O boabá é uma arvore milenar, de origem africana, com inúmeras propriedades medicinais, que no Brasil tem a maior concentração da espécie na Fazenda Curralinho, localizada às margens da Lagoa do Piató, em Assu/RN. Entretanto, estas unidades, conhecidas também por suas propriedades medicinais, não são reconhecidas por lei.
Foi aí que nasceu o interesse do ex-secretário municipal Samuel Fonseca, de Assu, pelos baobás. Ele procurou conhecer melhor estas gigantescas arvores e descobriu que conseguem viver até 7 mil anos, são sagradas na África (com grande concentração no Senegal) e têm inúmeras propriedades medicinais, além de grande importância cultural para o Brasil.
Segundo Samuel Fonseca, o que mais chama atenção nestas espécies de árvores, são seu tamanho. O tronco chega a medir 35 metros de circunferência e dentro de seu caule chega a acumular 120 mil litros de água em sua fase adulta (acima de 1.010 anos). Se destacam em qualquer local que estiverem, pela grandiosidade.
"Existe uma curiosidade: estas árvores, Cezar, tem uma florada só ao ano, geralmente em agosto. É rápida. Depois ela solta a semente, que cai com o tempo. É quando podemos colher para plantar e produzir a muda", explica Samuel Fonseca, que este ano registrou em foto a florada das unidades localizadas em Assu.
Fonseca explica que estas arvores foram trazidas para o Brasil pelos escravos capturados no continente africano e trazidos para o Brasil no período colonial. É que os africanos acreditam que o tronco do baobá guarda a alma deles e, daí, eles, para onde iam, levavam a semente, que segundo Samuel, eram plantadas pelos escravos ao lado das senzalas.
“Isto teria ocorrido em Assu, na Fazenda Curralinho, onde existe a maior concentração de Baobá do Brasil”, assegura Samuel Fonseca, convidando para conhecer o local. Segundo ele, é mágico e recebe visita de estudantes, professores e pesquisadores de várias regiões. “Só precisa ser reconhecido como merece”, observa o ambientalista.
O reconhecimento que faz referência Fonseca é torna-los reconhecidos por Lei, para que sejam protegidos, assim como já são outras 21 árvores da espécie que existem pelo País, inclusive 2 no RN (Natal e São Miguel). “Em Assu, já foi instituído o dia do Baobá, agora no mês de setembro, mas precisa de uma lei estadual e federal”, destaca.
“Eu me apaixonei pelos baobas de verdade”, diz Samuel Fonseca, que descobriu como se planta e tem reproduzido mudas de baobás. Na cidade de Assu, já encontramos pelo menos 5 unidades, sendo que destas cinco, duas foram ele que plantou nos anos de 2005 e 2009. “São bebês, mas que já se destacam pela grandiosidade, a formosura e sua imponência”, disse.
As outras 3 foram mudas que o próprio Samuel deu para outras pessoas plantarem. Ele disse que enviou mudas para várias partes do Brasil. “O primeiro passo para preservar estas árvores lindas e cheias de histórias, inspiradores é conhece-las e difundir este conhecimento. Na medida que a população passa a conhece-la, passa a protege-la”, observa.
Samuel Fonseca disse que já esteve em Recife, conhecendo os boabás que lá existe. Também esteve em Natal e tem conhecimento da espécie em outras estados, mas segundo ele, não existe dúvidas que nenhum local do Brasil existe concentração maior de boabá num local como existe na Fazenda Curralinho, em Assu, uma antiga fazenda do município.
Ele disse que quando puder vai procurar ajuda da Universidade Federal Rural do Semi-Árido para fazer um catálogo destas arvores, registrar cientificamente e buscar o reconhecimento por lei. Ele acredita que o local (Fazenda Curralinho) é um local de ensino natural, que já está sendo usado para este fim por muitos professores em suas aulas de campo.