26 JUL 2024 | ATUALIZADO 19:46
NACIONAL
Por Sabrina Craide - Repórter da Agência Brasil - Brasília
02/12/2023 10:02
Atualizado
02/12/2023 10:08

Bairros começam a afundar em Maceió e Prefeitura evacua 55 mil pessoas

Vários bairros já afundaram quase 1 metro e meio e continua afundando numa velocidade de 2,46 centímetros por hora. O desastre ambiental de proporções gigantescas está acontecendo porque a Brasken retirou o sal gema que havia embaixo da cidade, nos últimos 40 anos, através de tunes, cavernas e poços. A evacuação ocorreu esta semana por determinação judicial, após perícia realizada por especialistas, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, entre outras autoridades. Foto: Pei Fon/Secom Maceió
Vários bairros já afundaram quase 1 metro e meio e continua afundando numa velocidade de 2,46 centímetros por hora. O desastre ambiental de proporções gigantescas está acontecendo porque a Brasken retirou o sal gema que havia embaixo da cidade, nos últimos 40 anos, através de tunes, cavernas e poços. A evacuação ocorreu esta semana por determinação judicial, após perícia realizada por especialistas, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, entre outras autoridades. Foto: Pei Fon/Secom Maceió
Foto: Pei Fon/Secom Maceió

A prefeitura de Maceió (AL) decretou situação de emergência por 180 dias devido ao iminente colapso de uma mina de exploração de sal-gema da Braskem, que pode provocar o afundamento do solo em vários bairros. A área já está desocupada, afunda numa velocidade de 2,6  centímetros por hora. Os bairros já desceram 1 metro e meio. À circulação de embarcações da população está restrita na região da Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, na capital do Estado de Alagoas.

O decreto de emergência em Maceió reconhecido pelo Governo Federal

O Gabinete de Crise criado emergencialmente pela prefeitura comunicou oficialmente os órgãos de controle e de segurança sobre o perigo do desastre, entre eles os comandos da Marinha e do Exército.

Nove escolas estão estruturadas com carros-pipa, colchões, alimentação, equipes de saúde, equipes da Guarda Municipal e de assistência social para receber até 5 mil pessoas vindas das regiões afetadas.


Rachaduras em Maceió - Pei Fon/Secom Maceió/Direitos Reservados

Além disso, 85 pacientes do Hospital Sanatório, que fica localizado em área de risco, foram encaminhados para outras unidades de saúde, entre elas o Hospital Universitário, que também recebeu equipamentos para a hemodiálise de 352 pessoas.

Nesta quarta-feira (29), a Defesa Civil da cidade informou que os últimos tremores se intensificaram e houve um agravamento do quadro na região já desocupada. “Estudos mostram que há risco iminente de colapso em uma das minas monitoradas. Por precaução e cuidado com as pessoas, reforçamos, mais uma vez, a recomendação de que embarcações e a população evitem transitar na região até nova atualização do órgão”, informa a prefeitura.

Por causa da exploração mineral subterrânea realizada no local, diversos bairros tiveram que ser evacuados emergencialmente em 2018. Rachaduras surgiram nos imóveis da região, seguido de um tremor de terra, criando alto risco de afundamento. Mais de 55 mil pessoas tiveram que deixar a região, que hoje está totalmente desocupada.

Recentemente, a Braskem foi condenada pela Justiça a indenizar o estado de Alagoas por danos causados pela exploração de sal-gema, que resultou na retirada da população de cinco bairros de Maceió. O sal-gema é uma matéria-prima usada na indústria para obtenção de produtos como cloro, ácido clorídrico, soda cáustica e bicarbonato de sódio.

Braskem

Em nota, a Braskem, que está sendo processada na Holanda pelo enorme desastre ambiental, diz que monitora a situação da mina e desde a última terça-feira (28) isolou a área de serviço da empresa, onde são executados os trabalhos de preenchimento dos poços. “Os dados atuais de monitoramento demonstram que o movimento do solo permanece concentrado na área dessa mina”, informou.

A empresa diz que também está apoiando a realocação emergencial dos moradores que ainda resistem em permanecer na área de desocupação e segue colaborando com as autoridades.

Apreensão

A professora Lorena Martins, de 38 anos, viveu esse drama e agora acompanha a apreensão de amigos que moram nas áreas ameaçadas. Ela e a família saíram do bairro de Pinheiros em 2017, mas só este ano receberam uma indenização, um valor muito abaixo do que consideram justo.

Logo após a desocupação, ela conta, os moradores tiveram que ir para locais muito distantes do centro, viver em um padrão abaixo do que tinham antes da desocupação. Segundo ela, o valor do aluguel que foi destinado levou em consideração apenas o imóvel, mas não a qualidade de vida que as pessoas tinham, especialmente pela localização da moradia

“Eu era muito bem servida de serviço público, comércio, tinha tudo perto. E era no coração da cidade. O valor do aluguel que nos destinaram não dava para alugar imóvel em bairros perto de onde morávamos ou em locais parecidos. Então, tivemos que ir para os extremos da cidade, em bairros muito distantes”, explicou. “O custo de vida para morar em um bairro com a mesma estrutura triplicou de valor”.

Mesmo morando fora da área de risco, Lorena diz que sentiu seu prédio balançar na última segunda-feira (27). Ela conta que agora alguns bairros que não estavam classificados como área de risco também estão começando a ser desocupados.

“Uma dessas minas de exploração está prestes a colapsar, e a possibilidade de, com o colapso dela, tenha um efeito dominó e ela vá atingindo as outras minas, está deixando a população muito preocupada. Pode ser uma tragédia sem tamanho. Não dá para calcular”, lamenta.

Notas

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