A Polícia Federal (PF) realizou a Operação Sequaz, nesta quarta-feira (22), para prender membros do Primeiro Comando da Capital que pretendiam matar o ex-juiz e hoje senador da república Sérgio Moro e também o promotor de justiça Lincoln Gakiya, de São Paulo.
O que teria levado o PCC a ordenar um levantamento para fins de sequestro, extorsão e assassinato de autoridades teria sido a decisão de transferir o principal líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, de uma unidade estadual para uma unidade federal.
“Entendo que há conexão entre a remoção de Marcola [de Porto Velho para Brasília], no início de 2019, e os fatos de hoje. O isolamento do Marcola trouxe muito prejuízo financeiro para eles, além de gerar uma guerra interna [no PCC]”, explicou Gakiya a CNN.
Esta decisão partiu do ex-ministro Sérgio Moro e hoje senador da república, na gestão de Bolsonaro. Sérgio Moro saiu do governo Bolsonaro pouco tempo depois, alegando interferência na Polícia Federal por parte de Bolsonaro e seus filhos.
Já com relação ao promotor de justiça Lincoln Gakiya, é porque ele tem investigado as ações do PCC desde o início dos anos 2000. Inclusive, teria sido Gakiya que teria avisado ao ministro Sérgio Moro, que ele seria alvo de ação do PCC. Em função deste avisão, Moro conseguiu escolta da polícia legislativa e também o início da investigação da Polícia Federal.
Além de Sérgio Moro, a esposa dele, Rosângela Moro, que é deputada federal, também estava na lista de autoridades para sofrer ataques promovidos pelo PCC.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, comentou a operação da Polícia Federal. Segue trecho transcrito pela Rede CNN.
“Mas o que nós fizemos foi, cumprindo a lei, proteger a vida do nosso adversário. É importante ter isso claro. Se nós não tivéssemos agido, aí sim poderia haver alguma ilação. Mas a Polícia Federal agiu de modo exemplar, e faço questão de assinalar que foi uma decisão da Polícia Federal atuar de modo exemplar”, disse o ministro Dino.
Os investigadores da Polícia Federal identificaram que os alvos estavam cinco unidades federativas: Rondônia, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Pelo menos 10 criminosos estavam monitorando dia e noite dos alvos.
Em nota, a Polícia Federal informou: “Os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea, e os principais investigados se encontravam nos estados de São Paulo e do Paraná”, informou. Os principais alvos, Sérgio Moro, Lincoln Gakiya e Rosângela Moro.
A ação contou com a participação de 120 policiais federais para o cumprimento de 24 mandados de busca e apreensão, sete mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e no Paraná. Ao menos nove alvos investigados foram localizados, presos e colocados em isolamento total.
A Operação Sequaz também foi elogiada, no Twitter, pelo senador Sérgio Moro, que seria um dos alvos dos ataques. Segundo ele, o grupo criminoso em questão seria o PCC, que teve algumas das lideranças transferidas para presídios federais durante sua gestão à frente do Ministério da Justiça. Moro fez pronunciamento na Tribuna do Senado sobre os planos do PCC para matar ele e a mulher, além do promotor Lincoln Gakiya.
O nome da operação - Sequaz - refere-se ao ato de seguir, vigiar, acompanhar alguém, devido ao método utilizado pelos criminosos para fazer o levantamento de informações das possíveis vítimas.