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POLÍCIA
Cezar Alves, da Redação
08/07/2016 16:31
Atualizado
13/07/2016 12:27

Desço o cacete mesmo! , diz advogada proibida de falar de delegado em redes sociais

Advogada Brenda Martins explica porque criticou o delegado de Assú e confirma que foi proibida de criticá-lo nas redes sociais e que vai descumprir a decisão e pagar a multa de R$ 5 mil

A advogada Brenda Martins, de Natal, mais uma vez no uso de suas atribuições e no exercício legal de sua profissão, criticou publicamente em sua rede social o trabalho de investigação do delegado Marcelo Aranha, de Assú-RN. "Eu desço o cacete mesmo", diz a advogada, que está disposta a pagar a multa de R$ 5 mil para continuar se expressando como deseja nas redes sociais.

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As inserções da advogada nas redes sociais contrariam decisão liminar da Justiça, emitida semana passada, proibindo ela de fazer críticas ao trabalho do delegado de Assú nas redes sociais e aplicando uma multa de R$ 5 mil no caso de desobediência.

Brenda Martins, no caso, optou por pagar a multa de R$ 5 mil e continuar denunciando o que ela classifica como arbitrariedades de Marcelo Aranha.

E o fez em texto e vídeo, onde diz que o delegado de Assú é uma autoridade meia-boca e chama ele de "menino buchudo". Diz que foi a primeira vez que viu isto. Diz ainda que não se intimida com multa de R$ 5 mil reais e dá uma risada a decisão da justiça.

Segue o vídeo na íntegra:

Contextualizando o caso

A advogada Brenda Martins revela que tudo começou com um roubo de um malote de dinheiro da rede de postos de combustíveis da família Diniz, no Vale do Açu. Os assaltantes, na ocasião, conseguiram fugir levando o dinheiro em um veículo tomado de assalto.

Três dias após o crime, a advogada Brenda Martins foi contratada para apresentar à polícia um dos suspeitos de participar do delito, após livrado o flagrante. Um garoto de 23 anos, réu primário e que reside com a família em frente à sede da Delegacia de Assú.

Brenda contou que antes de apresentar o suspeito (seu cliente), se certificou que não havia pedido de prisão preventiva decretado na Justiça de Assí. “Foi jurado de pé junto que não, que ele só precisava contribuir com a investigação da Polícia Civil”.

A defensora do suspeito do assalto diz que durante a oitiva, o delegado fez ameaças e coagiu o suspeito e ela gravou tudo, escondido. Ela narra que enfrentou os sete policiais comandados pelo delegado Marcelo Aranha para pararem as arbitrariedades. Não houve acordo.

O suspeito recebeu voz de prisão. Eram 22 horas e não havia imprensa na Delegacia de Assú, porém, poucos minutos depois a foto do suspeito já estava em todos os blogs de Assú. “Fotografia essa feita e repassada pelo próprio delegado à imprensa”, denuncia Brenda.

“O título da reportagem dizia que a polícia fazendo um ótimo trabalho já havia conseguido prender o assaltando. Como assim? Se o acusado mora em frente à delegacia e havia ido sozinho à delegacia e contribuiu com a justiça? A prisão foi ilegal e injusta”, afirma a advogada.

“O ego do delegado Marcelo Aranha explodiu”, diz Brenda Martins. Aranha foi à imprensa informar que faria três representações contra Brenda Martins (veja AQUI), uma de ordem Criminal, uma na OAB -RN e outra a nível cível na Justiça do Rio Grande do Norte.

Brenda diz que foi à procura dos bandidos que fugiram com o carro e o dinheiro do assalto e os convenceu a devolver o carro, dois dias depois, para atenuar a situação do seu cliente, que continuava preso, mesmo contribuindo com as investigações.

A advogada reclama que mais uma vez o delegado "midiático" foi a imprensa dizer que a Polícia Civil em um trabalho sobrenatural e surpreendente achou o carro do assalto ao malote da rede de postos de combustíveis da família Diniz no Vale do Açu.

“Ou seja, passaram dias e a polícia civil não conseguiu nem se mexer, rodando em oito. O meu cliente mesmo contribuindo com a polícia permaneceu preso”, pontua Brenda Martins.

“O delegado não satisfeito com seu show de aberrações, começou a ameaçar de prisão os familiares do acusado: pai, mãe, namorada, o que acabou prendendo um tio do acusado. Sob que alegação? Nenhuma! O tio do acusado, um senhor de 65 anos, não tinha nenhuma ligação com o crime, nem de perto, nem de longe”, assegura a advogada.

