Com o aumento do preço dos combustíveis (24,9% do diesel em março e o acumulado do ano já se aproxima de 30%), fez com que transporte público aumentasse o preço das passagens em todo o País (veja lista abaixo).
No Brasil, o impacto já está sendo sentido na prática, em diversas capitais, desde o início de março. São mais de 43 milhões de brasileiros que precisam do transporte público para deslocamentos diários, principalmente para trabalhos e estudos.
A Associação Nacional das Empresas de Transportes Públicos (NTU), que reúne as empresas de ônibus urbanos e metropolitanos de todo o País, reagiu a mais um aumento do óleo diesel na segunda quinzena de março.
“O Brasil precisa de uma nova política de preços para os combustíveis, que traga previsibilidade aos agentes econômicos e aos consumidores”, disse Francisco Crhistovan, presidente da NTU.
Para ele, a única saída para as empresas de transportes públicos não quebrarem é aumentar o preço da passagem ou o Estado (Prefeitura, Estado e União) subsidiar estes aumentos.
“As empresas estão extremamente fragilizadas economicamente, não conseguiram se recuperar da pandemia e agora enfrentam este reajuste violento”, diz Francisco Crhistovan, que atua no eixo Rio/SP.
Ele ressalta que um subsídio federal ao diesel do transporte público não significativa muito para o governo Federal, mas seria fundamental para o brasileiro que precisa do transporte público.
Em alguns estados, como no Pernambuco, o valor cobrado pelas passagens saltou de R$ 3,75 para R$ 4,10, e de R$ 5,10 para R$ 5,60, segundo informa a secretaria Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh).
No caso, o cidadão já está pagando mais e pode aumentar ainda mais.
Em João Pessoa, capital paraibana, o preço do transporte público subiu para R$ 4,40. Por lá, os governos do Municipal e do estadual já se mostram impossibilitados de segurarem os preços das pesagens com subsídio patrocinados com recursos públicos. Vão repassar ao cidadão.
Em Salvador, na Bahia, o preço da passagem subiu 90 centavos, chegando a R$ 4,90. Mas neste caso, o Poder Público Municipal está pagando a diferença, mas avisou que se até julho o Governo Federal não assumir este ônus, vai ter que repassar ao usuário do transporte público na capital baiana e a região metropolitana.
Em Fortaleza, o preço da passagem de ônibus já havia tido um aumento em janeiro de 2022 com o aumento de 24,9% dado pela Petrobras em março, as empresas, muitas delas já em recuperação judicial, entraram em desespero. Se o Governo Federal não subsidiar o diesel, terão que repassar os percentuais ao cidadão.
“Sacrificando-se para garantir a continuidade do serviço, mas com tremenda insegurança”, diz o presidente do Sindônibus, Dimas Barreira, ao Jornal O Povo. Cenários idênticos são registrados em diversas outras capitais e também cidades menores como Mossoró.
O que poderia ser uma saída para baixar o preço dos combustíveis e estabiliza-los, parece que não despertou interesse do Governo Federal, pois se trata de dois importantes projetos relatados pelo senador potiguar Jean Paul Prates, que é especialista no assunto.
Um dos projetos prevê um novo modelo de cobrança de impostos e o segundo projeto prevê criação de um colchão de amortização para estabilizar o preço dos combustíveis no Brasil em período de instabilidade do preço do barril de petróleo no mercado internacional.
Estas medidas, segundo o senador Jean Paul Prates, para surtir efeito, precisa que o Governo Bolsonaro as coloque em prática. Segundo ele, o mecanismo criado vai auxiliar ao governo a segurar os preços dos combustíveis em períodos de instabilidade internacional.
Ainda conforme o senador, a saída em definitivo será o Brasil aumentar o refino e derrubar a Paridade de Preços de Importação (PPI), imposto aos brasileiros ainda pelo Governo Temer e mantido pelo Governo Bolsonaro. Este é o grande problema que precisa ser combatido, segundo o senador Prates.
Em Mossoró, a empresa que faz o transporte público (Cidade do Sol) estava praticamente fora de circulação até pouco tempo, mas o Poder Público Municipal fez um esforço, colocou dinheiro público, e conseguiu devolver as linhas de volta na cidade. Porém os aumentos abusivos no preço do diesel, colocaram uma corda no pescoço do gestor municipal, que agora provavelmente vai ter que repassar o aumento ao mossoroense que usa o transporte público.
Fontes pesquisadas
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