Rombo deixado na APAMIM em Mossoró já supera os R$ 36 milhões

O rombo detectado até agora pela Junta Interventora Federal na Associação Associação de Assistência e Proteção à Maternidade e à Infância de Mossoró (APAMIM) passa dos R$ 36 milhões. São débitos feitos ao longo dos anos junto a fornecedores, INSS, FGTS, empréstimos milionários em nome da APAMIM em bancos, dívidas trabalhistas, entre outros.

A informação foi passada em primeira mão por Larizza Queiroz, que é coordenadora da Junta Interventora Federal na APAMIM desde outubro de 2014, durante o programa Cenário Político, desta segunda-feira, na TCM. A interventora pede ao Governo do Estado para reabastecer o Hospital da Mulher e assim evitar novo caos na obstetrícia em Mossoró.

O que teria sido feito com tanto dinheiro? Larizza Queiroz disse que o processo corre em segredo de Justiça na 8ª Vara Federal de Mossoró e que tudo que está sendo detectado está sendo catalogado e enviado para os promotores de Justiça avaliarem. Também existe uma avaliação constante do desempenho do trabalho da Junta Interventora.

Larizza Queiroz enfatizou a importância da reabertura dos serviços de obstetrícia, em outubro de 2014, e principalmente o retorno das cirurgias eletivas, que aconteceu semana passada, transformando a antiga Casa de Saúde Dix Sept Rosado no Hospital Maternidade Almeida Castro. Desde de agosto de 2003 que não se fazia uma cirurgia ortopédica na casa.

Segundo ela, o Hospital da Mulher cumpre importante função na obstetrícia da região, atendendo aos partos de alto risco, que é dever do Governo do Estado. Entretanto, o Hospital da Mulher não está conseguindo atender a todos que procura. Falta medicamentos, insumos e material médico para atender as pacientes em trabalho de parto.

“Faço um apelo para que o governo do Estado para restabelecer o quanto antes todo o estoque de medicamentos, insumos e material médico do Hospital da Mulher, para que o Hospital Maternidade Almeida Castro posso cumprir seu dever com mais qualidade tanto em obstetrícia como nas cirurgias eletivas que já começamos a fazer”, destaca Larizza Queiroz.

A Junta Interventora, que assumiu o controle por determinação judicial no mês de outubro de 2014, mostra que é possível o Hospital Maternidade Almeida Castro funcionar com recursos do SUS. Nestes seis meses foi possível, em parceria com a Prefeitura Municipal de Mossoró, investir mais de R$ 2 milhões no reaparelhamento e estrutura física do hospital.

“Este é um investimento muito importante, pois temos em Mossoró uma fila de cerca de 450 pessoas aguardando cirurgias ortopédicas (muitos prostrados em camas nas enfermarias do Hospital Regional Tarcísio Maia), 300 de ginecologia e cerca de 1.500 de outros tipos. É este povo todo que está precisando do SUS que vamos atender”, destaca Larizza Queiroz.

O trabalho de reestabelecimento dos serviços no Hospital Maternidade Almeida Castro não tem data para terminar. Já abriu 96 leitos na obstetrícia, está trabalhando para abrir mais 36 leitos do Programa Mãe Canguru, além de 40 leitos de clínica cirúrgica e pós cirúrgico, além de uma UTI adulto com dez leitos no hospital. Falta pouco para isto acontecer.

Ainda conforme Larizza Queiroz, a projeção para o futuro é abrir também uma UTI pediátrica, para somar com a UTI neonatal já aberta nestes seis meses iniciais de intervenção. Neste caso, a principal dificuldade para abrir este importante serviço de saúde é a contratação de profissionais na área de pediatria, que não tem na região de Mossoró.  

Sobre como o Hospital Maternidade Almeida Castro vai pagar o rombo de R$ 36 milhões, Larizza Queiroz disse que a Justiça Federal está penhorando bens dos sócios da APAMIM, assim como o prédio do anexo foi colocado como garantir o pagamento das ações trabalhistas. Algumas dívidas já estão sendo negociadas e pagas. Esta é missão da Junta Interventora.