Neste ponto, a advogada Brenda Martins faz uma grave colocação: “Mas essas aberrações tidas coadunadas com o Ministério Público (MP) e o juiz daquela comarca. O tio do suspeito ficou preso por 15 dias numa cela com capacidade para 40 pessoas e com mais de 100 presos. Isto sendo o tio do suspeito um senhor de 65 anos, com a vida pregressa ilibada. Apenas para deixar o ego do delegado daquela instuição mais obeso”, relata a advogada. Enviamos pedidos de versões a justiça e a promotoria de Assú e não recebemos resposta.

Com a prisão do tio do suspeito, a advogada Brenda Martins diz que não se conteve, tendo procurado a polícia e se colocado como cidadã para levar os policiais até o que ela classificou como mentor intelectual da quadrilha que fez o assalto à Rede de postos de combustíveis.

Brenda Martins narra que sem colete à prova de bala, sem arma ou proteção, foi para operação policial com eles (os policiais civis de Assú) tentando achar os assaltantes. “Isto foi dito e assinado, o que era para ter ficado sob sigilo na delegacia”, afirma a advogada.

O delegado em 2 horas fez com que tal compromisso chegasse ao processo, onde os advogados do chefe da quadrilha, que já é um bandido conhecido, tivesse acesso. “Este ato, segundo Brenda Martins, a colocou na mira dos assaltantes. Agora está ameaçada de morte.

Por ter ido nesta operação, Brenda Martins diz que conseguiu, em contrapartida, que o delegado Marcelo Aranha fizesse o relatório reconhecendo que o tio do seu cliente nada tinha com o caso. Neste caso, o senhor de 65 anos deveria ter sido solto, como de fato foi, mas depois de 15 dias atrás das grades.

Mas diferente do que acordado com o delegado, o tio do seu cliente não foi liberado. E para fechar com chave de ouro, para tornar toda a trama mais novelesca a advogada está sendo processada pelo delegado, que quer uma indenização de R$ 20 mil reais por danos causados a sua imagem pessoal por ter relatado estes fatos nas redes sociais.

Nesta ação, o delegado Marcelo Aranha conseguiu uma liminar na Justiça determinando que a advogada Brenda Martins não fizesse mais comentários contra ele nas redes sociais, no caso de desobediência a aplicação de uma multa de R$ 5 mil reais. A advogada optou por pagar a multa e continuar denunciado o que ela classificou como ilegalidades praticadas pelo delegado Marcelo Aranha, de Assu.

 

Delegado diz que cumpriu o seu dever e está processando a advogada


Em contato com o delegado Marcelo Aranha, de Assú, este informou que toda essa polêmica se deu simplesmente porque o mesmo cumpriu alguns mandados de prisão expedidos pelo juiz de Assú contra clientes da advogada.

 

Essas foram as palavras do delegado:

 

"A advogada reclama da prisão do cliente dela logo após o interrogatório. Ora, existia um mandado de prisão decretado pelo Exmo. Juiz da Comarca de Assú, logo, era minha obrigação cumprir aquele mandado. Ela reclama que a prisão foi ilegal e injusta, porém neste ponto eu não posso opinar, tendo em vista que minha obrigação é apenas cumprir o que é determinado pelo Poder Judiciário.

Também entendo que a Dra Brenda tenha ficado um pouco chateada com esse caso, pois durante o curso das investigações eu consegui que Dra Brenda entregasse a polícia todos os crimes cometidos por seus clientes, o veículo utilizado no crime, bem como os crimes cometidos por outros membros da quadrilha, incluindo o chefe. Usando de algumas técnicas policiais e aproveitando um pouco da inexperiência da Dra. Brenda na área criminal, tratei a advogada como informante, ganhei sua confiança e assim ela entregou toda a quadrilha, por isso acho que esta é a razão de toda sua ira.

É de se lamentar que não existam exames psicológicos para se tornar advogado no Brasil, pois assim evitaria que profissionais dessa estirpe ingressassem nos quadros da OAB, causando vergonha para toda a classe.

Por fim afirmo que este caso está encerrado e não mais comentarei sobre o assunto. As novas ofensas e inverdades aqui proferidas pela Dra. Brenda serão objeto de novas ações cíveis, criminais e representação na OAB/RN, pois se ela não respeita e não se faz respeitar, a justiça irá fazer isso por ela."

Notas

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