O município de Serra do Mel-RN foi projetado na década de setenta, início dos anos oitenta para ser a motor de desenvolvimento da região oeste do Rio Grande do Norte através da produção de castanha, mas não teve o apoio estrutural, com políticas públicas continuada para alcançar o objetivo para qual foi criado. Faltaram fábricas de suco do pedúnculo do caju e de beneficiamento da castanha, para agregar valores em benefício dos cajucultores.
O idealizador da Serra do Mel, o então governador Cortez Pereira, instalou 22 vilas rurais com os nomes de estados e uma administrativa, que se chama Vila Brasília.
Nas vilas rurais, foram plantados 2,4 milhões de pés de cajueiros “gigantes. Porém, a seca de 2012 a 2017 e surgimento de pragas, como “broca do tronco”, “mosca-branca”, “traça da castanha”, “Oídio” e “Antracnose” praticamente transformou em deserto as áreas de produção de castanha e de caju no município de Serra do Mel.
O pesquisador Francisco Vidal, da Embrapa do Ceará, desenvolveu uma espécie de cajueiro resistentes a pragas que produzem mais, com o nome de BRS 555. As pesquisas foram realizadas no Piauí (PI), segundo maior produtor do Brasil, Ceará (CE), que ocupa o primeiro lugar e também no Rio Grande do Norte, o qual é o terceiro em produção de castanha. O Ceará e o Piauí saíram na frente, substituindo suas copas no período de 2008 a 2014. Já produzem em seus pomares em escala industrial com o cajueiro anão (BRS 55).
A substituição da copa dos pomares de cajueiros do Rio Grande do Norte, em especial na Serra do Mel, foi prejudicada pela seca de 2012 a 2017. Com o apoio técnico da Embrapa, SEBRAE e também do SENAR, os colonos da Serra do Mel, a exemplo dos demais, conseguiram substituir quase que 100% da copa do cajueiro, voltando ao mercado após o ano de 2020, sendo impulsionados, também, pelo preço do quilo da castanha in’natura de R$ 7,5 reais.
Com o inverno deste ano de 2023, esperava-se uma safra recorde, “mas não é o que vai acontecer”, diz Orlando Eduardo Queiroz de Azevedo, engenheiro-agrônomo da SENAR, que há 3 anos orienta os produtores da Serra do Mel no cultivo do cajueiro anão. Ele explica que muitos produtores não limparam e nem fizeram a copa dos pomares, porque o preço do quilo da castanha in’natura caiu pela metade no mercado local.
Em entrevista exclusiva ao MOSSORÓ HOJE, Orlando Eduardo e o vereador e produtor Thiago Freitas (Vila Rio de Janeiro), destacaram que o município de Serra do Mel precisa de investimento de grande porte para aproveitar o pedúnculo. Segundo Thiago Freitas, atualmente se perde mais de 95% do caju da Serra do Mel. Só aproveita a castanha.
“Não faz sentido este desperdício todo, pois o pedúnculo tem alto poder nutritivo, pelo menos 4 vezes superior ao da laranja. É preciso desenvolver uma campanha para que a população passe a consumir o caju, passe a tomar o sujo e outras iguarias, para não ser aproveitado pedúnculo que hoje fica jogado no chão dos pomares”, explica Orlando Eduardo.
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