Nos áudios publicados pela Veja nesta terça-feira 19, que revelam conversas entre o ex-ministro Gustavo Bebianno e o presidente Jair Bolsonaro, a Globo é tratada como "inimiga" pelo presidente. O diálogo comprova também que uma das hipóteses que circularam para a demissão, a de que Bebianno teria sido exonerado porque marcou reunião com um dirigente da emissora, é verdadeira.
Há uma semana, "Bolsonaro encaminhou a Bebianno uma mensagem contendo a agenda do ministro. Nela, constava que Bebianno receberia na terça-feira, às 16h, o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo. Ao receber mensagem do presidente, a quem trata apenas por "capitão", Bebianno respondeu de imediato: 'Algo contra, capitão?'", relata a Veja.
Depois de enviar algumas mensagens de texto a Bolsonaro, Bebianno recebeu um áudio em que o presidente declara que a Globo é uma inimiga do governo e que, ao fazer contatos com a emissora, o colocaria em posição delicada com "as outras emissoras":
"Gustavo, o que eu acho desse cara da Globo dentro do Palácio do Planalto: eu não quero ele aí dentro. Qual a mensagem que vai dar para as outras emissoras? Que nós estamos se aproximando da Globo. Então não dá para ter esse tipo de relacionamento. Agora... Inimigo passivo, sim. Agora... Trazer o inimigo para dentro de casa é outra história. Pô, cê tem que ter essa visão, pelo amor de Deus, cara", disse Bolsonaro.
"Fica complicado a gente ter um relacionamento legal dessa forma porque cê tá trazendo o maior cara que me ferrou – antes, durante, agora e após a campanha – para dentro de casa. Me desculpa. Como presidente da República: cancela, não quero esse cara aí dentro, ponto final. Um abraço aí", disse ainda.