19 ABR 2024 | ATUALIZADO 14:30
MOSSORÓ
Cezar Alves
25/09/2021 09:54
Atualizado
25/09/2021 10:04

A vida profissional do extraordinário radialista Martins Coelho, 45 anos no ar

Martins Coelho se desligou a Rádio Difusora há poucas semanas e deve está em um novo prefixo nos próximos dias. Nesta entrevista, em vídeo, Martins Coelho conta, com muito bom humor, que ingressou no rádio mossoroense em 1967, a convite do padre Alfredo Simonet e depois com o Padre Américo Simonet, que ele diz que foi um verdadeiro professor.
Martins Coelho se desligou a Rádio Difusora há poucas semanas e deve está em um novo prefixo nos próximos dias. Nesta entrevista, em vídeo, Martins Coelho conta, com muito bom humor, que ingressou no rádio mossoroense em 1967, a convite do padre Alfredo Simonet e depois com o Padre Américo Simonet, que ele diz que foi um verdadeiro professor.
Foto: Carla Albuquerque

O radialista Martins Coelho (Valdemir Martins da Costa, de 72 anos), deve estrear num novo prefixo (rádio), em Mossoró-RN, nos próximos 30 dias.

O extrovertido radialista recebeu a equipe do MH em sua casa no bairro Planalto 13 de Maio, em Mossoró-RN, para falar sobre sua carreira profissional.

Martins Coelho está no ar há 45 anos, com seu programa musical, recheado de tiradas engraçadas. Começou na Rádio Rural, passou pela Tapuio (hoje RPC), Libertadora e por último na Difusora.

Teve por um curto espaço de tempo em duas rádios no Estado do Goiás, mas não gostou de ficar longe dos amigos, arrumou as malas e veio embora para Mossoró.

Em vídeo, Martins Coelho conta como ingressou no rádio no ano de 1967. É natural de Aracati-CE e havia vindo para Mossoró para fabricar colchões de mola  e de espuma para CredLar.

Aqui em Mossoró, num tempo em que Av. Presidente Dutra ainda era de terra batida, tinha dois caminhos: cair na bebedeira com os amigos aos sábados ou frequentar a missa.

Martins Coelho escolheu frequentar a missa da Igreja do Alto São Manoel. Lendo as mensagens, o Padre Alfredo Simonete percebeu que a voz dele era boa para o rádio.

Fez o convite, que foi aceito. Em pouco tempo, Martins Coelho conta que já estava lendo o noticiário da Rádio Rural de Mossoró, com enorme audiência no Oeste do RN.

Everi Costa foi o seu primeiro instrutor no rádio.


Na década de setenta, Martins Coelho acompanhou a esposa Maria José e foi morar e trabalhar no Goiás. Esteve com seu estilo alegre nas rádios Ananguera e Brasil Central.

Mais ou menos 4 meses depois, Martins Coelho disse que arrumou as coisas e veio embora. “Meus amigos estavam todos em Mossoró. Sentir saudades”, diz o locutor.

O seu melhor momento do rádio Mossoroense foi na Rádio Rural. “Melhor momento foi na Rádio Rural, minha escola e faculdade”, destaca o locutor Martins Coelho.

Lembra com bom humor o programa de maior audiência no Rádio, a Hora da Coalhada, “que hoje é soro, mas pode melhorar (sua famosa gargalhada). Eu também fazia a Rural e o Sertão”, lembra.

“O padre Américo foi um verdadeiro professor”...


Com uma veia natural para o humor e uma voz marcante, Martins Coelho conta duas histórias que causou grande repercussão em Mossoró no dia da mentira, primeiro de abril.

A primeira ele inventou que havia objeto luminoso, tem umas pessoas com um metro e quinze de altura e que a polícia já havia amarrado um com cabo de aço na ponte, no Centro de Mossoró.

Em poucos minutos já havia muita gente na ponte, procurando o ET, que não existiu. Martins Coelho disse que tentou dizer que era  pegadinha do dia 1 de abril, mas era tarde.

A reação do ouvinte com a mentira: “Chegou um e perguntou se eu era viado e eu respondi perguntando, ainda não, porque? Quer que comece quando?”, reagiu o radialista ao ouvinte revoltado.

Recebeu uma bronca do padre Américo e a recomendação para não se repetir tal ato, mas no ano seguinte ele fez pior, mas garante que foi sem a intenção. "Foi inocente", diz.

Ele inventou que um mossoroenses havia comprado uma carrada de arroz no Maranhão e quando o legume chegou em Mossoró havia ocorrido uma discordância no preço.

Daí o motorista do caminhão estava doando o arroz para voltar carregado com sal para o Maranhão. Rapidamente uma multidão se formou na Praça Antônio Vigário Joaquim atrás do arroz.

Martins Coelho disse que ainda divulgou que era primeiro de abril, mas as pessoas não escutaram. Queriam era pegá-lo na porta da rádio. Ele saiu escondido pela porta dos fundos.

A pegadinha enganou até o bispo, que chegou a propor a Martins Coelho que guardasse uns 6 sacos de arroz para o abrigo. Martins disse que informou ao bispo que era uma brincadeira.

"Fui perdoado pelo bispo", mas não por Padre Américo, que o demitiu. Depois o bispo interferiu e ele continuou no programa. “Estas histórias contam até hoje”, ressalta.

“Eu ia num Fusca, num tempo que era carro, para Tibau...


Na década de setenta, Martins Coelho fala que a música transmitida no rádio era tocada ao vivo. Passavam uma mensagem positiva, alegre. Lembra que nesta época a música preferida do público era o forro pé de serra.

Lembra que esteve com Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Trio Nordestino, Nelson Ned, Carmem Silva, Jerry Adriano, Sivuca, Nelson Gonçalves, Genival Lacerda, Falcão, Caçula Benevides, entre outros, que abrilhantaram a programação da Rádio Rural de Mossoró-RN.

“Você parece uma brasa, toda vez que sai de casa”, canta Martins Coelho.


O radialista destacou que o rádio começou a declinar quando a direção das rádios foi perdendo qualidade. Elogiou a postura do padre Américo Simonet como gestor. disse que era fenomenal.

“Do rádio, eu fiz tudo, até raiva”, brinca Martins Coelho, passando a narrar um batido que recebeu do padre Américo Simonet dentro do stúdio da Rural e que nunca mais esqueceu.


“A palavra fere muito”, diz o experiente Radialista, se mostrando que está muito decepcionado com as administrações das rádios, que não se preocupa mais com  seus  servidores.

Disse que em Mossoró, se tivesse que fazer tudo de novo, não faria. Sobre a música, Martins Coelho disse que perdeu a essência. “Não temos mais Maurício Reis, Genival Santos”... entre outros autores que ele classifica como espetaculares.


Reclama da música atual e a mensagem que passa aos jovens. Disse que está muito preocupado com as baladas. “Hoje não se vai pra uma festa para sentir o cheiro no cangote” como antigamente.

"Havia muita música bonita, mas hoje é tudo duplo sentido e imoralidade na música". Martins Coelho disse que não é mais possível resgatar a essência do rádio de antigamente, porém é possível fazer um rádio com honra e respeito ao ouvinte.

“Existe certas coisas no rádio que não volta mais...”


Sobre a saída da Rádio Difusora, depois de 27 anos de trabalho, Martins Coelho preferiu não comentar. Disse que tem um grande respeito na Rádio Rural para onde espera voltar.

“Eu estou livre e de cabeça erguida. O que mais tenho orgulho é de ser honesto”, diz Martins Coelho, lembrando que a maior vitória da vida é respeitar o ouvinte.



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