17 MAI 2024 | ATUALIZADO 18:16
NACIONAL
Da redação
05/04/2016 13:40
Atualizado
14/12/2018 03:48

Relator do impeachment entregará parecer nesta quarta

Jovair Arantes disse que não decidiu se será favorável ou contra processo. Ele prevê sessão da comissão especial no sábado para discutir parecer.
Folhapress

O relator da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), confirmou nesta terça-feira (5) que irá apresentar seu parecer na sessão do colegiado marcada para a tarde desta quarta-feira. Ele disse que ainda não decidiu se será favorável ou não à abertura do processo e que o seu relatório, com cerca de 80 ou 90 páginas, só deverá estar concluído na noite desta terça.

O relatório será analisado e votado pela comissão antes de seguir para o plenário da Câmara. A previsão é que a votação na comissão deva ocorrer até segunda (11). O documento pode ser aprovado ou rejeitado na comissão, formada por 65 parlamentares, por maioria simples. No plenário, é necessário o voto de pelo menos 342 deputados para que o Senado seja autorizado a abrir um processo de impeachment.

"Estamos terminando o relatório nesta terça-feira, fazendo o contraditório entre a denúncia e a defesa. São quase 6 mil páginas de denúncia e quase 200 páginas de defesa apresentadas pela presidente Dilma. Ouvi com muita atenção toda a explanação de todos que aqui passaram", afirmou, acrescentando, porém, que irá focar apenas nas duas peças escritas.

"Para mim, o que serve são essas duas peças. Fora dessas duas peças, evidentemente, que não posso avançar porque, segundo o rito estabelecido pelo STF [Supremo Tribunal Federal], tenho que seguir o que está na denúncia", disse. Ele negou ainda que, caso o processo seja aberto, que se possa configurá-lo como um golpe contra o governo, conforme acusa a defesa de Dilma.

"Golpe não é. A Constituição prevê [o impeachment], estamos fazendo exatamente como determina a Constituição, que é quem norteia todo o trabalho. Estamos seguindo o rito estabelecido pelo STF e o regimento interno da Casa. Não vejo porque ter nenhuma perspectiva de ter esse tipo de golpe", afirmou.

Jovair Arantes já havia anunciado na semana passada que pretendia antecipar a entrega do seu relatório para dar tempo de conceder vistas do processo (mais tempo para os deputados analisarem o caso) no prazo de duas sessões legislativas, o que deve acabar na próxima sexta-feira (8). Ele não havia dado certeza, porém, se a entrega seria na quarta ou na quinta.

A conclusão do relatório, segundo Jovair, depende apenas de outra reunião com a área técnica da Câmara, que deverá ocorrer na tarde desta terça (5) na sala da liderança do PTB. Segundo o deputado, o relatório está "60% ou 70%" concluído.

Defesa

Pelas regras da Casa, a comissão tem até cinco sessões para votar o relatório de Jovair, prazo que passou a contar nesta terça, um dia depois que o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, apresentou a defesa escrita e oral de Dilma.

A bancada governista na comissão e Cardozo têm afirmado que não aceitarão, no relatório, citações a eventos ocorridos antes do segundo mandato de Dilma, iniciado em janeiro de 2015. A deputada Jandira Feghali (PCdoB) cita despacho assinado no fim do ano passado por Cunha, pelo qual ele acolheu a denúncia contra a presidente e mandou instalar a comissão de impeachment.

No documento, Cunha escreveu que considera "inefastável" a aplicação do parágrafo 4º do artigo 86 da Constituição que, segundo a interpretação do presidente da Câmara, "estabelece não ser possível a responsabilidade da presidente da República por atos anteriores ao mandato vigente".

Relatório Final

Caso Jovair acolha o limite estabelecido por Cunha, ficariam fora de seu relatório final todas as pedaladas fiscais ou assinaturas de decretos de suplementação orçamentária adotadas pelo governo no primeiro mandato de Dilma (2011-2014) e referências à compra da refinaria de Pasadena (EUA) ocorrida na época em que Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

Indagado nesta terça se deixará de mencionar fatos anteriores a 2015, o relator desconversou. "Com certeza estamos fazendo um relatório que é dentro do rito que foi estabelecido pelo STF [Supremo Tribunal Federal], dentro do que estabelece a Constituição e dentro do regimento interno da Casa. Nós estamos passo a passo lutando para não cometer nenhum erro com relação a toda a questão da sistemática e do rito estabelecido, para não suscitar nenhuma dúvida, para não ter nenhuma judicialização. Se tiver, será a bel prazer de quem queira fazer", disse o relator.

Jovair voltou a dizer que os depoimentos colhidos pela comissão nos últimos dias, como o do ministro da Fazenda Nelson Barbosa em defesa de Dilma e de dois dos autores do requerimento para abertura do impeachment, os advogados Miguel Reale Júnior, ex-ministro do governo FHC, e Janaína Paschoal, não serão levados em conta para seu relatório porque há um impedimento legal.

"Fiquei centrado na questão da denúncia escrita", disse o relator. "[Da mesma forma], o que disse o ministro Cardozo posso dizer que não me interessa [para o relatório]", afirmou o parlamentar.

Sessão no sábado

Segundo o parlamentar, tão logo acabe o prazo de vistas, as discussões sobre o parecer deverão começar já na tarde de sexta e se estenderão até o sábado. A votação ficará para a segunda-feira (11), prazo final que o regimento estabelece para a votação do parecer.

A estratégia tem como objetivo garantir a palavra a todos os integrantes da comissão, que somam 65 titulares e 65 suplentes, conforme determina o regimento. Em tese, cada parlamentar tem direito a 15 minutos para discursar, mas os líderes partidários iam tentar fechar um acordo para reduzir essse tempo, que poderia passar de 32 horas.

"Queremos que, na sexta, comece a discussão e vá ate o sábado se for o caso. Na segunda, começaríamos a votação", disse Jovair.

Inicialmente, o presidente da comissão, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), estudava deixar tanto a discussão quanto a votação do parecer para segunda, com a possibilidade de dar início à sessão de madrugada. No entanto, de acordo com Jovair, o mais provável é que somente a votação fique para segunda.

Com informações da Folha de São Paulo e G1

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