O professor Kerginaldo Pereira transformou a dor pela perca do filho (assassinado de forma covarde em junho de 2019 na cidade de Pendências) em literatura de cordel através do amigo e poeta José Antônio da Silva, mais conhecido por Nildo da Pedra Branca.
A obra está sendo impressa.
No próximo dia 15 de junho, completa um ano que o comerciante Elio Pereira de Moura, de 38 anos, foi executado a tiros perto de casa na cidade de Pendências, região do Vale do Açu, no Rio Grande do Norte. Passados 12 meses, pistoleiros e mandantes estão impunes.
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No dia do assassinato, a vítima estava em casa, com os 3 filhos e a esposa, almoçando. Um dos assassinos o chamou na porta de casa, falando que queria negociar uma moto. O outro assassino ficou perto, numa moto, com o guidão alto, aguardando numa tocaia.
Élio Motos, como era conhecido na cidade, pegou a camisa e quando foi entrando no carro para ir atender os “clientes”, foi alvejada. Na verdade, um assassino o atraiu para fora de casa enquanto o outro o aguardava para executá-lo com tiros de pistola 9mm.
O caso caminhou lentamente na Polícia Civil de junho a dezembro de 2019. No início de 2020, já com o delegado Sandro Régis no comando das investigações, os familiares de Elio Motos levaram vídeos, fotos e documentos ao processo que podem ajudar a esclarecer os fatos.
“Realmente quero muito dá uma boa notícia para família, que é quem mais sofre com isto tudo, mas infelizmente assim que peguei o caso, apareceu esta pandemia que travou tudo. Já tenho poucos policiais e teve alguns que se afastaram”, explica o delegado Sandro Régis.
Em contato com o MOSSORO HOJE, os familiares informaram que entregaram a polícia vários vídeos, fotos e outros documentos que revelam quem são os envolvidos no assassinato de Élio Motos. “É o que estamos investigando”, diz Sandro Régis.
A motivação do crime teria sido a venda de uma motocicleta para este cidadão de Macau. A moto apresentou defeito e este cidadão cobrou, num diálogo áspero, por telefone, tendo feito ameaça para que Élio a consertasse. Assim aconteceu. No dia da entrega da moto consertada, Élio foi executado em Pendências.
O problema é exatamente provar o que se afirma. “E quanto mais tempo passa, mas difícil de provar a culpa dos suspeitos deste caso. Já foram realizadas buscas e se necessário for, para que o caso seja devidamente esclarecido, vamos fazer outras”, acrescenta o delegado.
Na família Moura, que é originária da cidade de Patu, diz que o que mais revolta é o fato de todos no Vale do Açu saber quem matou e quem mandou Élio Motos, e a Justiça não manda prendê-los. “Isto gera uma sensação terrível de injustiça”, diz o advogado Adrikson Holanda.
O professor Kerginaldo Pereira destaca que dói mais pela impunidade. Reforça que todos em Pendências, Macau, Alto do Rodrigues, no Vale do Açu inteiro, sabe quem matou e quem mandou matar Élio Motos e a polícia não os prende. “Mas não será esquecido”, diz o pai.
“Élio nunca fez mal a ninguém. Deixou mulher e três filhos pequenos órfãos, seus pais e irmãos de coração partida, em pedaços, procurando chão para pisar. Não é justo, não é humano e o que estado e a Justiça estão fazendo com nossa família”, finaliza Kerginaldo Pereira.