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MUNDO
COM INFORMAÇÕES DA CNN
11/03/2022 09:56
Atualizado
11/03/2022 09:56

“Estamos fazendo de tudo para salvar nosso povo nas cidades que o inimigo quer destruir”

A Ucrânia tenta negociar a abertura de mais corredores humanitários para que civis escapem de áreas de conflito contra tropas russas, já que os ataques continuam a acontecer nesta sexta-feira (11), dizem autoridades ucranianas. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que está pronto para conversar diretamente com o presidente russo, Vladimir Putin, mas “não se comprometerá a posição russa durante essas negociações”.
FOTO: REPRODUÇÃO

A Ucrânia tenta negociar a abertura de mais corredores humanitários para que civis escapem de áreas de conflito contra tropas russas, já que os ataques continuam a acontecer nesta sexta-feira (11), dizem autoridades ucranianas.

De acordo com a ministra da Reintegração do país, Iryna Vereshchuk, as negociações envolvem cinco rotas:

Mariupol – Zaporizhzhia

Volnovakha – Pokrovsk

Polohy – Zaporizhzhia

Enerhodar – Zaporizhzhia

Izium – Lozova

Vereshchuk disse ainda que outras tentativas serão feitas para permitir que as pessoas escapem dos combates em Kiev, com rotas da capital para destinos como Bucha, Gostomel, Kozarovychi e Mykulychi.

As principais cidades ucranianas, incluindo Dnipro e Lutsk, estão sendo “sujeitas a golpes devastadores”, disse Mykhailo Podoliak, assessor do chefe do gabinete do presidente ucraniano, nesta sexta-feira.

Segundo o Ministério da Defesa russo, “armas de longo alcance de alta precisão atacaram a infraestrutura militar da Ucrânia. Os aeródromos militares em Lutsk e Ivano-Frankovsk foram colocados fora de ação.”

O prefeito de Lutsk relatou explosões em um aeródromo da cidade, segundo a agência de notícias ucraniana UNIAN. Além disso, o Serviço de Emergência da Ucrânia disse também que uma pessoa na cidade de Dnipro morreu após três ataques aéreos no início da manhã, que atingiram um jardim de infância, um prédio de apartamentos e uma fábrica de calçados de dois andares.

O ministro de Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, acusou as forças russas de matarem mais civis do que soldados ucranianos. “Quero que isso seja ouvido não apenas em Kiev, mas em todo o mundo”, disse Reznikov em transmissão.

IMAGENS DE SATÉLITE MOSTRAM QUE OS SUBÚRBIOS DE KIEV SOFRERAM DANOS SIGNIFICATIVOS

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que está pronto para conversar diretamente com o presidente russo, Vladimir Putin, mas “não se comprometerá a posição russa durante essas negociações”, disse o vice-chefe do Gabinete do Presidente da Ucrânia à CNN, Igor Zhovkva.

Zhovkva declarou ainda que o país está aberto à neutralidade “se o bloco da Otan não estiver pronto por enquanto para aceitar a Ucrânia”.

“Mas, ao mesmo tempo, precisamos de garantias de segurança rígidas para a Ucrânia para que essas guerras terríveis, essa agressão terrível não se repita no futuro”, acrescentou.

Zelensky declarou na quinta-feira (10) que cerca de 100 mil pessoas foram evacuadas por corredores humanitários nos últimos dois dias. Houve sucesso na entrega de ajuda humanitária, alimentos e remédios.

“Estamos fazendo de tudo para salvar nosso povo nas cidades que o inimigo quer destruir”, continuou.

Corredores humanitários em Mariupol e Volnovakha foram repetidamente bloqueados ou ficaram inacessíveis na semana passada em meio a intensos combates e bombardeios das forças russas. Houve mais sucesso na evacuação de pessoas de Izium, que viu uma destruição generalizada.

Já a Rússia prometeu na quinta-feira que irá abrir rotas de evacuação diárias para civis na Ucrânia. Os corredores humanitários levarão os cidadãos para território russo e funcionarão diariamente a partir das 10h, no horário local.

A coluna russa que estava sentada por quase duas semanas fora de Kiev agora se dispersou, de acordo com imagens de satélite da Maxar de quinta-feira. As forças parecem estar se reagrupando.

GUERRA NA UCR NIA JÁ GEROU 2,5 MILHÕES DE REFUGIADOS, DIZ ONU

O alto comissário da ONU (Organização das Nações Unidas) para os Refugiados, Filippo Grandi, disse na sexta-feira (11) que o número de pessoas que fugiram da Ucrânia atingiu 2,5 milhões.

“O número de refugiados ucranianos, tragicamente, chegou hoje a 2,5 milhões”, disse Grandi em sua conta oficial no Twitter. “Também estimamos que cerca de 2 milhões de pessoas estão deslocadas dentro da Ucrânia. Milhões são forçadas a deixar suas casas por esta guerra sem sentido”.

Somente em Kiev, um a cada dois habitantes deixou a cidade, que está cercada por combates.

Imagens de satélite mostram um rastro de destruição nos arredores de Kiev após os ataques das tropas russas.

