Mesmo com as boas chuvas registradas nas primeiras semanas de 2016 no Rio Grande do Norte, os produtores e a população da zona rural ainda amargam problemas decorrentes da estiagem prolongada, que afeta o semiárido nordestino.
Por conta da seca dos últimos quatro anos, o RN perdeu em torno de 340 mil animais de seu rebanho. Uma perda que representa cerca de 30% de seu total. Atualmente, o estado possui 958.178 animais compondo seu rebanho bovino. Os dados são do Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte (IDIARN).
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Lavoura de Mossoró, produtor rural Francisco Gomes, a perda foi de 25% a 30% do rebanho bovino na região. Fatores como falta de alimentos, sede e até roubo dos animais contribuíram para essa diminuição, informou Gomes.
“Essas foram as principais causas, isso afetou tanto animais de pequeno quanto de grande porte, e muitos produtores rurais”, disse.
Esta realidade não é diferente da vivida por Edinor Targino de Macedo, produtor rural da comunidade de Mulungunzinho, em Mossoró. Ele diz que perdeu boa parte de seu rebanho.
Das aproximadas 130 cabeças, ele perdeu quase metade por conta da fome e sede. A perda corresponde a um prejuízo de aproximadamente R$10 mil. “Semana passada ainda perdi duas vacas. Perdi também uns bodes, ovelhas. É difícil a situação”, comentou.
Com o objetivo de combater maiores danos, a Secretaria de Estado de Agricultura e Pesca (Sape) afirma estar promovendo ações para minimizar os prejuízos dos produtores rurais.
É o caso do programa Banco de Sementes, que este ano vai atender 159 municípios e 45.570 agricultores com a distribuição de mais de 604 toneladas de sementes.
Serão entregues ainda quase 140 toneladas de sorgo aos agricultores potiguares. O investimento total do Governo do Estado no programa Bancos de Sementes este ano é de R$ 5,98 milhões.
Há ainda uma solicitação da Sape em trâmite em Brasília, no Ministério da Integração, dentro do Plano Emergencial contra a Seca elaborado pelo Governo do Estado, de R$ 15 milhões para compra de forragem e torta para o gado potiguar. Foram solicitados 833 mil sacos de forragem, cada um com 25 quilos, e 62,5 mil sacos de torta de algodão, cada um com 50 quilos.
Outra medida adotada para enfrentar este problema é a ampliação do número de poços perfurados no Estado. Em 2015, mais de 300 foram entregues no RN, o que superou a média anual dos últimos quatro anos, que foi 223.
Para aumentar a produtividade dos criadores de rebanho, programas Pró-Genética e Pró-Fêmea também estão sendo desenvolvidos. As iniciativas tiveram seus decretos publicados e, em parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), visam contribuir para o aumento da produção de carne e leite nas pequenas e médias propriedades rurais.
Essas iniciativas promovem a integração de produtores, fornecedores e compradores de touros melhoradores, executando eventos de comercialização e proporcionando ao produtor rural a possibilidade de aumento da renda, pela melhoria da produtividade e, consequentemente, da qualidade do padrão social.
Apesar da perda dos animais, os produtores rurais se mostram esperançosos para o período de inverno deste no. É o que relata Francisco Gomes. “A situação melhorou nas últimas semanas por conta das chuvas registradas. Com essas chuvas, deu para recuperar alguns animais e a perspectiva muito boa”, conclui.
Diferente de Francisco Gomes, Edinor alimenta tantas esperanças. “Não dá para recuperar o que perdi em menos de três anos, não recupera de jeito de nenhum”, conclui.