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NACIONAL
COM INFORMAÇÕES DO G1
20/04/2020 08:35
Atualizado
20/04/2020 09:29

Em discurso, Bolsonaro incita manifestantes que pedem volta da ditadura

"Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil”, disse o presidente para dezenas de simpatizantes se aglomeraram para ouvi-lo, neste domingo (19), contrariando as orientações da de isolamento social da OMS. Antes da fala de Bolsonaro, manifestantes gritavam "Fora, Maia", "AI-5", "Fecha o Congresso", "Fecha o STF", palavras de ordem ilegais, inconstitucionais e contrárias à democracia.
Em discurso, Bolsonaro incita manifestantes que pedem volta da ditadura. "Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil”, disse o presidente para dezenas de simpatizantes se aglomeraram para ouvi-lo, neste domingo (19), contrariando as orientações da de isolamento social da OMS.
FOTO: REPRODUÇÃO

O presidente Jair Bolsonaro discursou neste domingo (19) durante um ato em Brasília que defendia uma intervenção militar, o que não está previsto na Constituição.

Dezenas de simpatizantes se aglomeraram para ouvir o presidente, contrariando as orientações da de isolamento social da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar a propagação do coronavírus.

Durante o discurso, Bolsonaro tossiu algumas vezes, sem usar a parte interna do cotovelo, conforme orientação das autoridades sanitárias.

Do alto de uma caminhonete, Bolsonaro disse que ele e seus apoiadores não querem negociar nada e voltou a criticar o que chamou de "velha política".

"Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção, têm que ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder."

Foi a maior aglomeração provocada por Bolsonaro desde o início da adoção de medidas contra a pandemia no Brasil. Na véspera, ele já havia falado para manifestantes que se concentraram em frente ao Palácio do Planalto.

Antes da fala de Bolsonaro, manifestantes gritavam "Fora, Maia", "AI-5", "Fecha o Congresso", "Fecha o STF", palavras de ordem ilegais, inconstitucionais e contrárias à democracia.

O Ato Institucional número 5 (AI-5) vigorou durante dez anos (de 1968 a 1978), no período da ditadura militar, e foi usado para punir opositores ao regime e cassar parlamentares.

O presidente fez o discurso em frente ao Quartel-General do Exército e na data em que é celebrado o Dia do Exército. Os manifestantes também pediam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Pouco depois, ele postou em uma rede social um trecho do discurso em que diz aos manifestantes:

"Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil."

Alguns apoiadores do presidente carregavam faixas pedindo "intervenção militar já com Bolsonaro". As faixas tinham o mesmo padrão e pareciam ter sido feitas em série.

Bolsonaro afirmou aos simpatizantes que todos os políticos e autoridades "têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro".

"Todos no Brasil têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro. Tenho certeza, todos nós juramos um dia dar a vida pela pátria. E vamos fazer o que for possível para mudar o destino do Brasil. Chega da velha política", afirmou.

Bolsonaro disse aos manifestantes que podem contar com ele "para fazer tudo aquilo que

for necessário para que nós possamos manter a nossa democracia e garantir aquilo que há de mais sagrado entre nós, que é a nossa liberdade".

O QUE DISSE RODRIGO MAIA

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), publicou uma mensagem na qual repudia "todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição".

Sem mencionar Bolsonaro, Rodrigo Maia afirmou que "defender a ditadura é estimular a desordem", é "flertar com o caos".

Segundo o presidente da Câmara, é "o Estado Democrático de Direito que dá ao Brasil um ordenamento jurídico capaz de fazer o país avançar com transparência e justiça social".

Maia disse que, para vencer a "guerra contra o coronavírus", é preciso haver "ordem, disciplina democrática e solidariedade com o próximo".

Ele ressaltou que "pregar uma ruptura democrática" diante das mortes ocorridas em razão da doença, "é uma crueldade imperdoável com as famílias das vítimas e um desprezo com doentes e desempregados".

Segundo o presidente da Câmara, não há tempo "a perder com retóricas golpistas".

Para Maia, no Brasil, é preciso lutar contra o coronavírus e "o vírus do autoritarismo". "É mais trabalhoso, mas venceremos", afirmou.


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