A taxa de desemprego caiu para 13,9% no quarto trimestre, depois de atingir 14,6% no trimestre anterior. Com isso, a taxa média de desocupação em 2020 foi de 13,5%, a maior desde 2012.
Isso significa que cerca de 13,4 milhões de pessoas estão sem trabalho no País, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira, 26, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"A necessidade de medidas de distanciamento social para o controle da propagação do coronavírus paralisaram temporariamente algumas atividades econômicas, o que também influenciou na decisão das pessoas de procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas ao longo do ano, um maior contingente de pessoas voltou a buscar uma ocupação, pressionando o mercado de trabalho”, disse a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
No intervalo de um ano, a população ocupada caiu para 7,3 milhões de pessoas, chegando ao menor número da série anual.
“Saímos da maior população ocupada da série, em 2019, com 93,4 milhões de pessoas, para 86,1 milhões em 2020. Pela primeira vez na série anual, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no País. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%”, informou Adriana.
Essa queda da ocupação foi disseminada por todos os trabalhadores. O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (fora trabalhadores domésticos) teve redução recorde em um ano de 2,6 milhões, recuo de 7,8%, ficando em 30,6 milhões de pessoas. Os trabalhadores domésticos (5,1 milhões) também tiveram a maior queda já registrada, de 19,2%.
Houve também redução de 1,5 milhão de pessoas entre os trabalhadores por conta própria, que somaram 22,7 milhões, uma retração de 6,2% em relação a 2019.
O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (9,7 milhões) caiu 16,5%, menos 1,9 milhão de pessoas. Até o total de empregadores recuou 8,5%, ficando em 4,0 milhões.
A taxa de informalidade passou de 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020, o que representa 33,3 milhões pessoas sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores sem remuneração.
Os desalentados, aqueles que desistiram de procurar trabalho devido às condições do mercado, somaram a 5,5 milhões de pessoas 2020, uma alta de 16,1% em relação ao ano anterior.
“Com os impactos econômicos da pandemia, muitas pessoas pararam de procurar trabalho por não encontrarem na localidade em que vivem ou por medo de se exporem ao vírus. Durante o ano de 2020, observamos que a população na força de trabalho potencial cresceu devido ao contexto. Esse processo causado pela pandemia, somado às dificuldades estruturais de inserção no mercado de trabalho, podem ter reforçado a sensação de desalento”, afirmou a analista da pesquisa.
Em um ano de perdas generalizadas, a exceção entre as atividades foi a administração pública, que cresceu 1%, com mais 172 mil trabalhadores, impulsionada pelos segmentos de saúde e educação.
Construção fechou 2020 com perda de 12,5% na ocupação, seguido de comércio (9,6%) e indústria (8,0%).
Os serviços foram os mais afetados, com destaque para alojamento e alimentação (21,3%) e serviços domésticos (19,0%). Outros serviços reduziram 13,8% e transportes, 9,4%. Os menores percentuais ficaram com agricultura (2,5%) e informação e comunicação (2,6%), que, inclusive, interrompeu três anos seguidos de crescimento da ocupação.
QUEDA NO DESEMPREGO NO QUARTO TRIMESTRE
No último trimestre de 2020, a taxa de desocupação caiu para 13,9%, depois de atingir 14,6% no terceiro trimestre, encerrado em setembro, o maior patamar já registrado na comparação trimestral.
“O recuo da taxa no fim do ano é um comportamento sazonal por conta do tradicional aumento das contratações temporárias e aumento das vendas do comércio. É interessante notar que mesmo num ano de pandemia, o mercado de trabalho mostrou essa reação”, explicou a analista da pesquisa.
Nos últimos três meses do ano foi registrado aumento na ocupação em quase todos os grupos de atividades: agricultura (3,4%), indústria (3,1%), construção (5,2%), comércio (5,2%), alojamento e alimentação (6,5%), informação e comunicação (5,8%) outros serviços (5,9%), serviços domésticos (6,7%) e administração pública (2,9%). Apenas transporte ficou estável.