O apoio ao presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro, despencou em apenas quatro meses, entre eleitores com renda mensal de até dois salários mínimos. A maior queda ocorreu nas capitais e na região Nordeste. Os eleitores de Bolsonaro manifestam ainda incômodo com interferência dos filhos no governo e com o despreparo do presidente.
Os dados foram compilados em análise do jornal O Estado de S.Paulo com base nas pesquisas do Ibope. Nordestinos e eleitores com baixa escolaridade e renda estão entre os que mais rechaçam Bolsonaro. E entre os que apoiavam o capitão em um desses segmentos, "boa parte já pulou do barco". O Brasil urbano, sobretudo as capitais, onde se concentra a maioria esmagadora da população, registrou omais forte movimento de perda de apoio de Bolsonaro. Além disso, o movimento foi mais forte nas capitais.
"Segundo Márcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope Inteligência, Bolsonaro chegou a ganhar, logo depois da posse, um 'voto de confiança' significativo mesmo em setores que, na eleição presidencial, penderam majoritariamente para Fernando Haddad (PT), como os mais pobres e os nordestinos", registra o Estado de S.Paulo. Mas, nesses segmentos "a identificação com Bolsonaro é mais frágil", observa Cavallari. "A partir do momento em que o governo passa pelos primeiros desgastes, essa população manifesta seu descontentamento de forma mais rápida."
Um dado significativo é que na região Nordeste, "de cada dez eleitores que consideravam o governo bom ou ótimo, quatro já mudaram de ideia. No Sudeste e no Sul, esse movimento também se observa, mas com menor intensidade: três e dois de cada dez, respectivamente, já deixaram de manifestar aprovação", informa o Estado de S.Paulo, destacando ainda que o descontentamento é cada vez maior nas faixas de renda mais baixas e nas capitais.
Em outra matéria, o Estado de São Paulo destaca o incômodo que os filhos e o despreparo de Bolsonaro despertam em seus eleitores.
"O que tem incomodado o apoiador de Bolsonaro é a participação dos filhos no governo", aponta o jornal, que destaca ainda a queda da confiança pessoal no presidente, de 62% para 51%.