Pesquisadores da Fiocruz de Pernambuco confirmaram a presença do vírus zika em pacientes diagnosticados com a síndrome de Guillain-Barré, doença neurológica rara e paralisante cujo aumento recente de casos também tem intrigado especialistas.
O resultado acende um alerta sobre o alto risco de complicações graves associadas à infecção pelo zika. Até recentemente, o vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, era considerado de menor perigo e de efeitos mais brandos.
Hoje, além da síndrome de Guillain-Barré, o país enfrenta um surto de casos de recém-nascidos com microcefalia, condição caracterizada pela má-formação do cérebro e que pode trazer limitações ao desenvolvimento da criança.
"É um reforço de que a zika tem a ação no sistema nervoso central", diz o pesquisador Carlos Brito, que participou da pesquisa.
Foram colhidas amostras de sangue e de líquido da medula de oiti pacientes atendidos no Hospital de Restauração, em Recife, referência no tratamento de doenças neurológicas.
Em comum, todos relataram manchas vermelhas e dores no corpo, sintomas características do zika, dias antes de terem o quadro agravado por outras complicações. Desses, seis receberam o diagnóstico de Guillain-Barré.
A situação chamou a atenção da neurologista Maria Lúcia Brito Ferreira, que estranhou o crescimento súbito de casos da síndrome e encaminhou as amostras à Fiocruz.
"No ano passado, tive 14 casos no hospital. Só até junho, já eram 40", relata a médica.
O Ministério da Saúde diz que as investigações sobre a possível relação entre o zika vírus e complicações raras continuam. A pasta considera que é preciso resulado de mais exames para chegar a uma conclusão.
O zika vírua já tem circulação confirmada em 18 Estados brasileiros.