O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, também teria sido uma indicação de Olavo de Carvalho, ideólogo do governo Bolsonaro, a exemplo do antecessor, Ricardo Vélez Rodríguez, cuja demissão foi anunciada nesta segunda-feira 8. A informação é da jornalista Julia Chaib, da Folha de S.Paulo.
Segundo ela, o nome do economista foi levado ao presidente em uma lista com outros dois discípulos do escritor. Olavo teria exigido ainda, além de uma das nomeações indicadas por ele, a realocação de alunos seus no Ministério da Educação.
O substituto é tão obscurantista quanto o recém-demitido, autor de discursos contra o chamado "marxismo cultural" nas escolas e a "ameaça comunista" no Brasil. No entanto, para Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia, ele não pode ser reduzido a um 'olavista', por ter trajetória no mercado financeiro.
Mesmo após a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, o autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho continua influenciando no órgão. Abraham Weintraub, ligado ao mercado financeiro, já disse que era preciso adaptar as teorias do escritor para "derrotar a esquerda". Sem formação ou experiencia em gestão de politicas educacionais, ele trabalhou 18 de seus 47 anos no Banco Votorantim, onde foi de office-boy a economista-chefe e diretor. Foi demitido e seguiu para a Quest Corretora. Depois tornou-se professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Abraham e seu irmão Arthur Weintraub, também da Unicesp, atuam em dupla no interior do bolsonarismo. Os dois chegaram a defender a luta contra uma suposta tentativa de transformar o Brasil numa grande Venezuela. "Durante o século XX, mais da metade das pessoas do mundo viveram sob alguma forma de terror. Hoje, a América do Sul, e o Brasil em particular, faz parte do espaço vital de uma estratégia clara para a tomada de poder por grupos totalitários socialistas e comunistas", diz Abraham. "Eu não acreditava nisso. Achava que era teoria da conspiração. Todavia, está tudo documentado! O Foro de São Paulo é uma realidade! As FARC eram convidadas de honra. O crack foi introduzido no Brasil de caso pensado. Vejam os arquivos, está na internet!". Seus relatos foram publicados pelo jornal O Estado de S.Paulo.
O novo ministro também se envolveu em um conflito com estudantes da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp, onde ele ensinava junto com o irmão Arthur Weintraub. A polêmica veio após Jair Bolsonaro publicar, em novembro passado, um texto nas redes sociais assinado pelos Weintraub, que defendia a independência do Banco Central.
"Repudiamos a associação de nosso corpo docente à pessoa do senhor Jair Bolsonaro, já que coloca em jogo o princípio da instituição, e de nossos valores em defesa da educação pública, gratuita e socialmente referenciada", dizia a nota assinada pelo diretório acadêmico do campus e pelos centros acadêmicos dos cursos de Economia e de Relações Internacionais - os representantes de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Atuariais não se posicionaram.
Os irmãos rebateram dizendo achar impressionante que os estudantes de Economia lhes dessem "lição de moral". Segundo os Weintraub, os alunos deveriam deixar "de ser ridículos" e ter vergonha "por puxar a nota do campus lá para baixo". Os dois professores também afirmaram que os jovens que aguardavam "ansiosamente pela Ditadura do Proletariado".