaram a realização de motins em 16 das 33 unidades prisionais do Estado, forçando o Governo do RN a pedir ajuda da Força Nacional.

A operação Pedra Sobre Pedra, que se deu nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (25) é uma sequência da Operação Alcatraz, deflagrada no final do ano passado, que teve como objetivo desarticular organizações criminosas instaladas no sistema penitenciário potiguar. Na época, foram cumpridos 320 mandados de prisão.

De acordo com Silvio Brito, o telefone celular é o principal instrumento utilizado pelos presos para comandar o tráfico de drogas dentro e fora dos presídios. "A verdade hoje é que prender o cara não significa tirá-lo de circulação [...] É quando o celular se transforma em arma poderosa para praticar crimes".



O principal alvo da investigação foi o preso José Jocenildo de Morais Fernandes, o caraubense "Nildinho", que está preso no Pavilhão V do Presídio de Alcaçuz, considerado presídio de segurança máxima do RN, localizado em Nísia Floresta, região Metropolitana de Natal. A mulher dele está entre os presos hoje na operação.

Preso em Nízia Floresta, segundo promotor Sílvio Brito, a organização criminosa comandada por "Nildinho" atuava nos municípios de Apodi e Caraúbas.

O preso "Nildinho", apontado como líder de tráfico de drogas, de armas e pratica de assaltos na região Oeste do RN pelo MP, teve o telefone que usava dentro do presídio grampeado.

De acordo com as gravações, o preso atuava através do aplicativo WhatsApp, por onde fazia a comercialização das drogas e armas.

Em uma de suas conversas com um comparsa não identificado, "Nildinho" diz: "Ei, se aparecer uns ferrozinhos (revólver) daquele jeito lá...Aqueles canela lá, eu apanho". Neste caso, o preso estava se referindo a uma arma de fogo.

Em outro momento, o preso fala sobre a chegada de material ao município de Apodi. "Homem, eu tô aqui enjuriado. Ontem eu não mandei um desses vizinho meu que faz avião? Quando chegou em Apodi, os caras não deram um (som)?"

Nos áudios, "Nildinho" chega a discutir com um de seus comparsas sobre o valor da droga comercializada. "Ei, esse ome é doido é?" diz ele. "O que foi?" questiona o outro. "Tá passando aí 1 quilo e 65 gramas, 1 e 135 gramas", diz "Nildindo" e repreende "Preste atenção".

O preso questiona o peso e dá uma bronca no traficante: “Ei, esse homem é doido, é?”, provoca. “O que foi?”, se surpreende o traficante. “Tá passando aí 1 quilo e 65 gramas, 1 quilo e 135 gramas.

O promotor afirma que em Apodi "o principal fornecedor dele talvez seja lá de dentro do presídio, pois não existe nenhuma ligação do investigado para o fornecedor da droga. A compra estava sendo dentro do presídio a outro preso e negociando fora vontratando as "mulas" para transportar e negociar. Ele falava muito em matar e roubar, mas tinha gente para fazer assaltos".

Silvio Brito explica que o esquema de comércio de droga comandado pelos presos é preocupante. "O cara vai se adaptando a realidade onde não funciona a estrutura de polícia. Evitam pegar grandes quantidades. Hoje não pegamos grandes quantidades [...] Se for flagrado com pouco, diz que é consumo próprio. Preocupa muito um preso ter esta força força toda dentro do presídio", esclarece Silvio Brito.

Na operação desta quinta em Apodi foram presas três pessoas que atuavam como "mulas", encarregados de fazer a entrega da droga, entre elas uma mulher, que seria esposa do líder das organizações. Durante a manhã foram cumpridos 13 mandados de prisão e 11 de busca e apreensão em presídos do RN.

Em Caraúbas, que também faz parte do esquema de comercialização de drogas e armas, também foi presa uma mulher envolvida na organização.

As duas serão conduzidas para o CDP do Centro Penal Doutor Mário Negócio em Mossoró. Até o momento investigados com drogas, armas e dinheiro foram apreendidos em Apodi e conduzidos para o Centro de Detenção Provisório (CDP) da cidade. Alguns presos do CDP de Apodi também estão sendo investigados.



Cerca de 100 policais, militares e rodoviários federais, delegados e promotores de justiça se mobilizaram na Operação "Pedra sobre pedra".

O Promotor afirma que a operação foi extremamente positiva para o combate ao tráfigo de drogas e armas no RN. Observa que o trabalho que já vem sendo realizado fez desabastecer o mercado na região de Apodi e Caraúbas. Esta informação foi confirmada pelos próprios traficantes nas escutas.

Silvio Brito aponta que o bloqueio do sinal de celulares nas áreas dos presídios deve ser uma saída pra evitar a utilização dos celulares por parte do preso.

Operação Alcatraz

A operação "Alcatraz" foi deflagrada no dia 2 de dezembro do ano passado e cumpriu 223 mandados de prisão em 15 cidades potiguares e também nos estados da Paraíba, Paraná e São Paulo. Destes, 154 foram contra pessoas já encarceradas.

Ao todo, 161 pessoas já foram denunciadas pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte por suspeitas de crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa – todas elas, segundo as investigações, associadas com duas facções que estariam ditando regras e comandando diversos crimes de dentro dos presídios do estado.



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