18 SET 2024 | ATUALIZADO 18:23
NACIONAL
Com informação do Estadão
10/06/2016 13:49
Atualizado
12/12/2018 10:17

MP da Suíça liga conta investigada na Lava Jato a campanhas eleitorais

Sob suspeita de que origem do dinheiro era criminosa, conta foi bloqueada; dinheiro ia para países das Américas do Sul e Central
Divulgação / Facebook

O Ministério Público da Suíça ligou, pela primeira vez, uma conta secreta no país investigada no "caso Petrobras/Odebrecht" ao pagamento de gastos em campanhas políticas na América do Sul e Central. A suspeita das autoridades é de que a origem do dinheiro é criminosa. O MP suíço não informou quais partidos ou políticos estariam ligados a essas campanhas.

A informação foi divulgada na tarde desta sexta-feira (10) pelo Jornal Estado de São Paulo, em sua edição online. Os procuradores em Berna, capital suíça, informaram que o dinheiro depositado na conta está bloqueado e que esses dados foram solicitados por autoridades brasileiras.

A investigação sobre a origem dos recursos que movimentava essa conta e o seu destino foi iniciada depois da delação premiada do lobista Zwi Skornicki, apontado como operador de propinas pela Operação Lava Jato e está preso desde 23 de fevereiro de 2016. Segundo sua delação, ele repassou R$ 4,5 milhões para a conta na Suíça do marqueteiro do PT, João Santana.

"Como parte das investigações sobre o caso Petrobrás/Odebrecht, o Escritório do Procurador Geral da Suíça também ordenou o bloqueio de uma conta que era mantida por uma empresa localmente domiciliada", apontou a procuradoria. "De acordo com as informações disponíveis, a conta foi usada para financiar campanhas políticas na América Central e na América do Sul".

Skornicki contou em delação que o valor de US$ 4,5 milhões foi solicitado pelo então tesoureiro do PT João Vaccari Neto "para ajudar a financiar a campanha de reeleição de Dilma Rousseff". Segundo o MP suíço, "em relação à sra Dilma Rousseff, não existe nenhum processo criminal e nem investigações conduzidas em relação a ela".

Além do Brasil, a Suíça já estabeleceu cooperação com o Panamá no caso envolvendo recursos e pagamentos feitos pela Odebrecht. "Nesse contexto, o escritório do Procurador Geral está focando na possibilidade de que esses fundos vinham de atividades criminosas, e não na possibilidade de que eles possam ter sido usados de maneira ilegal", explicou a procuradoria.  

"Qualquer doação ilegal para campanhas eleitorais e outros objetivos políticos devem ser assunto de investigação nos países concernidos e não são, portanto, do interesse direto das investigações conduzidas pelo Escritório do Procurador Geral", disse o MP.

Segundo Berna, porém, o Brasil já fez um pedido de cooperação para ter acesso a esses dados e que, por enquanto, a solicitação está sendo alvo de uma avaliação. "As autoridades brasileiras pediram à Suíça a cooperação para obter os dados relacionados a essa conta bancária", confirmou o MP em Berna. "Esse pedido por assistência mútua está sendo atualmente processado", explicou.  

Outro lado
Com a informação de que o lobista Zwi Skornicki fechou delação premiada informando repasses à conta de João Santana, a defesa de Dilma Rousseff rebateu na quinta-feira (9) "a insinuação de que teria conhecimento de um suposto pedido de R$ 4,5 milhões feito pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto".

"É público e notório que o tesoureiro da campanha da reeleição foi o ex-ministro Edinho Silva. Ele é quem tratava da arrecadação para a campanha em 2014. Todas as doações de empresas foram legais e estão na prestação de contas aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)", dizia a nota.

Já a defesa de Vaccari disse na ocasião que a informação do delator não pode ser considerada. "Sem nenhuma comprovação ou credibilidade. Até porque o sr. Vaccari era tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, jamais tendo funcionado como tesoureiro de campanha".

Notas

Publicidades

Outras Notícias

Deixe seu comentário