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NACIONAL
Da redação / UOL
28/03/2016 11:19
Atualizado
14/12/2018 08:56

Lava Jato: Propina bancou compras de luxo a mulher e filha de Eduardo Cunha

Segundo as denúncias, os gastos de Claudia Cruz e Danielle Dytz foi realizado no período de dezembro de 2012 e julho de 2015, com marcas famosas contabilizaria algo em torno de R$ 345 mil.
Pedro Ladeira / Folhapress

A força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, começa a investigar novas denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que aponta que compras de luxo feitas pela mulher e filha do deputado, no exterior, "foram pagos com parte do dinheiro de propina".

Segundo as denúncias, os gastos de Claudia Cruz e Danielle Dytz da Cunha Doctorovich foi realizado no período de dezembro de 2012 e julho de 2015, com marcas famosas de grifes internacionais e contabilizaria algo em torno de US$ 86 mil (equivalente hoje a cerca de R$ 345 mil).

Cláudia e Danielle estão sob a tutela do juiz federal Sergio Moro. O próprio Eduardo Cunha já foi denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro perante o Supremo Tribunal Federal. Como não são detentoras de foro privilegiado, Claudia e Danielle agora estão sob investigação dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato.

Em janeiro de 2014, durante uma estadia em Paris, Claudia Cruz gastou US$ 17.483,84 em três dias. Foram US$ 7.707,37 na loja da Chanel, US$ 2.646,05 na Christian Dior, US$ 4.184,94 na Charvet Place Vendôme e US$ 2.945,48 na Balenciaga.

"Todos estes valores foram pagos com parte do dinheiro de propina recebido por Eduardo Cunha", diz a denúncia sobre os valores relacionado ao próprio presidente da Câmara, sua mulher e sua filha. "As despesas pagas em cartão de crédito com as quantias ilícitas recebidas podem se verificadas nos extratos dos cartões de créditos da Corner Card. Referidos extratos demonstram despesas completamente incompatíveis com os lícitos declarados do denunciado e de seus familiares."

Segundo a Procuradoria-Geral da República, Claudia Cruz e Danielle Dytz se favoreceram de valores de uma propina superior a US$ 5 milhões que Eduardo Cunha teria recebido "por viabilizar a aquisição de um campo de petróleo em Benin, na África, pela Petrobras".

A investigação aponta que Cláudia Cruz é a única titular da conta Kopec, na Suíça - pela qual "transitou dinheiro ilícito". Desta mesma conta aparece como beneficiária do cartão de crédito, segundo a Procuradoria, Danielle Dytz. A denúncia sustenta que o rastreamento do cartão de crédito mostra gastos sequenciais de grandes valores em restaurantes, hospedagens e viagens ao exterior.

Na terça-feira, 15, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu mandar para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba, o processo na Lava Jato contra Cláudia Cruz e Danielle Dytz. A determinação atendeu a uma manifestação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sob a justificativa de que elas não têm foro privilegiado para serem investigadas pelo Supremo.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu denúncia contra Cunha, em 4 de março pelo recebimento de propina na Suíça, em valor superior a R$ 5 milhões, por viabilizar a aquisição de um campo de petróleo em Benin, na África, pela Petrobras. Segundo a acusação, o dinheiro é fruto de corrupção e houve lavagem de dinheiro.

A denúncia sustenta que Cunha atuou para garantir a manutenção do esquema ilícito na Diretoria Internacional da Petrobras e para facilitar e não colocar obstáculos na aquisição do Bloco de Benin.

O bloco foi adquirido da Compagnie Béninoise des Hydrocarbures Sarl (CBH), por US$ 34,5 milhões (R$ 138.345 milhões). A acusação aponta que Cunha era um dos responsáveis do PMDB pela indicação e manutenção do então diretor da Área Internacional no cargo, Jorge Zelada, e por isso recebia um porcentual dos negócios.

O processo foi transferido do Ministério Público Suíço para a Procuradoria-Geral da República do Brasil considerando que o deputado é brasileiro, está no país e não poderia ser extraditado para a Suíça. Além disso, como a maioria das infrações foi praticadas no Brasil, a persecução penal será mais eficiente no território nacional. Para a Procuradoria-Geral, a documentação enviada pela Suíça permite compreender todo o esquema.

Outro lado
"A parte da investigação referente a Claudia Cruz foi remetida ao primeiro grau e está sob sigilo, razão pela qual não podemos tratar do mérito. Porém, esclarecemos que Claudia Cruz nada tem a ocultar, já apresentou as declarações de seus bens e está à disposição da justiça pra esclarecer tudo o que for necessário, já que não praticou delito algum", disse a defesa da mulher de Cunha.

Os advogados que defendem Danielle Dytz não retornaram contato feito pela reportagem. Em 8 de março, em petição ao Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa de Danielle sustentou que a filha de Eduardo Cunha "é apenas indicada como beneficiária da conta Kopek, cuja titularidade é atribuída a sua madrasta, e que teria sido, segundo a acusação, alimentada com valores transferidos a partir de outras contas controladas por seu pai".

Cláudia Cruz
Cláudia estudou no Instituto Superior de Educação do Rio e concluiu, em 1984, curso de preparação de professores. Em 1985, venceu o concurso Miss América Futebol Clube. Em seguida, ficou em segundo lugar no Miss Rio, em um concurso transmitido pelo SBT.

Nos anos 90, Cláudia virou apresentadora do "Fantástico" quando, em dezembro de 1996, soube que estava grávida de Cunha pouco após assumir publicamente seu relacionamento com o político. A então global já tinha uma outra filha, com o ex-diretor da emissora, Carlos Amorim. Cunha tinha outros três.

Transferida para o RJTV, ela noticiou a demissão do marido da presidência da Companhia Estadual de Habitação - ele foi acusado de fraudes em licitações. No ano seguinte, deixou a emissora e, em 2010, fechou um acordo com a Globo, no qual recebeu R$ 3,4 milhões. Antes de deixar o jornalismo, trabalhou na Record.

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