“Quero sepultar o meu filho”, diz a doméstica Maria Alzenir do Amaral, mãe biológica de Márcio Émerson do Amaral Barbosa, de 18 anos, solteiro, gesseiro, que desapareceram com ele, na noite do dia 26 de março de 2024, no bairro Belo Horizonte, em Mossoró-RN.
A mãe de criação, Maria da Guia, conta que o sofrimento da família é muito grande e que ela e a mãe biológica de Márcio Emerson precisam tomar medicamentos para dormir. Afirmam que a investigação é lenta porque a vítima é de família muito humilde.
Maria Alzenir conta que o filho não tinha envolvimento com crimes, mas que passou a andar com quem não presta quando se mudou do Jucuri para o Alto do Xerém (Bairro Belo Horizonte), junto com a família, três meses antes de desaparecer.
Márcio Emerson trabalhava de servente de pedreiro, de gesseiro e em outras funções que aparecia. Com ajuda da irmã, comprou uma moto e estava pagando em parcelas. Foi nesta moto que ele foi visto pela última vez, nas imediações da temida Rua João Damásio.
O jovem de 18 anos aparece num vídeo correndo de capacete, sendo perseguido por três homens, por volta das 21 horas do dia 26 de março de 2024. Desde então, a mãe Maria Alzenir e a segunda mãe dele, Maria da Guia, não tiveram mais contato com o filho.
Maria da Guia reforçou que Márcio Emerson, quando morava em Jucuri, sempre foi uma pessoa muito boa, que estudava e trabalhava com o pai, Márcio Duarte Barbosa, na roça, nos afazeres de casa, sem dar qualquer trabalho. O mesmo ocorria em Mossoró.
Maria Alzenir conta que a moto tinha localizador e mesmo assim a Polícia não recuperou a motocicleta e menos ainda o corpo de Márcio Emerson. “Só quero sepultar meu filho”, diz Maria Alzenir, na companhia da mãe de criação Maria da Guia.
O processo
A delegada da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa de Mossoró, que cuida do caso, não fala a respeito de qualquer das investigações que conduz.
O promotor de Justiça Ítalo Moreira Martins, em contato com o MOSSORÓ HOJE, confirmou que o caso está sendo investigado e que se trata de uma investigação muito difícil, complexa, que, por se tratar de crime possivelmente praticado por facção criminosa, está sob os cuidados de um colegiado de juízes e promotores com assento na capital do Estado, Natal.
Isto, no entanto, termina por atrasar a conclusão do inquérito policial na DHPP de Mossoró, pois quando o investigador solicita ordens judiciais de busca e apreensão ou até mesmo de prisão, demora para este colegiado de juízes e promotores julgarem os pedidos.
A dor das duas mães
As duas mães de Márcio Emerson falaram ao MH que estão dilaceradas por dentro, com uma dor imensa no peito. Segundo elas, numa tentativa de reduzir esta dor, foram pessoalmente procurar o corpo do filho no final da Rua João Damásio e foram postas para correr no tiro.
Maria da Guia conta que a última vez que viu o filho, foi no dia anterior que sumiram com ele. “Márcio foi lá em casa, reclamando de cansaço e dores no peito, devido ao peso do trabalho que ele estava de servente de pedreiro”, conta da Guia, que o levou ao hospital.
“Ele só não dormiu lá em casa, porque precisava acordar cedo para alimentar os porcos na manhã do dia seguinte e para ganhar um extra para ajudar a pagar a parcela da moto que a irmã ajudou a comprar, a mesma que está desaparecida”, diz da Guia.
Maria Alzenir completa dizendo que, no dia seguinte, o filho recebeu uma ligação de uma jovem e ele foi atender esta ligação e não mais foi visto. O localizador da moto apontou a casa desta jovem, que teria sido ouvida na Polícia, mas não se sabe o que ela falou.
As duas mães falam que tem certeza que Márcio foi morto. Elas dizem que não era do costume dele não falar onde ia e nem não voltar para casa no mesmo dia. Maria Alzenir disse que tem a certeza, porque tem as imagens dos 3 homens correndo atrás dele.
No próximo mês de março, completa um ano que sumiram com Márcio Emerson, sem que a policial judiciária tenha dado qualquer resposta a família, que está revoltada com o descaso, apontando que se fosse filho de gente importante, rica, já teria sido solucionado.