18 MAI 2024 | ATUALIZADO 13:39
VARIEDADES
ANNA PAULA BRITO
15/03/2023 17:01
Atualizado
15/03/2023 18:04

Com ônibus quebrando constantemente na linha Mossoró/Natal, passageiros denunciam descaso da Nordeste

No último sábado (11) uma viagem que deveria ser de pouco mais de 4h entre a capital do Rio Grande do Norte e a segunda maior cidade do estado, terminou durando mais de 10h. Em quatro delas, os passageiros ficaram parados no meio da BR-304, após o ônibus em que estavam quebrar. Devido a uma concessão, a empresa Nordeste é a única autorizada a fazer a linha direta entre as rodoviárias das duas cidades e não possui ônibus reserva, tendo que, em casos como este, aguardar a chegada de um mecânico para fazer o conserto do veículo e, só então, seguirem viagem. Em contato com a reportagem do MOSSORÓ HOJE, o pesquisador Pedro Farias, o professor universitário Robério Nunes e a professora aposentada Genir de Brito contaram sobre o perigo que correram na estrada, o calor e a sede, além da falta de assistência da empresa; entenda o caso.
Com ônibus quebrando constantemente na linha Mossoró/Natal, passageiros denunciam descaso da Nordeste. No último sábado (11) uma viagem que deveria ser de pouco mais de 4h entre a capital do Rio Grande do Norte e a segunda maior cidade do estado, terminou durando mais de 10h. Em quatro delas, os passageiros ficaram parados no meio da BR-304, após o ônibus em que estavam quebrar. Devido a uma concessão, a empresa Nordeste é a única autorizada a fazer a linha direta entre as rodoviárias das duas cidades e não possui ônibus reserva, tendo que, em casos como este, aguardar a chegada de um mecânico para fazer o conserto do veículo e, só então, seguirem viagem. Em contato com a reportagem do MOSSORÓ HOJE, o pesquisador Pedro Farias, o professor universitário Robério Nunes e a professora aposentada Genir de Brito contaram sobre o perigo que correram na estrada, o calor e a sede, além da falta de assistência da empresa; entenda o caso.
FOTO: CEDIDA/PEDRO FARIAS

Quem já viajou de Mossoró a Natal ou fez o sentido contrário, por meio da empresa de ônibus Nordeste, com certeza tem alguma história de perrengue para contar. Os relatos sobre ônibus quebrando no meio da estrada e longos atrasos são constantes e não chega a ser mais nenhuma novidade.

No entanto, no sábado, dia 11 de março de 2023, uma viagem que deveria ser de pouco mais de 4h entre a capital do Rio Grande do Norte e a segunda maior cidade do estado, terminou durando 10h.

Os passageiros deixaram Natal às 7h em um ônibus da Nordeste. Por volta das 9h15, o veículo quebrou e parou no meio da estrada, fazendo com que os passageiros precisassem descer, visto que não havia como permanecer no interior do veículo, devido ao calor.

Em contato com a reportagem do MOSSORÓ HOJE, o pesquisador Pedro Farias, o professor universitário Robério Nunes e a professora aposentada Genir de Brito contaram sobre o perigo que correram na estrada, o calor e a sede, além da falta de assistência da empresa.

Devido a uma concessão, a Nordeste é a única autorizada a fazer a linha direta entre as rodoviárias das duas cidades e não possui ônibus reserva, tendo que, em casos como este, aguardar a chegada de um mecânico, vindo da cidade com ponto de apoio mais próxima, para fazer o conserto do veículo e, só então, seguirem viagem.

Neste caso, entre o momento da parada, a chegada do mecânico, o conserto e a saída do local, os passageiros precisaram ficar 4h expostos no meio do sol.

“O risco, além do sol, era um acidente na BR 304, com hélices enormes sendo transportadas (a energia verde e seus tentáculos), e com carros se arriscando em ultrapassá-las. As marcas, além da insolação na pele, são a humilhação e a ausência de dignidade”, diz Pedro Farias, mostrando o braço queimado de sol.

Genir de Brito, contou que ela e as duas sobrinhas que voltavam com ela para a cidade de Mossoró, passaram muita sede e fome, visto que não esperavam passar tantas horas na estrada e sem nada por perto para comprar água e comida.

Ela conta que, após cerca de duas horas parados na estrada, devido ao calor e a quintura, uma criança asmática começou a ter uma crise de tosse e precisou usar uma bombinha para aliviar os sintomas. Uma senhora, familiar desta mesma criança, afirmou que não poderia ficar muito tempo sem comer, devido a diabetes.

