Seu Dimas, hoje com 57 anos, sempre acordou cedo, no máximo 5 horas da manhã, para trabalhar e garantir o sustento da família. No dia 19 de julho de 2021, sua vida teve uma reviravolta. Nos dias atuais, continua acordando cedo, mas não é para trabalhar, como tanto quer. É de dor que sente na altura do quadril e nas pernas. Chora.
De lá para cá, já foram realizadas quatro cirurgias, num hospital da capital, e as quatro foram erradas e/ou com próteses erradas. O fato já consumado, prescrito com urgência pelos médicos do próprio hospital, é que ele terá que suportar refazer a cirurgia no quadril e no fêmur, colocar novas próteses, e rezar para que não seja desta vez errado.
A reportagem do MH encontrou Seu Dimas em sua residência, à rua Francisco Ferreira Lopes, 204, no bairro Santo Antônio, zona norte da cidade de Mossoró. Ele contou como aconteceu o acidente, o socorro para o Hospital Regional Tarcísio Maia, a ajuda dos amigos para leva-lo para receber o atendimento em Natal e seu sofrimento desde então.
O serralheiro Dimas Bernardo da Silva saiu de casa durante a madrugada do dia 19 de abril de 2021 para cumpri um contrato de trabalho na cidade de Areia Branca, pilotando uma motocicleta pela BR 110. Após a comunidade da Casqueira, já perto do destino, três cavalos atravessaram a pista e Seu Dimas só conseguiu livrar dois, tendo batido de frente em um.
“Acordei com a moça do SAMU tirando o meu capacete”, lembra. Do local, o SAMU socorreu Seu Dimas para o Hospital Regional Tarcisio Maia, onde recebeu os primeiros socorros. Estabilizou o quadro, com as cirurgias emergenciais. Daí ficou numa cama, na enfermaria cirúrgica, aguardando transferência para fazer as cirurgias corretivas em Natal.
Com ajuda de amigos, foi levado para ser submetido as cirurgias necessários no fêmur e bacia, em Natal. Ele lembra de ter feito a primeira em agosto de 2021. Não deu certo. Repetiu o sofrimento em outubro do mesmo ano. Novamente não deu certo. Passou um ano esperando e voltou a Natal, onde novamente foi submetido a outra cirurgia no mesmo local.
“Quando eu fui saindo da sala de cirurgia, ouvir o instalo. Não deu certo de novo. De lá mesmo voltei para a mesa de cirurgia. Fizeram tudo de novo”, conta Seu Dimas, lamentando novamente ter saído algo errado. Atualmente ele se move com muita dificuldade usando como apoio duas muletas. Desde outubro de 2022 aguarda ser novamente chamado para fazer a mesma cirurgia e no mesmo local para o mesmo fim. Já não foi chamado, segundo os médicos o informaram, porque o Governo do Estado não teria pago o hospital.
Em contato com o Jornal MH, a Assessoria de Comunicação da Secretaria Estadual de Saúde, informou que o Governo do Estado já pagou ao Hospital, portanto, Seu Dimas deve ser chamado, novamente, nas próximas semanas para fazer o procedimento cirúrgico novamente. Espera um dia voltar a trabalhar e ajudar a filha a alimentar a família.
A filha de Seu Dimas é quem está alimentando todos da casa. Ela praticamente se mudou de sua casa para a residência do pai, onde deixa o filho pequeno e vai trabalhar todos dias. A renda dela é a única na casa, com 5 pessoas. Enfrenta enormes dificuldades, por não poder trabalhar e não receber o benefício do INSS. Seu Dimas chora quando fala do sofrimento que lhe foi imposto pela precariedade do serviço de saúde no RN e o esforço herculio da filha para ajuda-lo. Ele revela que quer acordar cedo para voltar a trabalhar e não de tanta dor, como acorda nos dias atuais.
Consultado pelo MH, o advogado Darwin Sales disse que Seu Dimas pode e deve processar o Governo Federal pelo fato da presença dos cavalos na BR 110, dando causa ao acidente que quase lhe tirou a vida. Outro benefício que pode lhe dá direito a benefício é o DPVAT. Observou que se o serralheiro Dimas tiver recolhido INSS, quando sofreu o acidente, em 19 de julho de 2021, também lhe dará direito a um benefício do INSS. "Ele também pode processar o Estado por submetê-lo a tanto sofrimento com as cirurgias erradas.