O cenário ficou tenso em Brasília-DF após a entrevista do técnico do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, irmão do deputado federal Luis Miranda, do DEM –DF, dizendo que alertou, com documentos, o presidente Jair Messias Bolsonaro, das suspeitas de superfaturamento em até 1000% na compra das vacinas da Covaxin, da Índia.
Miranda era aliado político de Bolsonaro e diz que levou o caso da Covaxin ao presidente porque a plataforma politica que o elegeu era a mesma do presidente: combate a corrupção. Acreditava que ao levar o caso ao presidente, a situação seria investigada pela Policia Federal e a corrupção não ocorreria. Só que os contratos de compra da vacina Covaxin superfaturada e sem autorização da Anvisa foi efetivada mesmo assim.
Além do contrato assinado as presas comprando 20 milhões de doses da Covaxin por 1,6 bilhão, Ricardo Miranda denuncia que estava havendo forte pressão para que o governo federal pagasse, antecipado, pelo menos 45 milhões de dólares. A empresa que estava comprando as vacinas trabalha com vacinas para gado.
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O deputado Luis Miranda fez pronunciamento nesta quarta-feira, 23, dizendo que está se sentindo ameaçado de morte e que vai pedir segurança de vida para ele o irmão. A CPI da covid19 já convocou o irmão dele Ricardo Miranda para prestar depoimento nesta sexta-feira, dia 25. O ministro Onyx Lorenzone lançou duras ameaças contra os dois irmãos.
O presidente Jair Messias Bolsonaro, que está previsto de desembarcar em Mossoró de 9h30 da manhã desta quinta-feira, 24, já usou as redes sociais para dizer que mandou a Policia Federal investigar o deputado Luis Miranda e o irmão dele Ricardo Miranda. O presidente afirma que os dois falsificaram os documentos apresentados.
Em outra decisão judicial, que também irritou o grupo político ligado ao presidente Bolsonaro foi a que confirmou a decisão do Supremo Tribunal Federal tornando o juiz Sérgio Moro imparcial para julgar os processos que condenaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nos processos da Lava Jato. Lula também foi absolvido esta semana no caso Zelotes. Na prática, dos 17 processos contra o ex-presidente, ele venceu em 14.
O estresse do governo Bolsonaro tende a esquentar ainda mais nesta quinta-feira, com a convocação de mais nomes próximo ao governo para prestar depoimento na CPI da Covid19 no Congresso Nacional. Na lista, o ex-secretário executivo do Ministério da Cidadania Antônio José Barreto de Araújo Junior, ligado a Onyx Lorenzoni. Barreto ocupa atualmente o posto de vice-presidente do Banco Central por indicação de Lorenzoni.
Entre os membros da CPI da Covid19, os senadores acreditam que o presidente Bolsonaro está envolvido diretamente nos escânda-lo. Para Randolfo Rodrigues, o caso Covaxin explica porque o Brasil não tem vacinas, as melhores vacinas. Afirma que o caso é muito grave e que não como membro da CPI não esperava chegar neste ponto.
Para contornar a crise em Brasília, o governo federal aposta em ameaças (Onyx Lorenzoni) e no uso da Policia Federal (o próprio presidente) para investigar o deputado e o irmão que apresentaram os documentos envolvendo o presidente diretamente no escânda-lo da Covaxini. Nesta quinta-feira, 24, e sexta-feira, 25, serão tensos em Brasília.