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SAÚDE
Da redação
28/07/2015 07:42
Atualizado
13/12/2018 07:51

Estudantes exibem documentário sobre marisqueira em Porto do Mangue

O documentário também terá regravações para Curtas Univesitárias a serem exibidas no Canal Futura
Valéria Lima

O documentário “Mulheres da Lama” produzido pelos estudantes Francisco Bezerra e Francisco das Chagas, sob a orientação do professor Luiz Gomes, da Universidade Federal do Semi-Árido (Ufersa), Mossoró, que conta a história da marisqueira Terezinha de Jesus, foi exibido em Porto do Mangue, no último dia 17 de julho.

A exibição do documentário movimentou a cidade de Porto do Mangue em uma sessão especial montada na quadra poliesportiva da Escola Estadual Professora Josélia de Souza Silva.

O trabalho é uma peça audiovisual do curso de Licenciatura em Educação do Campo – LEDOC da Ufersa que vem evidenciando, na prática, o poder de transformação da educação popular, e tem recebido bastante destaque, inclusive, nacionalmente, prova disso, é que será regravado para o Curtas Universitárias do Canal Futura.

Conheça a história de vida de Francisco Bezerra em A ENTREVISTA, o pau-ferrense de 36 anos que conquistou a fama três vezes.

A iniciativa surgiu de uma atividade em sala de aula, antecipado pela produção de um artigo científico já apresentado e publicado em seis diferentes eventos acadêmicos da área. “Depois que tivemos as aulas e que escrevemos o artigo pensamos na possibilidade de registrar a vida de uma marisqueira em vídeo – no caso, o documentário – para que as pessoas sentissem o dia a dia dessa gente simples”, justifica Bezerra, diretor do doc.

Com esse intuito, dona Terezinha de Jesus, 82 anos, foi convidada a estrelar o documentário homônimo. Natural da cidade de Porto do Mangue, distante a 93 km de Mossoró, dona Terezinha há mais de seis décadas mantém o sustento da família com o marisco extraído do mangue. Mãe de 19 filhos (9 vivos) e viúva de dois maridos, “dona Terezinha enfrentou muitas dificuldades: encarou a fome, o trabalho em condições precárias, os preconceitos de ser mulher, viúva e negra”, defende das Chaga, que assina a produção e roteiro.

O documentário foi exibido pela primeira vez na solenidade de recepção dos estudantes da LEDOC e logo seguiu em turnê por eventos acadêmicos com a temática de Educação Popular e em festivais de documentários e curtas. Já passou na XVII edição do Fórum de Estudos Leituras de Paulo Freire promovido pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Festival de Cinema do Ceará, Festival de Cinema no RJ e em SP, além de outras paradas em João Pessoa e no Rio Grande do Sul.

 A exibição do documentário movimentou a cidade de Porto do Mangue em uma sessão especial montada na quadra poliesportiva da Escola Estadual Professora Josélia de Souza Silva.

SESSÃO PREMIER – Moradores da cidade, familiares, professores e autoridades acadêmicas prestigiaram o evento. “Hoje é uma noite especial para todos nós. Esse documentário é uma forma de também garantir a visibilidade de todos aqueles que ao longo do tempo tiveram seus trabalhos invisíveis. Nessa proposta estamos falando diretamente com eles e não apenas sobre eles”, comentou o professor Luiz Gomes, orientador da iniciativa.

Já a professora Ady Canário, titular da Coordenação de Ação Afirmativa, Diversidade e Inclusão Social – Caadis da Ufersa, destacou a importância do trabalho enquanto uma “iniciativa pedagógica que, por meio da Extensão, permite à Universidade cumprir com seu papel de transformadora de realidades”.

O reitor José de Arimatéa de Matos também participou da noite, recepcionou dona Terezinha de Jesus e, ao dividir a mesa com a anfitriã, destacou o quanto a vida de dona Terezinha é um exemplo de luta contra o preconceito e, sobretudo de luta por direitos. “São os dados que apontam a diferença entre os que tiveram oportunidade e aqueles que vivem à margem.

A Universidade pública deu um salto ao levar ensino superior para o interior do Brasil. Esse feito vai ainda mais longe quando chegamos a Porto do Mangue, por exemplo, e vemos o resultado, na prática, de uma atividade nossa. É a prova de que a Ufersa está arcando com o seu papel social”, pontuou.

“Obrigado!”. De forma simples, mas visivelmente emocionada, dona Terezinha fez questão de agradecer nominalmente a todos. O evento em Porto do Mangue coincidiu com a proximidade do seu aniversário, motivo pelo qual os empresários e convidados presentearam dona Terezinha após a exibição do documentário. Já em antecedência ao filme, a plateia fez um minuto de silêncio em memória às cinco mulheres mortas brutalmente na cidade de Itajaí.

CURTAS UNIVERSITÁRIOS – O projeto com o documentário de Dona Terezinha vai ainda mais longe. A equipe de trabalho do curso da LEDOC inscreveu a proposta no edital de Curtas Universitários 2015 do Canal Futura, em parceria com a Globo Universidade e da Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU).

Entre as 1.600 propostas submetidas em todo Brasil, uma primeira peneira selecionou 130 argumentos criativos, para em seguida fechar um seleto grupo de 20 finalistas, entre eles, o documentário da Ufersa. Todos receberão todo o acompanhamento de profissionais para a gravação de uma peça audiovisual.

O primeiro passo foi dado com a participação em um workshop no Rio de Janeiro. Pesquisa, planejamento e muito cuidado na captação do áudio foram os principais pontos levantados durante os dois dias de atividade. Profissionais do da Globo e do Futura palestraram sobre linguagem  documental e deram orientações quanto à produção das filmagens e à pós-produção das imagens.

“A intenção do edital é fomentar a formação de novos documentaristas”, explica Francisco Bezerra, que agora recebe orientações e acompanhamento em todas as fases do que irá resultar em um novo documentário sobre Dona Terezinha de Jesus. Os 20 filmes selecionados serão exibidos no programa Sala de Notícia, do Canal Futura, e os três melhores ainda serão premiados.

 

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