16 SET 2024 | ATUALIZADO 15:02
NACIONAL
Da redação / Valor Econômico
24/03/2016 06:39
Atualizado
14/12/2018 08:17

Odebrecht trata políticos brasileiros por apelidos em planilha

Os documentos, apreendidos em um endereço de um executivo da empreiteira na 23ª fase da Lava Jato, mostram dados de repasses que os investigadores apuram se foram doação eleitoral ou propina
O Globo

As planilhas de pagamentos da construtora Odebrecht a cerca de 200 políticos encontradas pela Polícia Federal e que vieram a público nesta quarta-feira (23) trazem "codinomes" curiosos para alguns dos envolvidos, além de cargo, cidade, partido e empresa de origem do repasse.

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Os documentos, apreendidos em um endereço do executivo da empreiteira Benedicto Barbosa Júnior na 23ª fase da Lava Jato, em 22 de fevereiro, mostram dados de repasses que os investigadores apuram se foram doação eleitoral ou propina, em uma espécie de contabilidade paralela da empresa.

O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por exemplo, tem o apelido de "Caranguejo" nos documentos. Nesta quarta, ao comentar as listas, ele disse que desconhecia a origem do apelido. "Não sei o que quiseram dizer com isso. Quem apelidou é quem tem que dizer", afirmou.

Além de Cunha, há uma série de outros peemedebistas com apelidos. O ex-senador e ex-presidente José Sarney (AP) é chamado de "Escritor" - ele também é membro da Academia Brasileira de Letras. Ao prefeito do Rio, Eduardo Paes coube o codinome "Nervosinho". "Proximus" é como é apelidado o ex-governador fluminense Sérgio Cabral, também do PMDB.

Outro político do Estado, o deputado estadual Jorge Picciani, do mesmo PMDB, leva a alcunha de "Grego". Também recebem codinomes os senadores petistas Lindbergh Farias (RJ), o "Lindinho", apelido pelo qual é conhecido, e Humberto Costa (PE), o "Drácula".

Outros apelidos curiosos na planilha da Odebrecht são os da hoje deputada estadual Manuela d"Ávila (PCdoB-RS) - conhecida como "Avião"-, o do deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), o "Bruto", o do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), apelidado de "Pastor", e o de Jarbas Vasconcelos Filho, o "Viagra".

Há, ainda, alcunhas para políticos menos conhecidos nacionalmente. Daniel Almeida (PCdoB-BA) é o "Comuna"; o também baiano Edvaldo Brito, "Candomblé"; o deputado estadual gaúcho Adão Villaverde (PT) é "Eva". Nelson Pelegrino (PT-BA), o "Pelé".

Acesse a lista completa da Odebrecht

Sigilo
O juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Lava-Jato, decretou o sigilo dos autos que contêm as planilhas da Odebrecht - que eram públicos até a manhã desta quarta-feira. Em despacho, ele intima o Ministério Público Federal que se manifeste "com urgência" sobre o envio do documento ao Supremo Tribunal Federal. "Para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado", afirmou o juiz.

Recursos
Ainda não é possível afirmar se as doações foram feitas legalmente ou por meio de caixa 2. Outros documentos descobertos pela Lava-Jato indicam que alguns desses repasses possam ter sido feitos sem o conhecimento da Justiça Eleitoral.

A soma dos valores relacionados aos políticos é de “R$ 55,1 mil”, mas a quantidade de nomes e o patamar de gastos das campanhas eleitorais sugerem que a quantia possa ser, na verdade, de R$ 55,1 milhões.

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