15 MAI 2024 | ATUALIZADO 12:16
NACIONAL
EDUARDO BRESCIANI - AGÊNCIA O GLOBO
03/01/2019 16:58
Atualizado
03/01/2019 17:01

Secretária da Família do governo Bolsonaro defende projeto apelidado de 'bolsa estupro'

O nome dela foi anunciado pela ministra Damares Alves e Angela já dá expediente na pasta, apesar de seu nome ainda não ter sido publicado no Diário Oficial
A advogada Angela Gandra, nova secretária da Família do governo Bolsonaro
Edilson Dantas / Agência O Globo

Advogada ativista contra o aborto, Angela Gandra Martins assumirá a Secretaria da Família no Ministério dos Direitos Humanos da gestão Jair Bolsonaro e defendeu em entrevista exclusiva ao GLOBO o projeto que prevê um auxílio financeiro para mulheres vítimas de estupro que decidirem não interromper a gravidez, proposta apelidada de "bolsa estupro".

— Teria que ver como viabilizar. Tudo que pode sustentar a vida de alguma forma é interessante. Como o presidente falou, a família vai ser um tema transversal em todos os ministérios, sempre se vai observar se determinada medida fortalece ou não a família. Vai ter que haver um diálogo, uma projeção econômica nesse caso. Mas eu vejo que tudo que viabilize a vida tem que ser bem-vindo — disse Angela.

Ela prosseguiu afirmando que é preciso ter medidas práticas sobre o tema.

— E tem que vir com maneiras práticas também, não só um discurso teórico. Precisamos de políticas públicas que possam ser sustentáveis para a sociedade. Ainda estamos perfilando as diretrizes e as consequências práticas das nossas políticas — complementou a futura secretária.

Defesa da vida desde a concepção

O nome dela foi anunciado pela ministra Damares Alves e Angela já dá expediente na pasta, apesar de seu nome ainda não ter sido publicado no Diário Oficial. Ela se destacou no ano passado ao defender o posicionamento contra a descriminalização do aborto durante audiência no Supremo Tribunal Federal (STF). A futura secretária afirma que o ministério do qual fará parte vai defender a vida desde a concepção. Ela afirma que não deve ser feita exceção na legislação, por decisão do Supremo, nem em relação à mulher que realiza o aborto ilegal.

— O Ministério de Direitos Humanos pode acentuar a criminalização do aborto pela proteção ao primeiro direito do ser humano, que é o direito à vida, sem o qual ele não pode ter outros direitos. A criminalização é só uma forma de acentuar. O que a gente quer é promover a vida — afirmou Angela.

Integrante da União dos Juristas Católicos de São Paulo, ela é irmã do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Filho, e atuava até então como advogada no escritório da família e professora no CEU Law School, instituição fundada por seu pai, o jurista Ives Gandra Martins. Angela afirma que sua atuação religiosa, bem como a da ministra Damares, que é evangélica, não devem ser "sufocadas" na atuação no governo, mas também não podem ser "impostas" por meio de políticas públicas.

— Estado laico não é estado ateu. A política pública é humana e a religiosidade também. Tudo vai unido. Não vai ser imposta uma maneira de pensar. É um traço que une as pessoas, pensar que se tem uma liberdade religiosa, que não precisa sufocar porque o estado é laico, mas às vezes se entende como ateu. Não se precisa sufocar uma vertente religiosa, mas o que importa é que não se imponha uma e se respeite todas as maneiras — disse Angela.

Questionada se haverá políticas LGBTI dentro de sua secretaria, ela afirma que buscará "acolher a todas as situações humanas" e que não há intenção de se estabelecer uma definição do que é família.

— Foi bonito o que a ministra falou, que tem uma filha adotiva e isso é uma família. A família é essa vida em comunidade. A gente não está partindo de definições. A gente está partindo de estruturas onde as pessoas vivem em comum. Nossa preocupação é fortalecer as relações humanas, mais do que definir conceitos — afirmou.

Angela diz que as diretrizes da sua secretaria são "a projeção social e economia da família a partir do equilíbrio entre família e trabalho; o acolhimento, onde entra adoção, o deficiente na família, o idoso, o fortalecimento dos vínculos familiares; e a solidariedade intergeracional".


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