20 SET 2024 | ATUALIZADO 11:16
Retratos do Oeste
30/08/2015 20:04
Atualizado
13/12/2018 00:37

O dia em que a freira me fez chorar...

Certo dia, ela me chamou no meio de outros alunos e me perguntou


Crônica escrita por Cyrus Benavides

Eu devia ter oito anos de idade. Estudava no colégio Ginásio Sagrado Coração de Maria, em Mossoró. Sempre fui gordinho, daqueles em que se forma cordão de sujo na dobra do pescoço, de areia e suor. Já puxei pelotão no desfile de 07 de setembro, mesmo marchando desengonçado pouco e ruim, eu era muito amigo da irmã Ana, diretora do colégio.

Na época existia a irmã Aparecida. De poucas risadas e muitos carões. Dava aula de Geografia com aquelas canetinhas antigas, que esticam e viravam uma vara que tocava o quadro de giz. Perguntas durante a aula, eram sempre seguidas de uma rasgada. Era sisuda, mas tinha um coração bom.

Certo dia, ela me chamou no meio de outros alunos e me perguntou :
- Cyrus, na sua casa passa carro do lixo?
Eu inocentemente respondi que sim. 
Ela com tons de sarcasmo sentenciou: - Jogue seus tênis no lixo, estão muito velhos.

Cheguei em casa chorando. Minha mãe olhou nos meus olhos e disse: - Para ser feliz, vai lhe bastar um tênis para ir ao colégio o ano inteiro e um sapato arrumado para ir aos aniversários e missas aos domingos. Seu pai quando era criança ia pro colégio de sandália e quando adolescente virava a gola da camisa para durar mais. Não chore. Está pertinho de terminar o ano.

Eu aprendi a viver com pouco. Eu aprendi a ignorar aqueles que me julgam. O grande segredo da vida é ser feliz com o que é nosso ...

Obs.: Fiz essa crônica porque o motorista do órgão que trabalho, contou que sua filhinha de 05 anos pediu que ele comprasse uma farda nova, pois a dela estava velhinha. Daí, passei minha lição adiante.

Notas

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