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ESTADO
07/08/2019 08:42
Atualizado
10/08/2019 21:11

Acabou o soro que corta o efeito do veneno da jararaca no HRTM

Com média de 15 atendimentos de pessoas picadas por cobras, o HRTM está sem o soro que corta os efeitos do veneno da serpente; Veja reportagem completa, com dicas de como evitar picadas de cobras, especialmente a jararaca
Hospital Regional Tarcísio Maia, em Mossoró, que atende média de 15 pessoas por mês vítimas de picadas de cobra, já não tem mais disponível o soro que corta o efeito do veneno da jararaca (foto)

No início, acreditava que fosse apenas uma lesão causada por espinhos. Mas quando chegou em casa, na noite deste terça-feira, dia 30 de julho, Antônio Lino da Costa, de 55 anos, começou a sentir dores, febre, vômito escuro e passou a desconfiar que não era furos de espinho e sim, possivelmente, uma picada de cobra jararaca.  

"A preocupação foi grande", conta Fabiana Aires Saldanha, mulher de Antônio Lino. Na quarta-feira, dia 31, Fabiana Aires disse que só então o marido Antônio Lino foi levado para Pau dos Ferros, onde os médicos constataram que se tratava de picada de cobra. Ele tomou a dose do soro para cortar o efeito do veneno quase 24 horas depois.

Era um pouco tarde. O veneno da cobra já havia afetado os rins e várias outras partes do corpo. Antônio Lino está internado em estado muito grave no Hospital Regional Tarcísio de Vasconcelos Maia, em Mossoró, tomando sangue e passando pro sessões de hemodiálise.

Assim como Antônio Lino, tem outro paciente, de 57 anos, de Areia Branca, também picado por cobra jararaca semana passada e infelizmente não conseguiu resistir. Morreu nesta segunda-feira, 6. Antônio Lino e o cidadão de Areia Branca, ainda encontraram a dose de soro que corta os efeitos do veneno da jararaca. No caso deles, o quadro se agravou devido ao tempo que demorou para procurar ajuda média.

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Segundo a diretora geral do Hospital Regional Tarcísio Maia, Herbênia Ferreira, quanto mais rápido o cidadão tomar o soro, menos serão os danos no corpo em função da picada da cobra. O professor doutor Carlos Iberê Alves de Freitas, da UFERSA, também alerta que uma vítima vítima de picada de cobra é se deslocar imediatamente para o hospital de referência, que tenha o soro que corta os efeitos do veneno da cobra.

E o número de pessoas picadas em Mossoró e região é muito alto. Só no Hospital Regional Tarcísio atendeu, em 2019, 86 atendimentos de pessoas picadas de cobras, mais de 95% dos casos, jararaca.

O professor doutor Carlos Iberê Alves de Freitas, da UFERSA, disse a Jaracara é a recordista de aparecimentos na região. Destacou que a Jararaca não é a mais perigosa. No caso, as que tem o veneno mais letal é a cobra coral e a cascavel. 

Pesquisador destacou que não existe outro caminho para salvar a vida de quem é picado por cobra diferente de usar o soro para cortar os efeitos do veneno da cobra. E aí, onde está o grande problema e não é local e nem estadual. É nacional. Os soros que cortam os efeitos do veneno das cobras não estão mais sendo fabricados na quantidade necessária.

Segundo a diretora geral do Hospital Regional Tarcísio Maia, Herbenia Ferreira, no Rio Grande do Norte já está havendo um racionamento das doses de soros disponíveis no Rio Grande do Norte, principalmente para picadas de jararacas. "Ainda temos para outros tipos de cobras, como coral e cascavel, mas já está quase no final", destaca a diretora Herbenia Ferreira.


"As poucas doses que temos ficam em hospitais estratégicos, como Giselda Trigueiro (Natal), Hospital Regional do Seridó (Caicó), Hospital Regional Tarcísio Maia (Mossoró) e no Hospital Regional Cleodon Carlos Bezerra, de Pau dos Ferros", explica o farmacêutico João Inácio, do Hospital Regional Tarcísio. "Se precisar hoje, teremos que ir buscar em Pau dos Ferros", diz.

Muito provavelmente vai precisar. Os números apontam crescimento nos ataques de cobras na região nos meses de maio, junho, julho e agosto.

Janeiro – 5

Fevereiro – 9

Março – 12

Abril – 7

Maio – 15

Junho – 20

Julho – 15

Agosto (5) – 3

O professor doutor Carlos Iberê Alves de Freitas, da UFERSA, disse que neste período do ano, como houve inverno mais intenso, as áreas onde elas (jaracaras) se refugiam, certamente ficaram alagadas e elas saíram para se alimentar em áreas afastadas.


Como não ser picado por cobras


O professor disse que ao avistar uma cobra, o cidadão deve se afastar imediatamente, seja ela venenosa ou não. Explica que nos casos das venenosas, se afasta para não ser picado e terminar sem ter o soro para sobreviver. No caso das cobras não venenosas, estas geralmente se aproximam das áreas residenciais para se alimentarem. "Comem cobras venenosas e ratos".

Carlos Iberê Alves recomenda também não caminhar, sem botas de cano longo, nas áreas de vazantes ou baixios. Sem a intenção, a pessoa pode pisar na cobra, que se aproximada destas áreas para se alimentarem, e ela morte para se defender. As jararacas e cascavéis ficam refugiadas em troncos de arbustos ou pequenas cavidades.


Campanha de conscientização da população

A diretora da II URSAP, Emiliana Bezerra, conversou com a diretora geral do Hospital Regional Tarcísio Maia, Herbenia Ferreira. As duas acertam que vão realizar uma campanha de conscientização da população para ter o máximo de cuidado possível para não terminar picados por cobras. "Não temos o soro para salvar estas pessoas", diz Herbênia Ferreira.

Herbenia Ferreira destacou que se chegar outro paciente, além dos três que já estão internados em estado grave no, o Hospital Regional Tarcísio Maia não tem o soro para cortar os efeitos do veneno. A única saída é pegar emprestado do Hospital Regional de Pau dos Ferros, que também já está sem. "A situação é muito preocupante.


Laboratórios estão se adequando a novas exigências da Anvisa


O farmacêutico João Inácio disse que os laboratórios que fabricam os soros que cortam o veneno das cobras estão em processo de readaptação para atender as exigências da Anvisa.

Várias pessoas entrevistadas pelo MOSSORÓ HOJE não souberam informar quando que o Governo Federal vai poder reabastecer os hospitais com os soros.

João Inácio e Herbenia Ferreira destacam que é preciso, por enquanto, que o cidadão tenha o máximo de cuidado possível ao sair de casa para entrar no mato. "Melhor evitar", diz.

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