As gigantes de bebidas Ambev, Coca-Cola Brasil e Pepsico anunciaram hoje conjuntamente mudanças no portfólio de bebidas fornecidas para escolas no país. A partir de agosto, as companhias passarão a vender nas escolas apenas água mineral, suco com 100% de fruta, água de coco e bebidas lácteas que atendam a critérios nutricionais específicos. Saem da lista de distribuição os refrigerantes e refrescos.
A ação será voltada a escolas para crianças de até 12 anos de idade, ou com maioria de crianças até essa idade. As companhias informaram que a mudança na oferta de produtos leva em conta “diretrizes de associações internacionais de bebidas” e faz parte dos esforços para o combate à obesidade infantil.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14,3% das crianças com idades entre 5 e 9 anos no Brasil são obesas.
De acordo com as empresas, crianças abaixo de 12 anos não têm maturidade suficiente para tomar decisões de consumo. O interesse das empresas é “contribuir para uma alimentação mais equilibrada e estimular a hidratação e a nutrição”.
Na semana passada, a Comissão de Seguridade Social e Família aprovou o projeto de lei do deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) que proíbe a venda de refrigerantes nas escolas de educação básica públicas e privadas. O projeto será examinado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e depois segue para votação em plenário na Câmara dos Deputados. Em países como Reino Unido, França, México e Chile a venda de refrigerantes nas escolas já é proibida.
A quantidade de açúcar contida em uma lata de 355 ml de refrigerante gira em torno de 36 gramas, uma quantidade que extrapola o volume máximo diário recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 25 gramas.
A ação das companhias vai valer para escolas que compram diretamente das fabricantes e de seus distribuidores. Escolas que compram em outros pontos de venda também serão alvo de uma ação de sensibilização, segundo as companhias. A Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir) trabalha em conjunto para tentar envolver outros fabricantes do setor.
De acordo com dados do Ministério da Educação, existem no Brasil 27,8 milhões de crianças matriculadas no ensino fundamental. Desse total, 15,7 milhões têm idade inferior a 10 anos. Do total, 18% estão em escolas privadas e 82% em escolas públicas.
A mudança tira das empresas um canal importante de distribuição de refrigerantes, no momento em que a categoria apresenta retração. Dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal, indica queda de 3,7% na produção de refrigerantes no país no acumulado de janeiro a maio, para 5,84 bilhões de litros. A redução na oferta de refrigerantes nas escolas pode ajudar a estimular as vendas de sucos, categoria que no ano passado registrou queda de 3,7% em vendas no país, por conta da crise econômica, de acordo com dados na Nielsen.