O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que deixou a prisão depois de três meses e volta ao Senado ainda nesta semana, estuda tirar uma licença de até 120 dias, já avisou que não admitirá ter seu mandato cassado e mandou um recado aos seus pares que entraram no Conselho de Ética do Senado com processo de cassação contra seu mandato.
"Se me cassarem, levo metade do Senado comigo", afirmou o senador a interlocutores. A frase foi entendida como uma ameaça de que está dicidido a entregar seus colegas caso lhe tirem a cadeira parlamentar.
Uma das maiores preocupações do senador é ter o mandato cassado porque, com isso, ele perderia o chamado foro privilegiado e seu caso iria parar nas mãos do juiz Sérgio Moro, do Paraná, que tem sido célere em suas decisões envolvendo réus da Operação Lava Jato.
O processo de cassação contra o senador foi aberto no Conselho de Ética da Casa após representação feita por dois partidos, Rede Sustentabilidade e o PPS, e está sob a relatoria do senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO).
Na semana passada, os advogados de Delcídio protocolaram a defesa prévia no Conselho de Ética do Senado e entraram com um pedido de impedimento do relator, Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), alegando falta de isenção.
Diante disso, o presidente do Conselho, João Alberto (PMDB-MA), disse que convocaria reunião na terça ou na quarta-feira para os membros do Conselho decidirem se mantêm ou não Ataídes como relator do processo. Se votarem pela impugnação do relator, o prazo para apresentação do relatório é suspenso e um novo sorteio para relator, feito.
Situação semelhante aconteceu com o ex-deputado Roberto Jeferson, ex-presidente do PTB e delator do mensalão, e do atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ambos ameaçaram seus pares em caso de cassação.