As declarações nas redes sociais do diretor da Fundação José Augusto (FJA) e um dos líderes do PT no Estado, Joaquim Crispiniano Neto, geraram polêmica. Em sua postagem neste domingo (6), Crispinino, que também é jornalista, vem sendo acusado de incitar a violência contra profissionais de imprensa e sugere até "virar e queimar carros da imprensa golpista", fazendo referência a forma como a imprensa acompanhou a intimação do ex-presidente Lula para condução coercitiva na última sexta-feira (4), durante a 24ª fase da Operação Lava-Jato.
O Ministério Público considerou grave o teor das postagens, encaminhando ofício ao Governo do Estado cobrando providências sobre o assunto (ver mais abaixo).
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte (Sindjorn), junto a Federação Nacional dos Jornalistas, se pronunciou sobre o caso, e emitiu uma nota de repúdio à declaração, cobrando explicações do governador Robinson Faria. "Senhor governador Robinson Faria, o Sindjorn exige uma resposta rápida quanto às declarações de seu auxiliar de governo. Rápida, enérgica e exemplar", dizia trecho da nota.
Confira a nota do Sindjorn e Fenaj:
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte vem a público repudiar frontalmente as declarações postadas neste domingo (6), em suas redes sociais, pelo presidente da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto. Senhor secretário, sendo bem eufêmico, o senhor foi profundamente infeliz em suas palavras. Qual cidadão em sã consciência incita a violência? Mas o senhor não se deu por satisfeito e foi além. Conclamou a militância de sua corrente política a se voltar contra a imprensa. Ora senhor secretário, é essa a conduta que deve ter um gestor público e ainda mais da área cultural?
Senhor Crispiniano, não podemos e não vamos aceitar uma tentativa tão venal e absurda de calar profissionais do jornalismo. Muito menos vamos nos calar e deixar de cumprir corretamente nosso dever por conta de uma incitação covarde como a sua.
Senhor governador Robinson Faria, o Sindjorn exige uma resposta rápida quanto às declarações de seu auxiliar de governo. Rápida, enérgica e exemplar. Ele atingiu toda uma categoria de profissionais e nitidamente pôs em risco as vidas de pais, mães e filhos. Seja coerente para que o peso das palavras de seu secretário não recaia também sobre o senhor.
Vivemos em um momento delicado no nosso país, é verdade, mas isso não pode jamais servir de justificativa para que percamos o senso de coletividade e de respeito às pessoas, às instituições e ao estado livre de direito.
O Governo do Estado, através da Fundação José Augusto, emitiu nota em resposta, e esclareceu que "não concorda nem compactua com qualquer declaração que possa ser interpretada como incitamento à violência, assim como agressão ou insinuação relacionada ao cerceamento do trabalho da imprensa".
Na nota, o Governo do Estado sugere, neste momento de acirramento, “darem as mãos em um pacto por mais tolerância e paz”.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A respeito das declarações do jornalista Crispiniano Neto, diretor da Fundação José Augusto (FJA), em seu perfil pessoal na rede social Twitter, o Governo do Estado vem a público esclarecer que:
O posicionamento de Crispiniano Neto é pessoal e não representa, de maneira alguma, o pensamento do governo. O jornalista é responsável pelas opiniões pessoais que emite em suas redes sociais;
O Governo do Estado não concorda nem compactua com qualquer declaração que possa ser interpretada como incitamento à violência, assim como agressão ou insinuação relacionada ao cerceamento do trabalho da imprensa;
Estão sendo tomadas as providências para que, no protesto previsto para o dia 13 de março, seja garantida a presença policial e consequentemente, a segurança dos manifestantes e de todas as pessoas envolvidas neste ato democrático, incluindo a imprensa;
Expostas as considerações acima, o Governo do Estado convoca a todos, nesse momento de grande acirramento de ânimos, a darem as mãos em um pacto por mais tolerância e paz.
O Procurador-Geral de Justiça, Rinaldo Reis, se pronunciou sobre o caso e pediu providências por parte do governador pelas declarações do seu auxiliar. O PGJ considerou graves as postagens de Crispiniano e pediu segurança para os cidadãos que desejam participar pacificamente do protesto realizado no dia 13 de março de 2016.
Versão
A equipe do portal MOSSORÓ HOJE tenta contato com o jornalista Crispiniano Neto para ouvir sua versão sobre os fatos, mas até o momento não obteve êxito.