26 ABR 2024 | ATUALIZADO 12:53
MOSSORÓ
Por Josemário Alves
27/11/2015 16:08
Atualizado
12/12/2018 13:15

Após acordo, estudantes desocupam Prefeitura; Todos ganharam, diz prefeito

Estudantes reivindicavam, dentre outras pautas, a redução da tarifa dos transportes coletivos, que subiu de R$ 2 para R$ 3 no início da semana, após decreto do poder executivo.
Josemário Alves

Os estudantes que estavam acampados na prefeitura de Mossoró desde a última terça-feira (24), entraram em acordo e decidiram desocupar o Palácio da Resistência na tarde desta sexta (27), após 78 horas de protesto.

Os estudantes reivindicavam, dentre outras pautas, a redução da tarifa dos transportes coletivos, que subiu de R$ 2 para R$ 3 no início da semana, após decreto do poder executivo.

Segundo o prefeito Francisco José Júnior, além da redução da passagem para R$ 2,80, ficou acordado, entre estudantes e prefeitura, diversas outras pautas da categoria, como retorno da bilhetagem eletrônica em 30 dias, garantia dos ônibus nas universidades até o final das aulas e o retorno imediato do sistema de integração.

“Entramos em acordo com os estudantes que, pacificamente, ocuparam a sede da Prefeitura. O movimento decidiu deixar as dependências do Palácio da Resistência após atendermos praticamente 90% dos pontos da pauta apresentada”, declarou o prefeito.

(Foto: Assessoria)

“Apesar de não termos chegado a um consenso quanto ao valor da tarifa do transporte coletivo, revogamos o decreto anterior e autorizamos a redução do valor para R$ 2,80, em respeito à classe estudantil e aos movimentos sociais que reivindicam melhorias no sistema de mobilidade urbana. Com essa mobilização, todos saíram ganhando”, concluiu Francisco José Júnior.

De acordo com Cláudio Palheta, integrante do Movimento Pau de Arara, a manifestação foi positiva e trouxe bons resultados.

“A gente entrou em acordo em alguns pontos, como o número de ônibus em Mossoró, a rota, o respeito ao horário das universidades, tudo isso foi garantido por uma pauta que a gente sentou, negociou, assinou e protocolou junto ao prefeito e ao seu secretariado”, informou ao MOSSORÓ HOJE.

Veja vídeo.

Entretanto, ele destacou que a luta vai permanecer em prol da redução da passagem.

“Nós achamos que o valor máximo em que um trabalhador, uma trabalhadora e um estudante em Mossoró pode pagar é R$ 2,40 pelo serviço que é prestado. A gente ficou em desacordo nesse ponto e mantém a mobilização permanente, cobrando a diminuição da passagem”, concluiu o militante.

Também foi acordado entre os estudantes e a prefeitura, a criação do Fórum de Mobilidade Urbana, que visa discutir melhorias e instituir o Conselho Municipal de Mobilidade Urbana.

"O reajuste na tarifa é necessário para equilibrar o sistema de transporte", diz secretário

De acordo com o secretário de Mobilidade Urbana de Mossoró, Charlejandro Rustayne, o reajuste no preço da passagem dos ônibus foi necessário para manter o sistema de transporte coletivo funcionado.

A declaração foi dada ao MOSSORÓ HOJE no último dia 18 de novembro, antes da publicação do decreto municipal.

“O reajuste na tarifa é necessário para equilibrar o sistema de transporte público. Quanto ao valor, esclarecemos à população que o município tem especificidades que interferem no cálculo, como o preço mais elevado do combustível e o número reduzido de usuários de ônibus. As medidas visam tornar viável a manutenção do sistema”, disse o secretário.

Na época, o gerente de transporte Luiz Correia, explicou que a Universidade Federal do Rio Grande do Norte fez um estudo e detectou que 75% da população de Mossoró anda no vermelho, ou seja, custeia o transporte próprio (carro e moto) ferindo o orçamento familiar, porque a cidade não dispunha de um bom serviço de transporte público coletivo. “Nosso objetivo é oferecer este transporte público bom”.

O subsecretário de Mobilidade Urbana do município, Francidaule Amorim, disse também que, diante deste quadro e o fato de que a empresa que explorava o transporte público em Mossoró atuava ilegal, o atual gestor Francisco José Júnior adotou uma série de medidas, tal como legalizar e organizar o sistema de taxi e moto táxi, e os transportes alternativos de outras cidades, para permitir o retorno do transporte coletivo.

A projeção, conforme Francidaule Amorim, é colocar pelo menos 41 linhas dentro de toda a cidade, considerando o resultado de um estudo minucioso feito na cidade.

Para instalar o transporte público coletivo, Francidaule Amorim disse que emergencialmente foi atraído para Mossoró a empresa Ocimar Transportes, que colocou à disposição mais de 30 ônibus (novos e seminovos) para circular na cidade. Entretanto, neste mesmo período, ocorreu a greve das universidades e os ônibus perderam mais de 1,5 mil usuários.

Operando no vermelho e com várias linhas dando prejuízo, a empresa Ocimar Transportes cogitou, inclusive, ir embora. Sem receber salários, os motoristas dos ônibus fizeram greve. Diante do quadro, os vereadores realizaram Audiência Pública e chamaram a empresa Ocimar.

Nesta audiência, a Ocimar apresentou na Câmara Municipal apontando os prejuízos em função dos autos custos de manutenção da frota (combustível, mecânico, salários dos motoristas, impostos) e o faturamento baixo devido ao preço da passagem ser apenas R$ 2,00.

Apontou como problemas também cerca de 12 mil usuários gratuitos, que são idosos e portadores de deficiência, assim como também a meia entrada dos estudantes. “Instalamos a identificação facial e descobrimos que pelo menos 6 mil usuários que se diziam idosos e portadores de deficiência (tinha a carteira) eram fraudes”, acrescentou Francidaule Amorim.

Licitação de menor preço prevê contratação de nova empresa para Mossoró

O subsecretário Francidaule Amorim disse que logo no início de dezembro (dia 2) a Prefeitura Municipal de Mossoró vai estar realizando a licitação pública para conceder a uma empresa de transportes urbanos o direito de explorar o serviço de transportes urbanos em Mossoró pelos próximos dez ou vinte anos, legalmente. Pelo menos 6 empresas já demonstraram interesse.

Francidaule disse que o contrato temporário foi importante, pois permitiu um grande aprendizado. O preço máximo da tarifa para o novo contrato é R$ 3,20. As empresas que vão concorrer, para vencer, vão apresentar valores mais baixos. O resultado final é imprevisível, pois pode ocorrer de uma empresa ou mais recorrer à Justiça.

Notas

Publicidades

Outras Notícias

Deixe seu comentário