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MOSSORÓ
Cezar Alves
18/03/2016 12:50
Atualizado
13/12/2018 01:02

HRTM opera com pelo menos 20 pacientes nos corredores

Para abrir 36 novos leitos e esvaziar o corredor, diretor disse que precisa de insumos, oxigênio, camas, armários, medicamentos e providenciar refrigeração e mais servidores para o HRTM
Cezar Alves

O MOSSORÓ HOJE entrou no Hospital Regional Tarcísio Maia, em Mossoró, e constatou com imagens e depoimentos a situação de desespero e mortes por falta de espaço, respiradores e profissionais de saúde como técnicos de enfermagem e enfermeiros.

Há solução para o problema da falta de espaço dentro do próprio hospital. A Maçonaria está concluindo 36 novos leitos, que se hoje fossem abertos, deixariam o corredor do HRTM completamente vazio. Os novos leitos precisam ser equipados e de pessoal.

Nesta sexta-feira, 18, no corredor principal havia pelo menos 20 pessoas, a grande maioria idosos acometidos de viroses e outros tipos de doenças. Havia pacientes graves precisando de exames de tomografia para tratar de Acidente Vascular Cerebral.

É o caso de Maria Zélia de Oliveira Nolasco, de 56 anos. Ela está no corredor principal do HRTM desde quarta-feira, vítima de um AVC. “Não foi feito nem a tomografia que foi solicitada pelo médico no dia que chegou ao hospital”, diz a acompanhante ao MOSSORÓ HOJE.

A Supervisão Hospitalar confirmou a informação e explicou que o tomógrafo do HRTM está fora de uso desde novembro de 2015 e que os exames de tomografia estão sendo feitos em três clínicas contratadas pelo Governo do Estado em Mossoró.

Atualmente, apenas o Hospital Wilson Rosado está fazendo este tipo exame. Porém, para que isto aconteça é preciso toda uma logística. Primeiro é preciso conseguir a vaga para fazer o exame. Segundo é preciso consegui ambulância do SAMU para levar e trazer o paciente.

A Supervisão explicou que atualmente são 4 pacientes, sendo dois em estado grave aguardando por exames de tomografia. Um já foi para o Centro Cirurgico, pois estava colocando sangue pelos ouvidos. O outro, também com hemorragia, aguarda.

A filha de Maria Zélia, que é de Tibau, disse que não tem previsão de quando vai conseguir a vaga para fazer o exame no Hospital Wilson Rosado e retornar para fazer o tratamento indicado pelo neurologista no Hospital Regional Tarcísio Maia.

A dona de casa Francisca Edjane, que estava acompanhando uma paciente com uma doença infecciosa disse que já viu mais de 30 pessoas no corredor principal do HRTM. “Aqui é um desespero de gente chegando e outros para sair daqui”, disse a dona casa.

Eudson Marques, que havia acabado de chegar ao HRTM com o pai reclamando de dores, disse que o odor era insuportável tanto no corredor como nas duas enfermarias (repousos masculinos e feminino). “Não sei como aguentam ficar aqui à noite”, declara.

O diretor do Hospital Regional Tarcísio Maia, Jarbas Mariano, confirma que realmente o HRTM está atuando com mais ou menos 20 pacientes nos corredores e que os servidores estão fazendo de tudo e mais um pouco para atender a todos. “São todos guerreiros”, disse.

Jarbas Mariano também confirmou que existe fila e dificuldades para se fazer os exames de tomografia de pacientes graves nas clinicas contratadas fora do HRTM. Pede a compreensão dos acompanhantes dos pacientes para com os servidores do HRTM. “Eles não têm culpa”, diz.

 

Solução para a falta de espaço e recursos humanos


A Maçonaria fez um sorteio de um carro entres amigos, arrecadou cerca de R$ 300 mil e está concluindo 36 novos leitos de enfermaria no HRTM. Para colocar em funcionamento, segundo o diretor Jarbas Mariano, é preciso a Secretaria Estadual de Saúde enviar insumos, oxigênio, camas, armários, medicamentos e providenciar refrigeração e mais servidores para o HRTM.

No caso de concluir estes leitos (98% concluídos), o diretor Jarbas Mariano disse que o corredor do HRTM hoje seria esvaziado. Todos teriam um local mais confortável para serem tratados e se recuperar. Ele acrescenta que precisa equipamentos e pessoal.

Sobre o pessoal, o secretário Ricardo Lagreca disse que é preciso fazer um debate intenso sobre aproveitamento da mão de obra dos servidores da saúde. Ele destacou que em Mossoró o Hospital da Policia Militar não interna pacientes desde 2015 e tem 49 servidores.

Outro caminho para otimizar e melhorar o atendimento de saúde no Rio Grande do Norte era estruturar bem os oito hospitais regionais e repassar os outros 14 para os municípios. Esta proposta já foi aprovada pelo Conselho e pelo governador Robinson Faria.

MPRN e OAB Mossoró

A Promotoria de Justiça de Mossoró já foi informada do quadro grave. O presidente da Ordem dos Advogados de Mossoró, Canindé Maia, também foi informado do quadro no HRTM. Ele disse que tem um advogado que é médico que está fazendo um relatório completo, com video e fotos. Não informou quando este trabalho será concluído.

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