O Secretário Executivo do Consórcio Nordeste, o ex-ministro Carlos Gabas, disse como os estados do Nordeste enfrentaram a pandemia através da entidade e explicou porque ficou em silêncio em depoimento à CPI da Covid-19 na Assembleia Legislativa do Rio Grande Norte, a respeito da compra dos respiradores que não foram entregues.
Carlos Gabas concedeu entrevista exclusiva aos jornalistas Bruno Barreto e William Robson, dentro do Programa Foro de Moscow. Falou como surgiu o consórcio, sua finalidade, sobre o calote, a sua vinda a CPI, o que mais o Consórcio está fazendo atualmente.
O ex-ministro começou dizendo que a entidade foi criada em 2019 para fortalecer a gestão dos estados, pois os governadores já sabiam que iam enfrentar dificuldades com o governo Bolsonaro, só não esperavam que fosse do tamanho que está sendo devido a pandemia.
Para apoiar as ações em benefício dos estados, ainda em 20219, Gabas disse que foi formada uma missão dos estados nordestinos para ir à Europa para vender os potenciais de investimento no Nordeste, segundo ele, conseguiram grandes investimentos.
Para enfrentar a Pandemia em 2020, a primeira ação foi montar um comitê científico, onde cada estado indicou seu melhor cientista. Do Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra indicou o cientista Miguel Nicolélis, que assumiu a coordenação dos trabalhos junto com o cientista Sérgio Rezende no Comitê.
A primeira decisão foi procurar o Governo Federal e o presidente mandou o então ministro da saúde Henrique Mandeta resolver com os governadores. Gabas disse que Mandeta falou que não tinha como ajudar a nenhum governador, pois a indústria nacional não tinha respiradores suficientes para atender todos. O mesmo foi dito aos outros govenadores.
Daí os governadores saíram as compras no mercado internacional e segundo Carlos Gabas, não foi só o Consórcio Nordeste que foi enganado. “Por, só pesquisar na imprensa, que vocês vão ver que 8 ou 10 estados foram enganados. Tiveram prejuízos milionários. Citou o Estado de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Amazonas e outros estados da região Sul.
O ex-ministro lembra que a primeira compra de respiradores pelo Consórcio Nordeste ficou retido nos EUA. E a segunda compra foi, exatamente, a dos 300 respiradores, que segundo ele, foi dentro do que é previsto na legislação vigente e não recebeu os aparelhos. Levou calote.
Gabas disse que assim que percebeu que não iria receber os aparelhos, procurou a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, e fez a denúncia para que o caso fosse investigado, os responsáveis identificados, punidos e tivesse os recursos dos estados de volta. Disse que pagou antecipado porque a havia o decreto da pandemia que permitia.
“Nós fomos a polícia e denunciamos o fato e isto tem um processo correndo no STJ, onde a PF investiga, onde o MPF investiga, e nós temos muita confiança na Justiça que os responsáveis serão identificados, punidos e os recursos devolvidos aos estados”, afirma Carlos Gabas.
Sobre a vinda a CPI da Covid19, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, Carlos Gabas disse que pediu e a Justiça lhe concedeu o direito de ficar em silêncio porque ele foi chamado para depor como investigado e não como convidado.
Explicou que foi ele que chamou a Polícia e o Ministério Público Federal e existe um processo correndo no STJ tratando do caso. Ainda segundo o ex-ministro, ele já havia quebrado o sigilo do seu depoimento ao STJ e entregue aos deputados e que os deputados do criaram um circo para recebe-lo, que tinha até senadores bolsonaristas.
Denuncia grave
Ainda durante a entrevista, o ex-ministro fez uma gravíssima denuncia, dizendo que o Governo Federal concede mais Bolsa Família aos estados do Sul do que ao povo do Nordeste.
Segundo ele, existem 852 mil famílias, sendo que mais de 45 mil famílias do Rio Grande do Norte, aguardando o benefício, que segundo ele, o governo Federal está retendo. Neste caso, Carlos Gabas disse que o Consórcio Nordeste está acionando o STF, assim como fez em 2020, para que as famílias do Nordeste tenham seu benefício liberado pelo Governo Federal.
Para assistir a entrevista na íntegra