A diplomacia brasileira trabalha para votar, ainda nesta segunda-feira (16), uma resolução no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) determinando a criação de um corredor humanitário na Faixa de Gaza.
Esse corredor serviria para retirar estrangeiros, mulheres, idosos e crianças da região – governada pelo grupo terrorista Hamas e alvo de retaliação de Israel após os bombardeios da última semana.
Atual presidente do colegiado, o Brasil foi instado pelos demais países a costurar um texto de consenso. As negociações avançaram ao longo do fim de semana, com base em uma versão prévia da proposta russa veiculada na última sexta-feira (13).
A eventual aprovação de uma resolução nesse sentido seria um fato histórico. A expectativa é de um cessar-fogo temporário para a retirada de pessoas vulneráveis da região conflagrada e o envio de ajuda humanitária aos moradores de Gaza.
Segundo apurou a TV Globo, o texto intermediário já está "in blue" – o que, no jargão diplomático, significa que há consenso sobre os principais pontos e poucas pendências (em geral, os trechos não confirmados entram no rascunho "in red", ou seja, em vermelho).
O Conselho de Segurança se reuniu no fim da última semana, mas não chegou a um acordo nesse sentido.
Em busca do consenso
A equipe brasileira na presidência rotativa do Conselho de Segurança trabalha para fechar um acordo que leve ao cessar-fogo e ao corredor humanitário.
As negociações, no entanto, vão além da parte prática. De um lado, há pedidos dos Estados Unidos e da Europa para que o texto condene o Hamas; do outro, Rússia e China não abrem mão de criticar o que classificam como uma "reação excessiva" de Israel.
A fala do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenando qualquer operação de invasão do território de Gaza deve ajudar as negociações da equipe brasileira que comanda o Conselho de Segurança da ONU.
A princípio, há consenso no Conselho de Segurança de criar o corredor humanitário para levar água, comida e medicamentos para Gaza, mas não sobre o uso do corredor para ser uma rota de fuga.
Estrangeiros, crianças e mulheres poderiam sair, a princípio – mas o Egito não quer se transformar em um local para receber palestinos em massa.
Até a manhã desta segunda, famílias de diferentes nacionalidades, incluindo brasileiras, aguardavam em prédios próximos à fronteira da Faixa de Gaza com o Egito por um acordo que permitisse a travessia.