“O eleitor deve analisar todos os antecedentes dos candidatos”. A orientação é do juiz Herval Sampaio Júnior, que em 2012 teve atuação decisiva na cassação do mandato da ex-prefeita Cláudia Regina. O magistrado não estará diretamente envolvido na fiscalização do pleito deste ano, mas garante que, enquanto cidadão, estará atento a tudo.
“Se você vai votar em uma pessoa, precisa saber todo o histórico dela nas gestões passadas. Se ainda não é gestor, conhecer o que ela fez na atividade privada para ver se ela tem potencial, saber quais os planos de governo, quais as propostas. Analisar é uma das nobres missões do eleitor. Que ele faça. Não gosto de presumir culpa. Não é porque alguém teve a indisponibilidade dos bens em um processo que está começando que a pessoa é culpada. Por outro lado, gosto de ser justo, você deve analisar: nas eleições passadas, quem cometeu os ilícitos eleitorais? Cometeu por quê? Vai fechar os olhos e tapar os ouvidos?”, reforça Herval.
A resposta do juiz veio após um questionamento feito por um internauta durante entrevista concedida por Herval ao jornal MOSSORÓ HOJE na última quarta-feira, 17. Bruno Medeiros perguntou o que o magistrado achava de candidatos que respondem a vários processos se candidatarem à Prefeitura de Mossoró, numa referência a ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP). “Devemos analisar tudo. Eu como cidadão, eleitor, sou ranzinza, vou analisar tudo, fazer um pente-fino, exercer o meu voto com vários critérios, incluindo essa da questão do passado”, frisou o juiz.
Durante a entrevista a este jornal, Herval Sampaio também relembrou o processo eleitoral de 2012, que culminou com a cassação da ex-prefeita Cláudia Regina e também em condenações contra a então governadora Rosalba Ciarlini.
O juiz, sem citar os nomes das ex-gestoras, disse estranhar o posicionamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que devolveu a elegibilidade à ex-governadora em processos em que Rosalba já havia sido condenada pela prática de abuso de poder político e econômico nas eleições de 2012, mais especificamente na ação referente ao uso da aeronave do Estado durante o pleito.
“Tudo que eu considerei ilícito nas eleições de 2012 foi confirmado como tal pelo TRE e TSE. Se houve questão de reconfiguração de responsabilidade, não vou me atrever a comentar aqui, perguntem ao TSE, que, inclusive, mudou sua jurisprudência, no mínimo cometeu algo estranho, que eu não consigo muito explicar. Como é que um fato é considerado grave hoje e 15 dias depois não é mais? A ilicitude foi mantida em todos os casos, inclusive nesses casos de reconfiguração de responsabilidade”, destacou Herval.
Por fim, o juiz ressalta que espera eleições limpas em 2016. “Ninguém aguenta mais. Não é possível que você ache racional que todos os exemplos negativos que tivemos nas eleições 2012 se repitam agora. Nosso objetivo é evitar que se repita o rosário de infrações que aconteceram nas eleições de 2012, como disse o ministro do TSE. Todas as infrações previstas em lei aconteceram aqui em Mossoró. Um absurdo”, conclui.