A exemplo do que ocorreu em anos anteriores, a economia do Rio Grande do Norte terá crescimento acima das médias nacional e regional em 2024. A projeção é do Banco do Brasil e está contida no relatório Resenha Regional, publicação que apresenta análises de especialistas em cenários econômicos. De acordo com o levantamento, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Norte deve crescer 6,1% em 2024, melhor desempenho em duas décadas. Os resultados mais expressivos para 2024 no País, na projeção do Banco do Brasil, são de dois estados do Nordeste: Paraíba (6,6%) e RN. No Brasil o crescimento projetado é de 3,5% e no Nordeste de 3,8%
No caso do RN, o destaque é o desempenho da indústria - um dos três pilares na composição do Produto Interno Bruto - que deve ter crescimento recorde de 16,1%, recuperando um pouco do terreno que vinha perdendo em anos anteriores. Responsável pela consolidação dos dados apurados pelo IBGE para fazer o cálculo do PIB municipal, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema/RN), aponta que a participação média anual da indústria na primeira metade da década de 2010 era de 23,2% e caiu para 18,7% nos cinco anos seguintes.
Em 2022, últimos dados consolidados, o peso da indústria potiguar na formação do PIB subiu para 22,9%. E o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), projeta que o peso da indústria no PIB de 2024 será de 24%. “O expressivo desempenho da Indústria nos subsetores da Construção Civil (Construção de edifícios e obras de infraestrutura) e de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (geração de energia eólica), contribuiu para o ganho de participação da Indústria na economia estadual em 2022”, registra a Coordenadoria de Estudos Socioeconômicos do Idema/RN.
“Essa projeção de um crescimento tão expressivo do PIB em 2024 confirma que o Rio Grande do Norte tem trilhado o caminho do desenvolvimento econômico”, afirma o secretário de Desenvolvimento Econômico Sílvio Torquato. “Isso graças a iniciativas, ações e programas do governo para assegurar um ambiente propícios aos investimentos produtivos e com capacidade de gerar emprego”, acrescenta. “Trata-se de um governo em permanente diálogo com os setores produtivos e com iniciativas que avançam para assegurar as condições favoráveis ao crescimento”, ressalta.
O secretário aponta que há um relevante desenvolvimento distribuído no Estado, com polos nas diversas regiões, a exemplo de Pau dos Ferros, Assu, Caicó, Parelhas, Goianinha, João Câmara, Touros e nos demais municípios com expressiva geração de oportunidades. “Além de tudo isso, temos a importante retomada do setor mineral e continuamos com o protagonismo no de energias renováveis, principalmente na eólica.”
O economista Ricardo Valério afirma que o PIB de 2024 será puxado, sobretudo, pela produção e exportação de derivados de petróleo, pela geração de energias renováveis e pela exportação de açúcar e de frutas. "A tendência é que isso continue ainda por mais alguns anos, gerando emprego, renda e distribuição de royalties para o Rio Grande do Norte. Não esquecendo, ainda, que nossa grande esperança é a exploração [de petróleo] na Faixa Equatorial", comenta Valério, que integra o Conselho Regional de Economia do RN.
Oportunidades e emprego
Outro estudo sobre cenários macroeconômicos, divulgado pelo Banco do Nordeste, relaciona os setores produtivos do RN com potencial para receber investimentos, citando, entre vários segmentos, a fruticultura, agricultura agroecológica, bovinocultura leiteira, energias renováveis, turismo, saneamento básico e petróleo e gás. Ricardo Valério estima que a exploração de petróleo no bloco potiguar da Faixa Equatorial tem potencial para gerar 54 mil novos empregos.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados sinalizam 2024 como o ano com maior número de postos de trabalho abertos no Estado desde a criação do novo Caged em 2020. Foram 36.859 de janeiro a novembro. No pós-pandemia são 113 mil.
Conjuntura
Os indicadores divulgados até agora mostram que a economia potiguar teve forte aquecimento em 2024. As exportações, por exemplo, cresceram 42,6% em relação ao ano anterior, chegando a 1,1 bilhão de dólares. Com isso, o comércio exterior do Estado alcançou um volume recorde de transações, atingindo 1,7 bilhão de dólares — soma das exportações com as importações (US$ 595 milhões). Esses números estão na mais recente edição do Boletim Econômico da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SEDEC), com as informações da Balança Comercial do RN, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) por meio da plataforma “Comex Stat”.
Em novembro, o comércio varejista ampliado, que inclui a venda de veículos e materiais de construção, teve crescimento de 7,2% no comparativo com igual mês do ano passado, muito acima da média Brasil, de 2,1%. No acumulado de 2024, a alta é de 7,1%, conforme dados da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada na quinta-feira (9) pelo IBGE.
Evolução do PIB
Nos cinco anos anteriores à pandemia da Covid-19, o desempenho da economia potiguar foi pífio, sendo registados dois resultados negativos [(-2,0%) em 2015, e (-4,0%) em 2016] e uma média anual de crescimento de 1,2% no período 2017/2019. Em 2020, o ano mais crucial da pandemia, quando o mundo parou, a economia do RN encolheu 5,0%, mas depois disso vem apresentando indicadores consistentes de recuperação. Na Resenha de setembro, os analistas do Banco do Brasil projetavam crescimento de 4,4% do PIB potiguar, porcentual que foi se modificando conforme a evolução da conjuntura nacional e local.
PIB 2024
Projeção de crescimento
Rio Grande do Norte: 6,1%
Nordeste: 3,8%
Brasil: 3,1%