15 MAI 2024 | ATUALIZADO 23:16
MOSSORÓ
ANNA PAULA BRITO
29/04/2019 13:44
Atualizado
30/04/2019 11:54

Parque Nacional da Furna Feia é tema de debate sobre preservação da caatinga

O primeiro evento do ciclo de debates sobre a caatinga foi realizado nesta segunda-feira (29), no auditório da UFERSA. Pesquisadores, alunos e comunidade acadêmica se reuniram para falar sobre meio de preservar um bioma que é tão rico, mas que apresenta risco de extinção de várias espécies devido a exploração.
O Parque Nacional da Furna Feia está localizado entre os municípios de Mossoró e Baraúna e ocupa 8.494 hectares.
FOTO: DIVULGAÇÃO/UFERSA

Em evento promovido pelo senado federal, nesta segunda-feira (29), pesquisadores, alunos e comunidade acadêmica debateram sobre a preservação e a redução das desigualdades sociais na caatinga.

O encontro fez parte do primeiro ciclo de debates sobre o bioma caatinga e aconteceu no auditório da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). Mossoró é a primeira cidade a receber o evento.

O debate contou com a participação do diretor do Parque Nacional da Furna Feia, Leonardo Brasil, uma unidade de conservação de proteção integral da natureza, com área aproximada de 8.494 ha e está localizada entre os municípios de Mossoró e Baraúna.

Leonardo contou que o semiárido tem cerca de 330 tipos de aves registrados dentro do Bioma Caatinga e destas, 115 estão presentes na Furna Feia.

“115 espécies de aves do bioma caatinga já foram registradas no Parque da Furna Feia e o número está aumentando. Sabemos que tem outras lá e a gente ainda não conseguiu visualizar”.

O diretor explicou que a dificuldade em registrar novas espécies se dá devido a facilidade que alguma aves têm de se esconderem. “A não ser que você tenha um trabalho específico de procura, de busca por esses animais, você não vai conseguir visualizá-los. Então a gente tem um esforço sendo feito de busca e observação dessas aves para conseguir identificá-las”.

O trabalho de proteção que vem sendo realizado na Furna Feia tem garantido o aumenta, não só o número de indivíduos de cada espécie, mas também a repopulação de algumas áreas que no passado tiveram exploração.

“Várias espécies de aves canoras, essas que são mais capturadas para fazer competição de canto, tinham diminuído muito suas populações aqui na região. Com o esforço de preservação do parque, com o início da fiscalização e até mesmo com criação dele, protegendo uma área, várias comunidades ao redor do parque já têm nos relatado o retorno dessas espécies”, contou Leonardo.

Além das espécies de aves, o Leonardo informou que também existem 30 espécies de Mamíferos registrados dentro do parque, de pequeno e médio portes, além de 14 espécies de morcegos. Em todo o Rio Grande do Norte existem 16 espécies deles.

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Quanto a parte de vegetação da caatinga, nossa equipe conversou com o pesquisador e professor da UFERSA, Jéferson Dombrosque, que possuir um trabalho voltado para biomas.

O pesquisador diz que a é muito difícil encontrar caatinga preservada, visto que as árvores típicas desse bioma costumam ser as únicas fontes de sustento para o homem do campo no período de seca.

“O homem do campo, na época sem chuva, depende da caatinga, por exemplo, para a extração de lenha, para madeira e, com isso, acaba extraindo daquelas árvores mais adequadas e que acabam entrando em processo de extinção. Muitas espécies a gente quase não encontra mais. O Ipê é um exemplo, é muito difícil encontrar um pé de Ipê na caatinga ou um sabiá. Se usa tanto que não tem mais”, explicou.

Jéferson também explicou sobre a capacidade de regeneração da caatinga. Segundo ele, esse trabalho é bastante limitado, devido a falta de água, bem como dos solos rasos, que dificultam o aumento da biomassa, responsável pelo processo de regeneração.

“Os animais se alimentam dessa biomassa e ela acaba diminuindo a capacidade de crescimento da vegetação. Isso inicia o processo que nós chamamos de desertificação, diminuindo o número de espécies no ambientem, ficando apenas aquelas que têm menos utilidade para o homem”.

Para o pesquisador, a criação de uma reserva como Parque Nacional da Furna Feia é extremamente importante para a preservação das espécies. A iniciativa garante a manutenção de biomas como a caatinga, onde essas espécies são protegidas para não desaparecerem.

“Quando você limita o acesso de pessoas e o acesso de animais de criação, você dá a chance da natura se recuperar. É fundamental que a gente tenha essas áreas, porque tem espécies que estão desaparecendo, espécies que a gente ainda nem conhece.

O ciclo de palestras sobre a caatinga é uma iniciativa do mandato do senador Jean Paul Prates e tem o apoio local da deputada Isolda Dantas.

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