"Assustador para todas as universidades federais do País", diz reitor da UFERSA sobre cortes
Arimateia Matos disse que o Governo Federal cortou 20% dos recursos para custeio e 60% dos recursos dos investimentos da UFERSA, assim como de todas as institucionais federais do Brasil
O ano de 2016 não será fácil para fechar as contas na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), de Mossoró/RN. É que este a instituição receberá 20% a menos nos recursos para custeio e 60% a menos dos recursos para obras estruturantes.
A informação é do reitor José de Arimatea Matos. Os cortes do Governo Federal este ano e nos próximos anos também preocupa os reitores de todas as universidades do Brasil. "O que houve foi um contingenciamento de 20% no custeio e 60% no capital", diz o reitor.
"Ou seja, as universidades vão ter uma queda muito grande no orçamento. Isto nos preocupa, não só a questão de capita, mas também de custeio", diz Arimatea Matos, acrescentando que os reitores estão em diálogo com o Ministério da Educação, buscando uma saída.
A preocupação dos dirigentes das instituições de ensino federal já foi levada a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), presidida pela reitora Ângela Maria de Paiva Cruz, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
A Andifes é composta por 63 reitores das 67 instituições federais de educação no Brasil. Segundo Arimatea Matos, a instituição, através de sua presidência, está dialogando com as bancadas na Câmara e no Senado no sentido de reverter o quadro, manter os investimentos.
Ângela Maria de Paiva Cruz assumiu a presidência da Andifes no início de agosto deste ano e vai até o final de julho de 2017. Neste período, a reitora reconhece as dificuldades econômicas do Brasil e a crise política, porém afirmou que vai trabalhar para manter os investimentos.
Não só manter, mas que os investimentos continuem sendo feitos para que o ensino superior continue sendo de qualidade em todo o Brasil. "Precisamos salientar que essa nova direção se manterá firme em defesa da democracia brasileira e do importante projeto de educação básica e superior pública, gratuita e de qualidade", declarou a presidente da Andifes.
Para a reitora Ângela Maria Paiva, "a Andifes tem o papel de ampliar o debate acerca da defesa da democracia e dos direitos sociais conquistados pela sociedade brasileira, com a efetiva participação das universidades", diz Ângela em entrevista ao jornalista Wilson Galvão.
O que está em jogo, em se tratando do Rio Grande do Norte, são vários cursos que estão sendo implantados. Destacando-se, entre eles, o curso de medicina, assim como as engenharias nos Campus de Angicos, Caraúbas, Pau dos Ferros e no Campus Central em Mossoró. Estes campis precisam de investimentos para consolidá-los.
Em se tratando dos cursos de medicina, tanto da UFERSA como também da UFRN, os reitores estão preocupados com os leitos hospitalares insuficientes para serem usados como sala de aula prática para os alunos de medicina em várias especialidades. Para atender esta demanda, um dos projetos da Andifes é federalizar hospitais públicos do interior.
É o caso de Mossoró, que a UFERSA abiu negociação com o Centro de Oncologia para federalizar o hospital que já está com a estrutura pronta numa rua por trás do Serviço Social do Comércio (SESC) e, assim, servir e hospital escola para os alunos de medicina a UFERSA.
Sobre isto, Ângela Maria paiva destacou: "Umas das políticas definidoras das nossas ações é a consolidação do Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários (HUs), com apoio na ampliação do financiamento da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
A presidenta da Andifes defende essa relação entre as universidades e a Ebserh, "pois percebemos que a Empresa não abriu mão do ensino e da pesquisa aplicada e porque vivenciei no RN a ampliação de oferta de serviços como oncologia, emergência cardiológica única no estado e reprodução assistida, os quais alguns são até raridade na região Nordeste".
E o diálogo, ao que tudo indica, conforme o reitor Arimatea Matos, será adotado como regra pela presidenta da Andifes para convencer os parlamentares da importância da continuidade dos investimentos nas universidades federais no Brasil.