OPERAÇÃO NAS USINAS NUCLEARES

Todas as usinas nucleares ucranianas estão operando de forma estável, mas os funcionários da usina de Zaporizhzhia, que foi capturada pelas forças russas, estão enfrentando pressão psicológica, disse a empresa nuclear estatal ucraniana Energoatom nesta sexta-feira.

“Tudo isso afeta negativamente o trabalho e põe em risco a segurança nuclear e de radiação”, complementou. Os níveis de radiação em todas as plantas não mudaram.

Após encontros com os ministros das Relações Exteriores de Rússia e Ucrânia, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, disse que é necessário “agir rápido” para normalizar as operações em Zaporizhzhia e Chernobyl.

A Agência teria perdido o contato com a transmissão remota de dados dos sistemas de monitoramento de salvaguardas instalados em Chernobyl.

O ministro da Energia ucraniano, Herman Halushchenko, disse ter pedido oficialmente para os russos a abertura de passagem para o conserto das linhas afetadas. Ele afirmou que a planta estava funcionando por meio de geradores reserva a diesel.

Segundo o Ministério da Energia da Rússia, especialistas de Belarus restauraram o fornecimento de eletricidade para a usina nuclear na quinta-feira.

Desde o desastre nuclear de 1986, a usina foi desativada. No entanto, o trabalho das equipes ainda é fundamental para garantir a segurança do local.

Após a invasão russa, 210 funcionários de Chernobyl permanecem vivendo e trabalhando na antiga usina, sem revezamento da equipe.

TANQUES RUSSOS CAEM EM EMBOSCADA UCRANIANA

Uma coluna de tanques russos que se dirigia a Kiev foi surpreendida na quinta-feira (10) por uma emboscada de forças ucranianas. O embate aconteceu na cidade de Brovary, a cerca de 20 quilômetros da capital ucraniana.

Uma estreita avenida de um bairro residencial se transformou em uma fileira de tanques de batalha. Após serem atingidos por lança-granadas, os russos foram forçados a deixar a localidade.

MATERNIDADE BOMBARDEADA

Repercutiu na quinta-feira um bombardeio a um hospital infantil e maternidade que deixou três mortos. A Rússia disse que uma alegação ucraniana de que forças russas bombardearam as unidades de saúde em Mariupol é falsa e equivale a “terrorismo de informação”.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou os ataques ao hospital em Mariupol. Os russos alegaram que as notícias sobre o bombardeio são falsas.

“É assim que nascem as notícias falsas”, disse no Twitter Dmitry Polyanskiy, primeiro representante permanente adjunto da Rússia nas Nações Unidas. “Isso é terrorismo de informação”, declarou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, ao comentar sobre o caso.

PREFEITO DESCREVE “DIAS DE INFERNO”

O prefeito de Mariupol, Vadym Boychenko, divulgou uma mensagem de vídeo condenando a Rússia por sua “guerra cínica e destrutiva contra a humanidade”. Boychenko falou de “dois dias de inferno” após o bombardeio da maternidade na quarta.

“Hoje, eles bombardearam cinicamente o Serviço Estadual de Emergências de Mariupol”, disse ele no vídeo que mostra os danos extensos ao prédio. “A cada 30 minutos, Mariupol era invadida pela aviação russa que atirava em prédios civis matando civis – idosos, mulheres e crianças”.

O prefeito criticou os chamados corredores humanitários para evacuação. “Eles [russos] mantêm cinicamente reféns 400 mil cidadãos de Mariupol que estão esperando que um corredor humanitário se abra”, disse ele no vídeo.

“A ajuda humanitária não pôde chegar a Mariupol pelo sexto dia agora, embora os russos afirmem que foi pacífico e tranquilo na Mariupol ocupada. É o mais alto nível de cinismo.”

Apesar da dispersão do comboio, os conflitos mais intensos seguem na cidade de Mariupol. O Ministério da Defesa da Rússia, por meio da agência russa Tass, disse que assumiu parte do controle da cidade e que 2.911 instalações militares ucranianas já foram destruídas desde o início da guerra. As perdas russas, no entanto, podem ter passado de 6.000 soldados.

REUNIÃO ENTRE RÚSSIA E UCR NIA

A reunião entre os principais diplomatas das duas nações envolvidas na guerra no Leste Europeu não teve avanço no estabelecimento de um cessar-fogo de 24 horas para ajuda aos civis. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, encontrou o chanceler russo, Sergey Lavrov, no sul da Turquia na quinta-feira (10).

A guerra da Rússia contra a Ucrânia entrou na terceira semana e as consequências financeiras para os russos foram abordadas em uma reunião entre ministros do governo. O presidente Vladimir Putin afirmou que as sanções ocidentais contra a Rússia não são legítimas e destacou que o país resolveria seus problemas “com calma”.

“Temos os recursos que podemos e estamos prontos para fornecer aos nossos parceiros estrangeiros. Deixe-me repetir: se eles criarem algum tipo de problema para nós, as consequências negativas para esta área da economia são inevitáveis. Elas são inevitáveis. O preço vai subir ainda mais”, acrescentou o presidente russo.


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