Os últimos dez anos, com exceção dos números de 2022, foram marcados pela redução de casos de hepatites A e B no Rio Grande do Norte no mesmo intervalo, porém, e na contramão dessa estatística, houve um aumento de 13,4% nos casos registrados de hepatite do tipo C.
Os dados da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) chamam a atenção para a infecção no mês dedicado ao seu combate.
A campanha “Julho Amarelo” foi instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019 e tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle de hepatites virais. A adoção da cor amarela está ligada a um dos sintomas característicos da doença: pele e os olhos com coloração amarelada.
Segundo a infectologista e pediatra Silvia Fonseca, do Sistema Hapvida, as hepatites B e C são transmitidas pelo contato com sangue contaminado presente em objetos que podem vir a ser compartilhados. Também podem ser transmitidas da mãe portadora do vírus para o filho, principalmente, no momento do parto.
“Não existe uma vacina para hepatite C, mas há práticas que devem ser evitadas, como não compartilhar objetos de uso pessoal, tais como lâminas de barbear e depilar, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings”, afirma a médica.
De acordo com dados fornecidos pela Sesap, nos últimos 10 anos, houve uma redução de 97,6% nas notificações para hepatite A e de 36,6% para hepatite B, entretanto, verifica-se um crescimento de 13,4% nos registros de casos de hepatite C.
Além disso, foi registrado um aumento de 36,9% nas notificações das hepatites virais em comparação ao mesmo período do ano passado.
Silvia Fonseca ressalta a importância da testagem em mulheres grávidas ou com intenção de engravidar para prevenir a transmissão de mãe para o bebê. De acordo com ela, a profilaxia para a criança após o nascimento reduz drasticamente o risco de transmissão vertical.
“As gestantes e suas parceiras sexuais devem realizar o teste durante o pré-natal, para que possam ser feitos os procedimentos de prevenção necessários”, explica ela.
Para Silvia Fonseca, a falta do conhecimento da existência da doença é o grande desafio.
“Por isso, a recomendação é que todas as pessoas que já tenham se exposto a situações como praticar sexo desprotegido ou compartilhar seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam, façam o teste, gratuitamente, e procurem o tratamento adequado”, adverte a infectologista do Sistema Hapvida.
A escolha do mês de julho para a campanha de combate se deu porque no dia 28 é celebrado o Dia Mundial da Luta Contra Hepatites Virais, data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a pedido do Brasil para a conscientização sobre a transmissão, o diagnóstico e o tratamento da doença.