O presidente eleito, Jair Bolsonaro, realizou um novo recuo nas decisões anunciadas do futuro governo. O ministério do Trabalho, cuja extinção havia sido confirmada por ele, não será mais incorporado e continuará como ministério.
Bolsonaro disse também que pretende participar de uma audiência com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e procurou minimizar um eventual mal-estar com os presidentes das duas Casas Legislativas. Ele disse que houve um "mal-entendido" que levou ao cancelamento das audiências com as duas autoridades na manhã desta terça-feira. Ele disse que pretendia apenas rever colegas da Câmara e que sua assessoria tinha achado que era para marcar reuniões formais com Maia e Eunício.
"Houve um mal-entendido... quero entrar no plenário, apertar a mão dos deputados, meus amigos, dar um abraço neles e a partir daí uma audiência com o Rodrigo Maia e depois também com o Eunício. Eu não tenho problema de falar com eles e nem eles para falar comigo", disse.
Segundo Bolsonaro, está previsto um café na quarta-feira com Maia. Ele destacou que, se o encontro não ocorrer, na próxima semana vai haver "com certeza".
A movimentação de Bolsonaro visa a reduzir um desconforto no Congresso, após o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, ter dito na semana passada que era necessário dar uma "prensa" nos parlamentares para aprovar a reforma da Previdência ainda este ano.
Bolsonaro também disse que talvez anuncie ainda nesta quarta-feira o nome do futuro ministro do Meio Ambiente, dizendo que tem dois nomes em análise e que pode surgir um terceiro. Ele fez uma rápida avaliação do perfil e das demandas.
Para Bolsonaro, é preciso "alguém que tenha vontade e iniciativa para mudar muita coisa ou alguma coisa de modo que destrave a questão ambiental".
"A questão de licenças ambientais tem atrapalhado muito o desenvolvimento do Brasil", afirmou.
O presidente eleito admitiu, ainda, que o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) é um dos cotados para assumir o Ministério da Saúde.
"Olha só, ele é muito bem quisto por grande parte dos médicos de todo o Brasil, a própria frente parlamentar da saúde é simpática à ideia dele. Deixou um rastro de bom serviço lá em Mato Grosso do Sul. Então é um nome que está sendo cogitado sim", afirmou.
Bolsonaro disse que a indicação do general da reserva do Exército Fernando Azevedo e Silva para o cargo de ministro da Defesa, anunciada mais cedo nesta quarta-feira, não foi sugestão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. Azevedo e Silva é atualmente assessor especial de Toffoli.
O presidente eleito disse que o escolhido fez um "estágio" com Toffoli, mas que a escolha foi feita pela equipe dele e confessou ter ouvido o também general da reserva do Exército Augusto Heleno para bater o martelo dessas questões. Heleno é um dos mais próximos auxiliares de Bolsonaro e chegou a ser confirmado ministro da Defesa, mas foi deslocado para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI).