25 ABR 2024 | ATUALIZADO 16:17
MOSSORÓ
ANNA PAULA BRITO
25/06/2020 16:08
Atualizado
25/06/2020 16:13

Pacientes pedem que prefeitura disponibilize teste da Covid-19 no Hospital do Rim

Os relatos dos pacientes renais crônicos de Mossoró dão contas que muitos que dependem da hemodiálise estão apresentando sintomas da doença, mas além de não terem condições de se locomover até uma UPA, têm medo de não estar realmente com a Covid e acabarem sendo contaminados no local.
FOTO: REPRODUÇÃO

Os paciente renais crônicos que dependem do serviço de hemodiálise no Hospital do Rim de Mossoró estão pedindo que a Prefeitura disponibilize a realização de testes da Covid-19 no próprio hospital, sem necessidade de deslocamento deles até a UPA.

Em contato com o MOSSORÓ HOJE, eles explicaram que no local já há diversos pacientes confirmados com a doença, já tendo até ocorrido óbitos, além de casos suspeitos.

O HM é particular, mas atende paciente por meio de parceria com o SUS. Hoje, há uma média de 200 pacientes realizando hemodiálise lá, sendo metade da cidade de Mossoró e a outra parte que vem de cidades vizinhas.

No local, segundo apurado pelo MOSSORÓ HOJE, há já tem 15 pacientes suspeitos de Covid-19, 17 confirmados e outros 6 que já morreram em decorrência de complicações causadas pela doença.

Os paciente renais crônicos têm prioridade para realização dos testes para detecção da doença, o problema é que muitos deles dependem de uma carro fornecido pela prefeitura para levá-los até o HR, não tendo, portanto, condições de se deslocar até a UPA.

Outros, mesmo tendo transporte próprio, sentem medo de ir e, mesmo não se confirmando o diagnóstico, acabarem sendo contaminados durante a ida ao local, seja pela Covid ou por outra doença.

Caso teste fosse realizado no próprio HR, como é requerido pelos pacientes, evitaria a exposição desnecessária dessas pessoas, bem como seria mais fácil para a equipe do local realizar a triagem dos pacientes e separá-los por salas.

Veja mais:

Pacientes renais estão mais propensos a sofrerem complicações da Covid-19

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Júlio Cezar Florencio Freire, paciente do HR, explica que é muito urgente a liberação de testes no local, visto que evitaria a exposição desnecessária de tantas pessoas que já têm a saúde debilitada.

Explica que seria muito mais fácil a prefeitura disponibilizar os testes no HM, para que a própria equipe pudesse aplicá-los naqueles pacientes que estão com suspeita.

“Estamos precisando demais dos testes lá. Há muitos suspeitos, ninguém sabe ao certo se eles possuem a doença e todos nós somos do quadro de risco. O medo é justamente esse, da gente pegar. Eles tentam separar lá, separaram a princípio uma sala para os casos suspeitos e confirmados e agora estão separando uma ala inteira, porque é muita gente”.

Ele explica que a equipe do hospital tem feito a parte dela para evitar o contato entre pacientes suspeitos, confirmado e os que não apresentam sintomas. Mesmo assim, sem a realização do teste não há como essa triagem ser efetivamente viável.

Júlio também conta que um outro problema está relacionado ao transporte dos pacientes de Mossoró. Como citado anteriormente, alguns dependem de uma carro disponibilizado pela prefeitura para ir realizar a Hemodiálise.

Como existe apenas um transporte, não está sendo possível manter o distanciamento entre os pacientes. Além disso, os que estão apresentando o sintoma da doença, não estão tendo como se deslocar, pois não foi disponibilizado outro transporte para essas pessoas.

A paciente Áurea Dias conta que chegou a presenciar uma situação constrangedora, pois um paciente teve que se retirar do veículo por estar apresentando febre.

“Eu entendo que deveria ter havido uma comunicação desse paciente com a equipe do hospital informando que tinha um sintoma, que inclusive podia nem ser Covid, mas foi muito constrangedor vêl-lo sendo convidado a sair do veículo”, disse.

O MOSSORÓ HOJE apurou com uma terceira fonte que preferiu não ser identificada que um paciente idoso, com suspeita da doença ficou no local sem ter como voltar pra casa, pois dependia do transporte da prefeitura e não foi levado de volta. Foi preciso alguns pacientes fazem uma cota para ajudá-lo a paga um mototáxi que o levasse para casa.

Áurea ainda explica que, suspeitos ou confirmados, os pacientes não podem deixar de fazer o procedimento, que deve ser realizado 3 vezes por semana, por um período de 4h.

“É uma obrigação que nós temos de sair, inclusive tem paciente que fica tão assustado com os riscos dessa doença se dá ao “luxo” de deixar de faltar a algumas sessões. Digo “luxo” porque não podemos perder um dia sequer de hemodiálise ou acumulamos muito líquido, além do risco de outros problemas que podem ocorrer”.

Sobre o transporte, ela conta que tem transporte próprio e não depende do transporte da prefeitura, mas se coloca no lugar dos colegas que precisam dele para fazer o procedimento.

Diz que, infelizmente, para eles não existe a opção de ficar em isolamento total, toda semana é preciso sair pelo menos 3 dias. Então mesmo os que foram detectados com a doença ou os suspeitos precisam que esse transporte ocorra e que a prefeitura precisa se posicionar sobre o assunto.

“A gente não tem a opção de ficar em casa, a gente tem que ir todas semanas pra passar 4 horas na diálise”.

Quando ao exame no local, explica que seria muito importante para todos, visto que seria uma forma de se sentirem um pouco mais seguros no local.

“Eu uso máscara e touca para proteger os cabelos e não trazer pra casa. Também levo meu próprio álcool gel. O hospital fornece tudo isso para quem não levar, mas mesmo assim eu fico mais tranquila tendo tudo meu. O teste seria o que nos deixaria realmente tranquilos para fazer o procedimento sem medo de estar ao lado de alguém com a doença”, disse.

O MOSSORÓ HOJE entrou em contato com a prefeitura para saber se existe alguma possibilidade de esses testes serem disponibilizados para os pacientes no local.

A informação que recebemos foi que todos os pacientes que sejam do quadro de risco epidemiológico e que apresentem os sintomas da Covid-19 devem procurar uma unidade de pronto atendimento, apresentar a documentação e realizar o teste.

Neste caso, foi descartada a possibilidade de envio dos testes para o Hospital do Rim, sendo necessária, realmente, a locomoção do paciente até uma UPA.

Ainda não obtivemos resposta sobre a questão do transporte.


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