A Lei 12.519, de 10 de novembro de 2011, instituiu oficialmente o dia 20 de novembro como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Porém, este dia não é feriado em todo o território nacional. Alcança, apenas, 1.260 dos 5.568 municípios brasileiros.
Em Mossoró, o movimento pelo fortalecimento da consciência negra, contra o racismo estrutural por equidade racial, foi marcado nesta segunda-feira, dia 20, com Louvação ao Baobá, uma árvore gigantesca, considerada sagrada pelos povos africanos.
O evento contou com a participação da reitora Cecilia Maia, da UERN, com o secretário de Cultura do Município, Igor Ferradaz, e com representantes do Governo do Estado e também da Câmara Municipal, entre outras autoridades do setor cultural de Mossoró.
Sobre a data, o professor Hilário Ferreira, mestre em História Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador da História e da Cultura do povo negro do Ceará, explica que o dia da Consciência Negra iniciou-se no Brasil no início da década de 70.
Inicialmente, foi pensado no dia 13 de maio, dia da Abolição da Escravatura, para o Dia da Consciência Negra. Porém, refletindo sobre esta data, concluíram que este foi dia que a princesa branca (Isabel) libertou oficialmente os escravos no Brasil, através da Lei Áurea.
Daí, em 1971, segundo o professor Hilário Ferreira, o grupo Palmares, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, lançou a data 20 de novembro para ser o dia Nacional da Consciência Negra. Em 1979, ganhou reforço com o “movimento negro unificado”.
Em 10 de novembro de 2011, a então presidente Dilma Rousseff, sancionou a Lei 12.519. Porém, não tornou um feriado nacional, pois, segundo o pesquisador, é uma data vista mais como um dia para reflexão a ação contra o racismo e a favor da equidade racial.
Em Mossoró-RN, o movimento pela Consciência Negra ganhou força em 1999, segundo conta a professora/doutora Maria Ivonete Soares Coelho, pesquisadora da UERN, com exclusividade ao MOSSORÓ HOJE, durante os festejos alusivos ao Dia Nacional da Consciência Negra.
O Baobá
Esta árvore chega a viver mais de 7 mil anos. Fica gigante. Suas sementes têm propriedades medicinais incríveis e seu tronco, que pode chegar a 40 metros de circunferência, consegue armazenar até 120 mil litros de água, após atingir sua fase adulta, ou seja, 1.010 anos.
Para os povos da África, de onde é natural, o Baobá considerado sagrado, pois eles acreditam que guardam a alma dos que já morreram. E esta teria sido uma das razões pelas quais os povos africanos, ao serem capturados para serem escravizados no Brasil, traziam a semente.
Portanto, a chegada do Baobá ao Brasil remota ao período colonial. E, no Rio Grande do Norte, é um dos poucos estados brasileiros, que teve suas sementes plantadas. O principal é Pernambuco, seguido de Bahia, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.
No Rio Grande do Norte, reconhecido por lei, existe um exemplar magnífico em Natal e outro em São Miguel, no Alto Oeste. Precisando de reconhecimento oficial, existe 13 unidades às margens da Lagoa do Piató, no município de Assú, onde no período colonial havia senzalas.
O local se chama Fazenda Curralinho, de onde há mais de 20 anos, eu (Cezar Alves), como repórter, conheci e fiquei deslumbrado com a história do Baobá. Ao perceber o movimento pela Consciência Negra em Mossoró, falei desta árvore encantadora a professora Ivonete Soares, que fez questão de lembrar desta contribuição ao movimento.
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