“O marido dela conseguiu parar um carro que passava pela estrada e pediu carona para ela e para a criança, até uma cidade mais próxima, porque elas já estavam passando mal. Um tempo depois ela voltou em um carro e levou o resto da família. Nós ficamos na estrada”, contou.

Robério, que é professor universitário em Natal, contou que costumava viajar em outra empresa, mas depois que a Nordeste entrou na justiça para a retomada da concessão Mossoró-Natal, não teve outra alternativa a não ser usar o serviço.

“Na maior parte dos meus trajetos a cidade de Mossoró, sempre pego a Nordeste, a qual oferece péssimos serviços. São poltronas quebradas, higienização dos ônibus não existe, ar-condicionado quebrado com vazamento de água nas cabeças dos passageiros. Sem falar da recorrência em que os ônibus ficam quebrados na estrada. No sábado, era lamentável presenciar crianças sofrendo com o calor e crise asmática, pessoas diabéticas precisando se alimentar, sem falar dos trabalhadores como eu, que tinha compromisso no turno da tarde na cidade de Mossoró”, contou.

Ele ainda afirmou que na segunda-feira (13), ao retornar para a cidade de Natal no ônibus das 7h, quando ainda nem havia se recuperado do estresse que passou dois dias antes, ao passar pelo posto da Polícia Rodoviária federal, na saída de Mossoró, o ônibus acabou sendo parado e retido no local.

“Mais uma vez ficamos sem previsão de que horas iríamos sair daquele local, pois a empresa não tem ônibus reserva, assim informou o motorista da empresa. Dessa vez, como eu tinha compromisso em Natal, e já tendo passado por uma dessas no sábado, resolvi pegar uma carona pelos aplicativos. Não sei informar que horas os demais passageiros saíram de mossoró”, disse.

Pedro também relatou que não foi a primeira vez que viu enfrentou experiências ruins nas viagens com a empresa, apesar de garantir que a última vez foi a pior já vivida.

“No mês de janeiro precisei ir às pressas para um velório em Assú, minha cidade natal. Uma grande amiga faleceu pela madrugada e, assim que soube, fui na rodoviária e comprei passagem para o primeiro ônibus, com horário marcado para às 12h, mas atrasou e só saiu da rodoviária mais de 13h. Cheguei já há noite na cidade e, por sorte, o enterro foi adiado para o dia seguinte e consegui me despedir da minha amiga. Outra vez, o ônibus quebrou a primeira vez na saída da rodoviária, em Natal, o motorista parou, mas ao invés de voltar, seguiu a viagem e quebrou de novo em frente ao Carrefour, onde esperamos cerca de duas horas por um outro ônibus. Teve uma terceira situação, que o ônibus quebrou já próximo à Mossoró, e o motorista, com auxílio de um punhal de um dos passageiros, arrancou uma parte do pneu que estava solta, e só assim conseguimos seguir viagem”, conta.

A professora aposentada Genir lamentou que a Nordeste seja a permissionária da linha, visto que a empresa não tem a mínima condição de permanecer oferecendo os serviços.

“Há anos esses problemas constantes vêm acontecendo e a empresa não toma providências. A gente acaba se submetendo a esse tipo de situação por falta de opção. Se não tem condições de manter a atividade, que libere a linha para que outra empresa assuma o trajeto. Minha filha faz mestrado em Natal e, antes disso, passou 5 anos fazendo faculdade lá, e era comum ela passar 6, 7, 8 horas na estrada na vinda para Mossoró ou no retorno para Natal. Isso é um absurdo”, lamentou.

Pedro informou que apesar de todo o sofrimento, a empresa não deu qualquer tipo de assistência, sequer ofereceu água quando eles finalmente chegaram no município de Lajes.

Robério contou que recolheu a assinatura dos passageiros e que irá buscar um advogado para orientá-lo a tomar medidas cabíveis com relação à situação vivida no sábado.

“Acho bom também chamar atenção para um amplo debate público da população Mossoró com os políticos, vereadores e deputados estaduais, pois isso afeta diretamente na qualidade de uso e acesso ao serviço de transporte, bem como no impacto da economia e qualidade de vida das pessoas que precisam estar cotidianamente transitando entre as cidades de Mossoró e Natal”, concluiu Robério.

O MH tentou contato com a empresa Nordeste, para saber um posicionamento deles sobre a situação, mas nenhum dos contatos disponibilizados no site completou a ligação. Fica aberto o espaço caso desejem se prenunciar.

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