Quando o professor Ciro José Jardim de Figueiredo leu seu discurso de Paraninfo Geral para os concluintes das turmas de Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Bacharelado em Sistemas de Informação e Licenciatura em Computação e Informática, que colaram grau no Campus Angicos, na quinta-feira (27), ele disse em certa altura do texto que “um professor jamais pode dizer que apenas ensina, ele aprende também com os seus discípulos”.
A fala do paraninfo catalisou a noite de uma das mais emocionantes solenidades de Colação de Grau promovidas pela Ufersa, sobretudo porque colocou todos na mesma condição de aprendizes da vida, tamanha foram as lições deixadas em tantas histórias de dedicação e resiliência traçadas pelo caminho da educação.
Expressão disso está na concluinte Camyla Micaely Silveira Peixoto, do curso de Licenciatura em Computação e Informática.
Acometida por uma paralisia cerebral, Camyla ingressou na Ufersa em meados de 2016 e, ao longo da trajetória acadêmica, recebeu acompanhamento da Coordenação Geral de Ação Afirmativa, Diversidade e Inclusão Social – CAADIS através de bolsistas de acessibilidade, acompanhamento pedagógico, psicológico e outros recursos e serviços.
Cumpriu os créditos da graduação no tempo regular e emocionou a banca avaliadora do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC ao apresentar um panorama de suas vivências, dificuldades e, principalmente, superações no trabalho “Itinerários formativos de uma aluna com paralisia cerebral: uma narrativa autobiográfica do processo de inclusão”.
Se Camyla aprendeu, muito mais ela ensinou. A demonstração de reconhecimento pela trajetória veio nos aplausos da plateia, de pé, ao recebê-la no cortejo inicial de apresentação dos formandos, nas falas e nos discursos: “um exemplo de superação a ser seguido por todos nós”, ressaltou o professor Araken Medeiros Santos ao cumprimentar os estudantes em sua última solenidade de Colação de Grau na condição de diretor do Campus Angicos.
Ao encerrar a cerimônia, o reitor José de Arimatea de Matos destacou o crescimento da instituição, tanto quantitativamente quanto na qualidade do ensino, das pesquisas e da extensão levada à sociedade.
“Vocês já são vitoriosos, mas a caminhada ainda continua. De cabeça erguida, lutem sempre e se coloquem no caminho do bem. Sejam éticos! Vivam e façam a diferença na vida de todas as pessoas que vocês encontrarem pelo caminho”, disse ele, relembrando ainda que “aqueles que passam pela Ufersa recebem para sempre o sobrenome desta Universidade”.
A vitória de Camyla Micaely até aqui já é incontestável, mas ela ainda vai além. Em entrevista ao Portal Ufersa, confessou os planos para o Mestrado na área de Tecnologia e Inclusão, na sequência os estudos para um concurso e, logo no futuro, o doutorado.
Então, vale repetir: “aqueles que passam pela Ufersa recebem para sempre o sobrenome desta Universidade”. Que sorte a nossa!
EMOÇÃO EM DOSE DUPLA
Em Angicos, foram realizadas duas solenidades de Colação de Grau para concessão de título de graduação a 101 formandos.
Em ambas, os formandos foram apresentados pelo pró-reitor de Graduação, professor Rodrigo Nogueira Codes, na sequência prestaram o solene juramento, solicitaram a outorga do grau e, os concluintes que se destacaram, receberam comenda pelo mérito acadêmico.
Na primeira, às 17h30, foi concedido título aos formandos em Ciência e Tecnologia Integral, com discurso lido pelo orador André Luigui Bezerra Santos.
O paraninfo geral foi o professor Maristélio da Cruz Costa e a homenagem aos pais presentes e aos ausentes foi lida pelos estudantes Rodolfo Rodrigo Souza Farias e Maria Aparecida da Cunha.
Já na segunda solenidade, às 19h30, também participou da cerimônia Ana Adalgisa Dias, representante do CREA/RN que entregou a carteirinha aos futuros profissionais.
A homenagem aos pais foi prestada pelos concluintes Rayane Cabral da Silva e Cleiton Medeiros de Araújo. A noite foi encerrada com a apresentação musical do formando Jonas Eliab, do curso de Sistema de Informação.
“Sempre busquei viver seguindo a rotina comum de todos e, neste momento, esqueço que tenho uma companheira inseparável: a paralisia cerebral. Gostaria de dizer especialmente a vocês, formandos, que nunca deixem de sonhar e que nada e nem ninguém possa impedir de realizar os seus sonhos”, disse Camyla Micaely, oradora das turmas de Angicos 2019.2.