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NACIONAL
COM INFORMAÇÕES DE O POVO
08/05/2020 10:44
Atualizado
08/05/2020 10:44

Lockdown é iniciado na cidade de Fortaleza nesta sexta-feira, 8

Com a adoção da medida mais rígida para o combate ao coronavírus, a população da cidade só poderá circular pela cidade para a realização de atividades essenciais, como comprar alimentos, medicamentos ou trabalhar, também em serviços considerados como essenciais; A medida vale por 20 dias.
FOTO: AURELIO ALVES

A partir desta sexta-feira (8) começa o lockdown na cidade Fortaleza, no Ceará, só sendo permitido a população realizar apenas deslocamentos essenciais, como comprar alimentos, trabalhar ou comprar medicamentos.

Na realidade imposta pela pandemia, a ampliação da estrutura de internação hospitalar, que teve incremento de 64% nos leitos de terapia intensiva em 40 dias, não conseguiu acompanhar a evolução da doença e consequente demanda por leitos.

Se as pessoas continuarem com os mesmos hábitos de deslocamento observados até ontem (7) o número de mortos pode chegar a 5 mil no Ceará, com colapso do sistema de saúde previsto para o final de maio.

O Ceará atingiu 903 mortes até esta quinta-feira (7) em decorrência da infecção. Foram registrados 13.888 casos do novo coronavírus, conforme atualização da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), às 18h11min.

Segundo a pasta, a taxa de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para Covid-19 nas unidades sob gestão da Sesa é 98% na região de Fortaleza e 93% no Estado.

Metade dos hospitais privados com UTIs no Ceará teve a capacidade esgotada, de acordo com a pasta. Duzentos respiradores são esperados no Ceará até o fim da semana que vem, disse Dr. Cabeto, titular da Sesa, em coletiva.

Segundo ele, 100 aparelhos já estão no aeroporto de Pequim, capital da China, esperando liberação para o translado. Até o começo de junho, são previstos mais 300.

A grande ocupação de leitos de alta complexidade, já beirando o limite máximo, foi uma das razões apontadas para o endurecimento das medidas de isolamento.

Outras razões foram o quadro epidemiológico e a grande propagação de casos - com grande índice de letalidade nas duas últimas semanas - e o relaxamento da população quanto às medidas de isolamento, medida em bairros a partir das aglomerações e aumento do tráfego.

As informações são do "Relatório Fortaleza Covid-19 - expansão do contágio e exaustão do sistema", feito pela Prefeitura de Fortaleza e pelo Governo do Estado.

No texto, a situação da Capital é considerada "dramática". Levando em conta a quantidade de mortes, os casos registrados e a grande subnotificação, a projeção é de colapso na rede de saúde no dia 30 de maio ou pouco antes disso.

Conforme o estudo e boletim epidemiológico divulgados ontem pela Prefeitura, são projetadas 5 mil mortes até o final de maio, sendo 4 mil em Fortaleza.

Conforme José Soares de Andrade Júnior, do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC) e cientista-chefe da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), não é possível, agora, prever o pico da pandemia no Estado, porque, com as medidas mais restritivas, as circunstâncias serão alteradas.

"Tecnicamente, é necessário que haja redução de casos confirmados, de mortes e internações todos os dias durante duas semanas. Com essa diminuição progressiva que se avalia o impacto, se a gente considerar que o período de incubação vai de cinco a 15 dias", explica Luciana Costa, professora do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Só após esse período é possível dizer por quanto tempo será necessário o lockdown, conforme a virologista.

"Se a gente for levar em conta os países europeus, foi cerca de um mês, mês e meio", pontua. "Todos os cientistas, epidemiologistas e médicos sabem o impacto econômico disso, mas a gente precisa salvar vidas e a gente salva vidas dessa forma", acrescenta.

BLITZE FIXAS E VOLANTES FAZEM A FISCALIZAÇÃO EM FORTALEZA

Mais de 300 agentes de órgãos de segurança devem atuar em blitze fixas e volantes na Capital, a partir desta sexta-feira, 8.

A medida faz parte do Plano de Fiscalização, Trânsito, Mobilidade e Segurança, articulado pela Prefeitura de Fortaleza e Governo do Ceará para garantir o cumprimento das novas medidas de isolamento social.

De acordo com o secretário da Segurança Pública André Costa, os agentes devem atuar em sete blitze fixas. Ele explica que um levantamento foi realizado para apontar bairros com mais movimento durante o isolamento social. Assim, os esforços devem se concentrar nas regionais II e V.

Equipes também se dividem em motocicletas para circular por 140 quadrantes do Município, parando a população que estiver na rua e solicitando documentações que justifiquem a movimentação delas.

Quem precisar sair de casa deve levar comprovante de residência, além de documento que ateste a necessidade da locomoção.

Se não houver justificativa, o cidadão será orientado pelos agentes a retornar para a a própria residência e pode ser levado a delegacia em caso de negativa, respondendo ao artigo 268 do Código Penal por descumprimento de medidas sanitárias preventivas.


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