Em diálogo ocorrido em março deste ano, o ministro do Planejamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), sugeriu ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que uma "mudança", no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato, que investiga os dois.
A revelação foi feita pelo jornal Folha de São Paulo nesta segunda-feira (23).
A conversa foi gravada de forma escondida entre os dois e aconteceu semanas antes da votação na Câmara que resultou no impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O áudio dura 1h15min e está no poder da Procuradoria-Geral da República (PRF).
O advogado de Jucá, Antônio Carlos de Almeida, disse que seu cliente jamais faria qualquer interferência na Lava Jato.
Em um dos trechos da conversa, Machado disse ao ministro do planejamento: "O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. Ele acha que eu sou o caixa de vocês".
O jornal conta que na visão de Machado, o envio do seu caso para Curitiba seria uma estratégia para que ele fizesse uma delação e incriminasse líderes do PMDB.
Em outro momento da conversa, Machado fez uma ameaça velada e pediu que fosse montada uma estrutura para protegê-lo. "Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu desça? Se eu descer..."
Bem no início da conversa Jucá fala que com Dilma na presidência não dava mais. "Eu só acho o seguinte: com Dilma não dá, com a situação que está. Não adianta esse projeto de mandar o Lula para cá ser ministro, para tocar um gabinete, isso termina por jogar no chão a expectativa da economia. Porque se o Lula entrar, ele vai falar para a CUT, para o MST, é só quem ouve ele mais, quem dá algum crédito, o resto ninguém dá mais crédito a ele para porra nenhuma. Concorda comigo? O Lula vai reunir ali com os setores empresariais?".
Em seguida, Machado afirma que Lula acordou a militância do PT. "Aquele pessoal que resistiu acordou e vai dar merda".
Com informações do Folha de São Paulo